30. Uniforme

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Quando seus pés encostaram no chão novamente e Zeck viu a porta, ele não pensou duas vezes antes de sair por ela. Sequer prestou atenção em onde tinha ido parar: uma espécie de quarto pequeno, redondo com paredes douradas de onde saiam ganchinhos e com um armário perolado lustroso; mas Zeck só viu a porta e, lá fora, quem procurava.

Ela estava de costas, usando apenas um manto de luz clara, pois o véu havia desaparecido.

Olhava para os lados com um jeito suave, quase que dançando. Os cabelos ondulados caíam até as costas e seus fios loiros quase que combinavam com o dourado das doze colunas dispostas em círculo naquele grande salão de chão espelhado.

O coração do garoto saltava no peito, em um misto de alívio, surpresa e inquietação quando ele a chamou pelo nome.

- Zeck?! - Linda exclamou virando-se, com o mesmo tom de surpresa. Seu rosto se iluminou ao ver o rosto de Zeck e ela correu, quase flutuando em direção a ele, jogando-se em

um abraço. Ele, pego de surpresa com aquela reação inesperada da garota, não sabia se a abraçava de volta ou queimava de vergonha. Linda pareceu perceber a reação dele, pois o soltou rapidamente, também um pouco ruborizada.

- Mas... como?! O que você está fazendo aqui? - Ela perguntou intrigada.

- Eu também já me fiz a mesma pergunta... - Zeck começou a responder, sentindo que ser parte da Sociedade Biblion não seria tão ruim assim afinal de contas.

- Não pode ser ! - disse, à direita deles, uma voz que fez Zeck mudar de idéia na hora.

Linda, ao ver o recém-chegado correu para ele. Eles se receberam em um abraço recíproco e muito longo para o gosto de Zeck.!

- Eu sabia! Eu sabia que você conseguiria!! - o garoto disse empolgado enquanto ele e Linda rodopiavam e celebravam. Então, virou-se para Zeck — Agora você... Aí está uma coisa que eu não consigo entender!

- Oi para você também, Fleim. - Zeck disse, olhando ora para Linda e ora para ele. Aquilo tinha

que ser algum tipo de piada e Fleim, que não parava de encará-lo parecia pensar o mesmo.

- Só pode ser engano! - ele disse.

- Obrigado por me avisar. - Zeck retrucou, virando os olhos.

- Eu quero dizer... nós dois vimos como você saiu da classe no dia da seleção. Você

definitivamente não pôs seu nome na urna.

Linda concordou com a cabeça.

- Bem, foi o que eu tentei explicar para Etiel, mas ele estava muito ocupado me forçando a vir.

- Etiel, o fliniano?! - Linda arregalou os olhos e quando Zeck disse que sim ela abriu um sorriso.

- Meu primo faz parte da Sociedade Biblion?! Eu sabia que tinha alguma coisa especial com ele!

- Etiel é seu primo?! - Foi a vez de Zeck ficar surpreso. Podiam haver mais coincidências?

- Você nunca me disse isso, Li. - Fleim coçou a cabeça - Como é possível? Você é Verniana!

- Somos parentes por parte de mãe. O pai dele é Fliniano. - Linda explicou rapidamente, voltando para Zeck, visivelmente indignada - Mas que história é essa de ter sido trazido à força?! Eu com certeza vou conversar com Etiel sobre isso.

- Não é necessário.- Zeck disse carinhosamente, agradecido pela preocupação da garota.

- ... a não ser, é claro, que você tenha mudado de idéia. - Fleim completou.

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