Capítulo 74

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DAVI NARRANDO

- Preciso falar contigo - ela olha sem paciência.
- Me ouve? - falo e faço sinal para ela destravar a porta.
Ela destrava e entro.
- Pode ser em outro lugar? - falo e ela olha sem entender.
- Só quero que não seja aqui, Bárbara...

Andamos por alguns minutos até chegar em uma rua sem muito movimento.
Ela encosta o carro e me olha.
Fico por uns segundos sem falar nada.

- Me dá última chance? - falo e ela rir.

- Para né Davi ... Te dei várias cara e tu só vacilou... Tu cagou para as chances que te dei  - ela fala, jogando a cabeça para trás e encostando no banco.

- Eu sei... To arrependido, te juro - falo e ela soca o volante por várias. Nunca vi ela nervosa assim.
- Te amo muito Bárbara - falo e ela encosta a testa no volante respirando fundo.
- Pô é sério... Não vai falar nada? - pergunto.

- Não Davi, não vou. Sabe por que? - ela pergunta com um tom alto.
- Por que não tenho o que falar... Eu não quero falar, já passou... Estou mudando minha vida e dessa vez, não tem volta - ela fala.
Comecei a chorar um coisa que é difícil de acontecer, ainda mais por causa de mulher.
- Não acredito nisso - ela fala batendo as duas mãos no volante, várias vezes.
- Sério isso, Davi? - pergunta debochada.

- Você sabe que é sério...

- Não sei Davi... Tudo para você é brincadeira.. Mulher pra você é brincadeira, sua vida você leva como uma brincadeira...
- Preciso ir Davi, não quero pegar estrada a noite - ela fala com tristeza no olhar.

- Tem certeza? - pergunto.
Ela confirma com a cabeça.
- Já é então - falo tentando abrir a porta que tava travada.

- Vou te levar - ela fala.

- Não precisa - falo e ela destrava a porta.
Desço do carro e começo a andar.
Olho para trás e vejo ela abaixada com a cabeça no volante.
Parecia chorar.

********************************
BÁRBARA NARRANDO

Me recupero após essa tortura e acelero com o carro saindo dali, sem olhar para trás. Sem vê para que lado Davi se foi.

Minha cabeça está a mil, meu coração palpitando rapidamente.
Caramba Davi, que você fez comigo.
Ando por alguns minutos cabeça a mil, sem saber o que eu faço, então encosto em um acostamento.
Estou muito nervosa, não consigo dirigir. Estou tremendo e meu pensamento só em Davi, queria ele ali comigo me acalmando.

Meu Deus, o que faço? - penso.
Fiquei por mais de meia hora ali pensando no que fazer.
Pego meu celular vou nos contatos e procuro o número do Davi. Fiquei por mais um tempo com o celular na mão, estou muito nervosa, não sei o que fazer.    
- Tenho que ir para casa - falo baixinho.
Ligo o carro, mas não consigo.
Pego o celular novamente e ligo para Davi, rapidamente ele atende.

- Bárbara - ele fala ao atender.

Me encontra? Não consigo dirigir - falo chorando e sabendo que iria me arrepender dessa ligação.

Meia hora depois, Davi chegou com Doidinho na garupa. Ele desce faz um sinal para Doidinho que vai embora.

- Que aconteceu? - ele pergunta, quando entra no carro.

- Não sei, não consegui... Só pensei em você - falo e ele chega perto e me puxa para os seus braços.
- Não queria isso - falo e ele não diz nada. Faz carinho nas minha costa.
- Davi? - o chamo, saindo de seu braço.
- Desculpa de te ligar?

- Quer ir pra algum lugar?

- Não... só quero ficar aqui...

- Vamos para algum lugar... Passa pra cá - ele fala abrindo a porta do carro e saíndo, pulo para o banco do carona.
- Quer voltar para o morro? 

- Não... Não...

- Comprei um casa no Leblon... Se quiser ir para lá - ele diz.

- Pode ser - falo.

No caminho um arrependimento começa a tomar conta de mim, ai senhor o que eu faço. Minha cabeça diz para não ir, mas meu coração diz sim.

Andamos um bom tempo calados até chegar no condomínio. 

Ele para com o carro em frente a cancela, onde a um guarita com um segurança e baixa o vidro.

- Davi... boa noite - diz o segurança, olhando para dentro do carro.

- Boa noite Carlos...

A cancela se abre e Davi da partida no carro.

As casas ali são maravilhosas, modernas e encantadoras, andamos por umas ruas até ele parar em frente a uma, com uma varanda na fachada toda decorada, jardim gramado e com flores, janelas e porta grande de madeiras na cor branca.

Descemos do carro, e ele me olhava.

- Que foi? - pergunto.

- Olhando como você é linda...

Respiro fundo.

Ele digita a senha na fechadura e empurra a porta enorme mostrando o interior da casa.

Uma sala não muito decorada, só com alguns móveis, como sofá, painel, duas poltronas e uma mesa no centro.

- Por que comprou aqui? - pergunto.

- As vezes o morro me cansa - ele responde e viro os olhos.
- É sério, não é para trazer mulher não... fique sabendo que a primeira...

- Não precisa explicar...

- Bah, sabe que isso é um sinal? - ele fala se sentado no sofá branco.

- Sinal? - pergunto e sento ao seu lado.

- É para você não ir - sorrir com sua fala.
- Seu sorriso é lindo...

- Deixa de ser bobo - falo e ele sorrir.
Depois daquele sorriso, minha vontade era te ter falado que ele também tinha um lindo sorriso.
- Preciso ir ao banheiro - falo.

- Vem...

Ele me guia pela escada de uns dez degraus, onde da acesso a um hall com algumas portas, o sigo até uma, que quando abre mostra um quarto. Bonito, bem decorado nas cores neutras, quadros sem sentidos. Uma cama king com um cobre leito branco grosso que parece ser bem fofo, que da sensação de conforto. Um closet de portas de vidros, mostrando algumas peças penduradas.

- Ali... ele me mostra o banheiro.

Entro e fecho a porta.

Chique em... Bem clean, banheira de hidro. 

Com a ajuda de um anti séptico, lavo minha boca para tirar aquele gosto terrível que deu quando eu chorei.

Sai do banheiro e Davi não está no quarto, desço para a sala e o vejo na sala Davi em pé, olhando pela janela.

- Lucas me ligou... Tenho que ir para o morro - ele fala e vai andando até o elevador.

- Davi? - o chamo e ele se vira para mim.
- Não comenta com ninguém que estou aqui, por favor - falo e ele confirma com a cabeça.

  Mando mensagem para minha Mãe, precisava falar que não iria hoje.

AO MORROOnde histórias criam vida. Descubra agora