33. Ferrugem

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A princípio, tudo parecia igual, com exceção do mehlak, que havia desaparecido. Então eles notaram que o vaporzinho translúcida de um leve tom de ferrugem saía não somente do fruto agora mas da árvore também. A partir de onde estavam, ele formava uma trilha que atravessava para a outra margem do rio e seguia quase em

linha reta até sumir atrás de uns arbustos altos.

- Eu não gosto disso. - Linda gemeu.

- Acho que nenhum de nós gosta - confessou Zeck - mas acho que é para lá que temos que ir.

Fleim foi o primeiro a se levantar. Os outros o seguiram.

Quando atravessaram os arbustos, pararam petrificados. Há apenas alguns passos deles um casal conversava. Grandes e formosos, simétrico em formas, rostos corados, testas largas e olhos vivos que mostravam grande inteligência. Lindos como só um Patriarca e uma Matriarca podiam ser. Se dúvida havia ainda de que eram parte de Allakelion, ela terminava ali pois ambos estavam vestidos em roupas de luz — a marca registrada daquela mundo.

Linda, não conseguindo se conter, soltou uma exclamação e pôs a mão na boca em seguida. Com certeza havia sido ouvida. Mas o casal continuou falando e gesticulando sem se dar conta de que tinham companhia. Adama parecia atônito e alarmado com alguma coisa. Apontava a todo momento para as mãos de Ella, que estavam cheias do fruto que exalava o vapor cor de ferrugem.

- Eram, você quer dizer - Zeck disse sentindo um calafrio e ousou chegar mais perto. Linda e Fleim o seguiram sem nada falar.

- Isso não pode estar certo. - ouviram Adama dizer em uma voz firme e melodiosa - Como você pode vir me falando de ganhos e de uma esfera superior de sabedoria quando Yadashel foi bem claro em dizer que, ao comermos do fruto nos tornaríamos como os desnaturados?

- Eu também pensei isto, a princípio - a mulher raciocinou e, enquanto falava, filetes cor de ferrugem saíam serpenteando de sua boca e iam rodear a cabeça de Adama - mas quando olhei para a serpente e vi quão viva e esperta ela parecia, pensei que talvez tivéssemos interpretado errado as palavras de Yadashel, então comi. Só um pedacinho, para não correr risco e, oh Adama, o que eu senti foi tão... você precisa sentir também! - estendeu os frutos para ele.

- Não. A ordem de Yadashel foi clara - Adama afastou-se mostrando-lhe as mãos espalmadas - e clara também foi a consequência - sua voz adquiriu um tom de cortar o coração - Você é uma com Nasath agora.

- Eu pareço uma desnaturada para você? - a mulher choramingou.

- Não, meu amor, claro que não! - Adama aproximou-se dela, acariciou seu rosto - Na verdade, você parece mais esperta e brilhante do que antes. Mas quem sou eu para falar? Nunca vi um desnaturado na minha frente...

- A verdade é que ama Yadashel mais do que a mim. - ela lançou virando o rosto.

Pego de surpresa, Adama não soube o que responder. Isto a encorajou a continuar.

- Está certo, querido. Vamos imaginar que que você esteja certo e eu realmente passei para o lado de Nasath. O que acontece agora? O que Yadashel vai fazer comigo? - Ella deixou os frutos caírem de suas mãos e espalharem-se pelo chão. Levou as mãos espalmadas ao rosto, escondendo-o. - Oh, como eu fui tola de dar ouvidos à serpente. Agora eu serei banida... eu serei banida, Adama!

No segundo seguinte o Patriarca estava junto à companheira consolando-a em seus braços.

- Não... eu vou falar com Yadashel. - ele disse. - Deve haver um jeito de reverter isso.

- As leis de Yadashel são absolutas. - Ela soluçou olhou para ele - Não há jeito para mim.

Ele vai nos separar. Como eu vou viver sem meu amor?! - enterrou a cabeça no peito dele.

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