40. Exílio

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-Onde estamos agora? - A voz de Linda foi ouvida ecoando em total escuridão.

- Não sei, mas não acho que seja no Salão Circular. - deduziu Fleim. - Ei,este é meu olho!!

- Desculpe, eu não estou vendo nada. - Linda recolheu o braço.

- E que cheiro é esse? - Fleim tampou o nariz instintivamente.

- É o cheiro de Adama. - Zeck respondeu de pronto.

- Esperem um pouco. - Fleim levantou a mão e uma luz azulada brilhou sobre eles. - Muito melhor assim.

Os três olharam ao redor para tentar identificar seu paradeiro, mas a área iluminada por Fleim não era tão grande assim. Ao menos puderam notar que estavam pisando um chão de madeira de um lugar espaçoso com um teto bem alto.

- Eu acho que eu sei onde estamos! - Exclamou Linda. - É no

- SAIAM - a poderosa voz ordenou no vazio ao mesmo tempo que uma grande porta abria-se diante deles deixando que um mundarel de luz expulsasse a escuridão. Após permitirem alguns segundos para que seus olhos se acostumassem à bem-vinda claridade, eles caminharam para a abertura para darem uma olhada lá fora.

Aparentemente estavam no alto de uma colina entre duas montanhas quebradas e pontiagudas,uma maior do que a outra, olhando para uma planície árida e pedregosa, com alguns brotos de árvores esparsas e um lago ao longe, ao redor do qual podia-se notar a mancha verde de grama lutando para sobreviver naquele ambiente hostil.

O céu era ainda azul, de um azul diferente, um pouco mais pálido. Diferente também era o sol no meio dele e o ar, mais pesado e menos agradável.

- Definitivamente não é Allakelion - lamentou-se Fleim.

- Bem, não está tão mal como eu imaginava. - Linda disse, apontando. - Eu tenho certeza de que, daqui há algum tempo, as plantas vão voltar a crescer, e alguma beleza poderá ser vista neste lugar.

- Como você tem tanta certeza? - Fleim olhou para ela. A garota apertou o medalhão no peito.

- Foi Yadashel quem fez isso. E se tem alguém que pode tirar beleza das coisas feias, é ele.

Fleim gostou daquilo e se sentiu mais otimista. Zeck nada falava, só olhava.

- Qual é a missão então? - Linda perguntou em seguida.

- Encontrar o tratado, eu acho. - Respondeu Fleim - Eu só não sei por onde começar.

- Que tal por aquele círculo de altares na beira do lago? - Zeck resolveu falar, apontando para meia dúzia de pilhas de pedra sobre as quais algo queimava, formando colunas de fumaça que ganhavam as alturas.

- Para os altares, então! - Fleim disse dando um passo para fora e sentindo uma dose de adrenalina por estar mais uma vez pisando em Adama.

Os três desceram juntos a rampa da grande embarcação, em direção aos altares. Só cinzas jaziam sobre as pilhas quando chegaram, o que indicava que os sacrifícios já estavam queimando há um bom tempo. Cinzas e as colunas de fumaça que perdiam-se no céu. Elas exalavam um aroma doce, agradável como incenso, no lugar do esperado cheiro de carne queimada.

- Gente, o Livro! - Zeck apontou para a bolsa de onde vazava luz. Mais do que depressa, Fleim a abriu, apanhou o grande volume e leu as novas linhas.

- Eu sabia que isto tinha cheiro de tratado! - ele apontou para uma parte do texto - Yadashel mais uma vez nomeou os homens como senhores dos animais e disse que eles podem... comê-los!

- Comer os bichinhos?!! - Linda fez uma careta. - Que horror!!

- Por que ele iria permitir algo assim? - Zeck o olhava com olhos esbugalhados.

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