64. Tratados

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- Não acredito, todo mundo veio!- Zeck gritou por sobre o barulho das ondas e do vento assim que puseram os pés fora da passarela.

- E você acha que perderiamos uma oportunidade destas? Não mesmo! - Disse Andres, saindo de debaixo do capuz.

- É isso aí. Mexeu com um de nós, mexeu com todos! - Maevah disse com os punhos cerrados. Só um capuz confeccionado por mehlaks para esconder aquelas duas tranças que subiam de sua cabeça como para raios. De seu lado, Thomah ajeitava o monóculos enquanto media a torre de cima abaixo e anotava algo em seu gigantesco livro.

- É aqui então? Onde a Linda está presa? - Zeck virou-se para a estrutura cuja entrada ficava há alguns metros. Estavam em uma ilha minúscula. Na certa construída com o único intuito de sustentá-la.

- O Fleim nos disse que Nasaht mencionou a sala dos tratados - disse Etiel olhando também - tem que ser aqui.

- Eu nunca poderia imaginar... - Zeck balbuciou olhando para Fleim que parecia ter se recuperado do choque na montanha e tinha uma expressão tão determinada quanto a dele.

- E o tratado?! - o fairano perguntou com urgência. Zeck tirou do bolso a esfera dourada que ergueu para os colegas que arregalaram os olhos em deslumbre.

- Temos que ir, então. Não temos tempo a perder - chamou a garota que Zeck sabia se chamar Gill.

Sem mais delongas, os oito correram o curto caminho de pedras para dentro da torre. Suas paredes grossas e frias abafavam o som do cataclisma lá fora quase que por completo. Viram-se de repente em uma sala circular muito larga de piso liso e lustroso como um espelho que refletia um grande lustre que pendia do teto alto no meio, aceso com doze velas e ladeado por portas fechadas. Também doze para ser mais exato, sem contar com aquela pela qual entraram, todas altas e largas, em forma de arco, cada uma de uma cor diferente.

- Fechada... - Aleisha suspirou após tentar abrir a azul, mais próxima.

- Esta aqui também - Andres disse do outro lado da sala, diante de uma porta amarela.

- Acredito que todas estejam - disse Thomah sem levantar os olhos do livro. No momento em que disse isto todos plantaram os pés firmes no chão ao sentirem-no dar um solavanco seguido de um barulho de grandes pedras se arrastando

- O que está acontecendo?! - exclamou Maevah.

- Acho que a sala está se movendo - respondeu Zeck cuidando para manter o equilíbrio.

Ele estava certo. As paredes se moviam ao redor de seu próprio eixo com cliques espaçados em intervalos iguais de tempo. Uma vez... duas... uma terceira... até que parou. Quando olharam novamente, perceberam que a passagem por onde vieram encontrava-se agora fechada e uma nova havia se aberto adiante, onde antes estava uma porta cor de laranja.

- Por aqui pessoal. - Etiel gritou correndo em direção à porta aberta.

ZAAAAAAP

Foi o som quando ele tentou atravessá-la. Então ouviu Gill gritar seu nome abaixo dele enquanto era arremessado com força contra a parede oposta. Os que do chão assistiam horrorizados puderam jurar ter ouvido o barulho de algo se partindo quando o rapaz caiu de cara no chão.

- Eu estou bem. - Etiel disse aceitando as mãos que Thomah e Andres lhe estendiam e olhou para Gill - era como previmos.

Ela concordou com a cabeça e virou-se para Zeck e Fleim.

- Esta não é nossa busca. Não podemos interferir até que o que tiver que ser feito seja feito. Vocês vão ter que ir sozinhos.

Os dois se olharam, não gostando nem um pouco daquela idéia, apesar dela fazer todo sentido.

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