32. BeReshit

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Estava tudo como antes: o vento que urrava, as nuvens negras degladiando em espirais

ameaçadores, a areia incrivelmente fofa, as ondas gigantescas quebrando na praia como que bloqueadas por uma barreira invisível. A única coisa diferente era um plaqueiro alto com duas

setas apontadas em sentidos opostos, bem na frente da boca da caverna de onde os três saíram

— a única coisa para Zeck porque para Linda e Fleim tudo ali era novo e, a julgar pela expressão em seus rostos quando tiraram o capuz eles não gostaram nem um pouco.

- É aqui não é, a Fronteira Proibida que vimos do topo da montanha ?! - Fleim perguntou encolhendo-se à explosão trêmula de um trovão, esperando apenas que um daqueles raios alaranjados não resolvesse cair sobre eles; coisa que, ele sentia, não seria nada agradável.

Zeck confirmou com um Hum Hum enquanto analisava o plaqueiro, nem se importando com os raios,

trovões e todo o resto. - É por aqui. - Ele escolheu o caminho da direita e começou a andar. Os outros dois não se mexeram.

- Temos mesmo que ir? - Linda guinchou, com uma voz de menininha e aquela mesma expressão daquele dia indo para a cabana. Zeck quis correr e abraçá-la, e o faria se Fleim já não estivesse fazendo isso.

- É a única forma. - ele soou mais impaciente do que gostaria. - Quanto mais rápido terminarmos

com isso, mais rápido eu saio deste lugar!

Fleim e Linda se entreolharam.

- Certo, - disse Fleim- mas como você sabe que este é o caminho certo?

Zeck suspirou virando os olhos.

- A escrita na placa é a mesma dos símbolos na biblioteca, das portas da sala de Rigrevnoc e deste seu livro.

Fleim acendeu a chama em sua mão e aproximou-a do livro, para conferir, depois olhou para Zeck, levantando uma sobrancelha. Quis perguntar mas achou melhor não, porém ficou claro para Zeck, pela forma como ele o olhou, que as perguntas viriam mais tarde. !

- Você mostra o caminho, então. - disse

Zeck virou-se sem nada dizer nem pensar, deixando apenas que seus pés o guiassem pela estrada de areia pisada que passava ora mais perto das ondas bravias do que eles gostariam, ora pelo meio de dunas muito altas. Um pouco atrás vinham Fleim e Linda, ainda abraçados eo lhando para tudo muito boquiabertos para falarem algo. Quando contornaram a quarta duna, Zeck parou tão de súbito quanto de súbito terminava a estrada.

- Por Yadashel! - Linda exclamou pondo a mão na boca.

Fleim passou a frente de Zeck e soltou uma interjeição, fitando a grande coluna de fogo que saia de dentro da água e subia em espiral até desaparecer por entre as

Nuvens há cerca de um quilômetro da praia

- Acho que é para lá que temos que ir! - Fleim disse apontando e olhando para Zeck e Linda.

- Eu espero que não... -Zeck murmurou, mais baixo do que o urro do vento. Ele ainda se lembrava muito bem da última vez que viu uma coluna de fogo saindo daquelas águas. Mas, ao mesmo tempo, tinha a coluna de Yadashel na última manhã... seria a mesma?

- Meninos, por aqui! - Sentindo-se um pouco mais segura, Linda caminhava em direção a algo na areia.

- Um barco! - Fleim correu para lá. À visão da coluna, toda a apreensão que a fronteira lhe

trouxera começou a se extinguir e ele voltava, aos poucos, a sentir o fascínio e excitação por

fazer parte de Biblion.

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