Bônus: Almas Roubadas

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☆Por: Luigi Mangini☆

Quando levantei-me da mesa do banquete, já era tarde da noite. Apenas os Fundadores mais importantes e necessários haviam permanecido até aquela hora, conversando fervorosamente entre si e, principalmente, com Carlos. O velho continuava achando que era o Fondatore, aparentemente. Pobre iludido. Considerando o que eu já havia feito, podia passar ele e muitos outros para trás.

- Já vai, Senhor Luigi? - perguntou um homem grisalho, curvando-se sobre a toalha - Não quer saber sobre a fuga que ocorreu essa semana?

Neguei com um gesto de mão, virando-me de costas. Pouco me importava o que pensariam, pois eles que eram meus servos, afinal. Retirei-me da sala de jantar com passadas médias, meio abalado pelas diversas taças de vinho da noite. Um sorriso que eu não conseguia controlar insistia em permanecer em meu rosto, conforme me enfiava nos corredores da mansão. A conversa dos últimos convidados em reunião, aos poucos, sumiu de meus ouvidos.

Então, em determinado momento, comecei a ouvir algo agradável. Parecia o ensaio de um coro de fadas: um riso feminino e suave, que vinha de um dos cantos da casa.

- Lui, eu quero saber, e não me venha com beijos e carícias para me distrair...

Olhei para o lado, para o quarto mais próximo, e percebi que já havia chegado aos dormitórios. A luz do quarto de Morgana machucou meus olhos, acostumados ao escuro do corredor, e me fez piscar. Na realidade, eu nem precisaria enxergar direito. Pelo apelido, tornava-se óbvio quem estava falando.

Até pensei em me afastar, porém, a curiosidade me impediu. O que ela estava fazendo?

- Você gosta dela? - perguntou, provavelmente insistindo em algo que eu não ouvira anteriormente.

- Quê? - eu estava bêbado, não adiantava mais mentir.

Ela quase caiu. O espanto de seu rosto era uma grande distração, mas, mesmo meio cego, não pude deixar de analisar sua roupa: um belo roupão preto, amarrado na cintura. Suas curvas eram agradáveis objetos de observação.

Sua boca vermelha se abriu levemente, e suas bochechas coraram.

- Lui, como você... o que faz aqui?

Nesta hora, notei que ela estivera se olhando no espelho, conversando sozinha. A necessidade de responder com algo sarcástico me consumiu, fazendo-me sorrir mais.

- Ora, o que você acha? É lógico que vim comprar pão. - cambaleei levemente ao falar, sobressaltando-a.

Suas sobrancelhas escuras se franziram, enquanto seus olhos azuis foram ficando cada vez mais enevoados (pelo menos para mim).

- Bem... hã... eu sou uma boa padeira. - falou, entrando na onda.

Seu queixo estava caído, mas consegui ver que os cantos de sua boca se curvaram para cima. Eu me sentia extremamente leve, quase como se pudesse saltitar.

- Vai me dar o seu melhor pão, então. Né? - apoiei-me no marco da porta, dando um passo para perto.

Sua expressão tornou-se séria, conforme seus lábios foram se retraindo.

- Para você, Lui, sempre darei meu melhor... - o dúplo sentido, de fato, me deixou ainda mais desequilibrado.

Lentamente, ela se aproximou do local onde eu estava, colocando as duas mãos em minha gravata e puxando-a.

- Sempre.

Eu, normalmente, riria da paixonite que Morgana tinha por mim. Porém, secretamente, eu adorava sentir aquilo. Sentir o quanto a abalava. Aquilo chegava a ser tão prazeroso quanto fumar.

Por isso, segurei-a pela cintura, sentindo sua respiração trêmula em meu pescoço.

- Você estava discutindo com seu reflexo. Por quê? - continuei, provocando - Deseja algo, minha padeira?

- Sim, sempre desejei. Mas você sabe disso... - sussurrou, quase hesitante.

Quando toquei seus lábios suavemente, seus joelhos fraquejaram. Acabei rindo, inevitavelmente.

- Você deveria falar mais especificamente. Eu não sou tão bom assim em ler emoções...

Seu rosto ficou ainda mais vermelho.

- Eu faço de tudo pra você perceber! Pare de se fazer!

Ri outra vez, apenas. Porque eu não esperava nada diferente de Morgana, e porque o vinho deixara tudo engraçado.

- Desculpe, Lui. Mas é a verdade. - falou, a contra gosto.

Levei minha mão ao seu rosto, deslizando meus dedos frios por sua pele quente. Era sempre assim: minha pele gelada e a dela fervendo, seu corpo se arrepiando sob o meu.

- Você sabe, não é? Daqui a pouco, terei que ir. - prosseguiu, baixinho, a voz quase inaudível pela mágoa - Quero aproveitar esse tempo.

Era óbvio que ela partiria, era o que sempre acontecia. Nós nos aventurávamos, ela caía de amores por mim e depois ia embora, até o ano seguinte. Por algum motivo, naquela noite, a ideia de ver suas malas chamativas na porta me desagradou. Eu não queria que fosse embora, talvez por efeito do álcool.

Ela puxou-me para mais perto, subitamente. Seus olhos já refletiam o tão conhecido desejo, que destacava-se de suas feições delicadas.

- Vamos aproveitar, então? - perguntei, o sorriso se ampliando no rosto.

A maneira como a alegria estampou sua face deixou-me com um formigamento estranho no estômago. Era satisfação, sem dúvidas.

- Aham. - sussurrou, balançando a cabeça para cima e para baixo, como se fosse inocente.

Poucos sabiam que, de inocência, Morgana não tinha nada. Havíamos passado várias noites juntos e, mesmo assim, ela conseguia me surpreender todas as vezes.

Segurei seu queixo com o indicador, encantado com o anjinho infernal que possuía. Ela era minha, de corpo e alma, por livre e espontânea vontade. Aquilo me fazia querê-la ainda mais.

- Que bom. - murmurei, a voz tornando-se grave, e fechei a porta com o pé.

O mundo, a partir de então, ficou trancado do lado de fora. Quando suas costas tocaram a parede, fiquei livre para explorar seu pescoço.

Era muito fácil fazê-la tremer, pois bastavam alguns segundos. Após beijar sua boca com calma, mordi seu ombro levemente. Era muito divertido fazê-la esperar, também.

- Lui... - sussurrou em meu ouvido, levando minhas mãos até o laço de seu robe.

Pedi por silêncio, encostando um dedo em seus lábios e acariciando seu cabelo. Ela sabia que seria tudo ao meu tempo, por isso, apenas assentiu e beijou minha mão.

- Boa garota... - murmurei, deslizando para baixo - ou melhor... má garota.

Ri levemente, abrigando-me no calor de seu corpo, conforme desamarrava sua roupa.

Aquilo, eu precisava admitir, era muito mais viciante do que o cigarro. 



Oi gente!!! Desculpem pela demora!!!

Eu queria deixar este capítulo nos eixos, de verdade. Espero que tenham gostado.

A propósito, agradeço a ajuda da Rajaram_Castellan, que foi uma mão e tanto na construção desse bônus (e mais um, que já está adiantado e vem em breve ;3).

Bjsss, aproveitem!!!

Porcelana - A Promessa Escondida (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora