Cap. 30: Ideias Arriscadas

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- Não, absolutamente! - Tréville exclamou, sem querer ouvir meus argumentos.

Já era a décima vez que ela me dizia aquela palavra, provavelmente. Desde que ouvira minha ideia, sua expressão apenas se fechava mais.

- Mas vocês precisam de uma distração, e essa é a única maneira! - rebati, mantendo-me firme.

Lindsey estava espantada, partilhando das emoções da chefe. Ambas não queriam nem cogitar o que eu acabara de falar, embora fosse o meio mais efetivo de realizarmos nossos planos.

Era uma ideia louca? Sem dúvidas. Mas ela com certeza seria rápida o suficiente para ser realizada antes da Hora do Progresso. E, dando certo ou não, me salvaria do casamento com o demônio ruivo.

- Você quer morrer, Alessa?! - Lindsey falou, sendo repreendida pela Madame logo depois.

- O que a Agente Whitte está querendo dizer, é que esta não é uma hipótese segura para a vossa pessoa. - a mulher disse, encarando a outra agente de soslaio.

- Eu sei! Eu tenho certeza disso! Mas já estive segura aqui em algum momento?! - a indignação e a determinação em minha voz foram claras - Vocês me contaram seus planos, e disseram que precisavam de uma distração, repito! Minha ideia é a melhor que poderíamos ter!

Arregalando os olhos, ela pede silêncio, olhando brevemente para a porta.

- Já nos arrastamos demais aqui, mas eu tenho que dizer... - sussurrou - você aceitaria correr o risco de prejudicar ainda mais o emocional do D'Gasperi?

Aquele era um golpe baixo, muito baixo, que me fez tremer. A tristeza do artista era algo que me atingia muito mais do que minhas próprias emoções, porque ele era meu apoio. Porém, o fato de ela estar usando tal recurso significava que estava desesperada. Desesperada por estar quase cedendo à loucura que eu propora.

Apertei os punhos e respirei fundo.

- Eu... eu tenho certeza de que ele concordaria comigo. A vida de sua irmã também pode estar em jogo. - murmurei, não tão certa quanto afirmava - Mas insisto no que disse. E, se me deixassem falar com ele, tenho certeza de que poderia provar que é a coisa certa a se fazer.

Tréville suspirou, levando os dedos às têmporas. O estresse havia dominado sua expressão e seu corpo, provavelmente causando-lhe uma dor de cabeça.

- Nós não temos como permitir ou não, Alessa... - parou, pensando brevemente sobre o assunto - Está bem, vamos fazer o seguinte: você conversará com Ônix e, se ambos estiverem preparados para as consequências, estarão incluídos ainda mais na investigação.

Meu coração palpitou de empolgação, finalmente permitindo a esperança de entrar. Eu, enfim, poderia fazer alguma coisa contra a Sociedade que tanto me torturara.

- Ok! - respondi, sorrindo.

- Mas, se não concordar... então teremos que pensar em outra coisa. - dava para ver que ela mesma torcia para que a empreitada desse certo - O que será trabalhoso, graças ao tempo correndo...

Lindsey estava calada, respirando rapidamente. O clima no quarto mudara, e a tensão de expectativa se espalhava por todos os cantos.

- Agora, vamos dar um jeito discreto e calculado de te levar até ele. - a Madame prosseguiu, levantando a cabeça e pondo uma mecha do cabelo atrás da orelha - Para isso já tenho uma maneira, no entanto.

×××

A voz de Lindsey estava mais alta e animada do que geralmente ficaria. Duas horas haviam se passado desde que Tréville estivera ali, portanto, esperávamos que fosse tempo suficiente para despistar aqueles que observavam.

A agente estava conversando com o guarda da porta de meu quarto, sorrindo e gesticulando com as mãos, tentando distraí-lo. Como esperávamos, estava dando certo, pois ele parecia bastante animado com a interação. Só faltava saber se furaria o serviço para continuar com ela.

- Ei, que tal se fôssemos até o jardim de inverno? Lá, aposto que poderíamos conversar com mais privacidade. - Lin mordeu o lábio inferior, fechando com chave de ouro a pergunta decisiva.

- Eu... hã... tenho que ficar aqui, Lindsey. É o meu turno. - o homem respondeu, incerto.

Eu estava observando pelo buraco da fechadura, na clássica cena de filmes. Ver o guarda coçando a cabeça foi prova suficiente de que teríamos sucesso naquela parte.

- Ah, por favor! É rápido, eu juro! - ela mentiu, pondo a mão no ombro dele.

Nem dois segundos foram necessários para que ele aceitasse, largando de vez as responsabilidades. Apesar da apreensão na voz, ambos seguiram pelo corredor, deixando o caminho livre.

Já tendo experiência naquilo, abri a porta com o pincel em alto relevo que escondera entre os outros, guardando-o no bolso do vestido e me preparando para o que estava prestes a fazer. Outra vez.

Então, quando o silêncio foi total, respirei profundamente e abri a porta, correndo para fora. Como no outro dia, meus batimentos aceleraram, a adrenalina subindo. Nunca me imaginara daquele jeito: com o coração acelerado somente por andar no corredor de casa.

O carpete, que talvez fosse um truque da Sociedade para ocultar seus perigosos avanços, me ajudou a chegar até a escada. Eu tinha muita sorte de haver uma reunião naquele dia, de acordo com Tréville. E mais sorte ainda por ela ter visto o artista subindo para o estúdio.

Meus passos eram breves na escuridão da mansão. Mesmo que fosse dia, somente uma aura azulada e enevoada pairava pelo local. De relance, pude ver a luz dourada de velas vinda da cozinha.

Sabendo que, caso encontrasse alguém, deveria fingir estar calma, prendi a respiração até alcançar a entrada que procurava. Como sempre, estava trancada, obrigando-me a bater depressa. Rezei para que o artista ainda estivesse ali.

- Um segundo. - ouvi Ônix exclamar, de maneira inexpressiva. Mesmo sabendo que seu estado não era dos melhores, não tinha como me preparar para o que vi quando ele abriu a porta - O que f...

Seus olhos verdes e pretos se arregalaram, em conjunto com os meus. A aparência de caveira de seu rosto, com olheiras profundas, me fez duvidar do que havia afirmado para a Madame mais cedo. Não consegui ficar aliviada por ter chegado sã e salva.

- Shh! - murmurei, empurrando-o para dentro e pondo um dedo sobre seus lábios. Fechei a porta atrás de mim e tentei me manter concentrada no que viera fazer ali.

Só que... seu corpo, tão perto do meu, era uma tentação e tanto. Sua respiração pesada e surpresa chocava-se contra meu rosto, e tudo o que eu queria fazer era perguntar como ele estava.

- Musa, você não faz ideia de quanto...

- Eu sei, Ônix. Eu sinto a mesma coisa, e se pudesse teria vindo muito antes. - falei, engolindo em seco para ocultar a dificuldade em falar - Mas eu vim aqui para algo importante.

Nós estávamos encostados na parede, seus braços ao redor de minha cintura. Entendendo que aquele era seu consolo, não movi um músculo, e deixei-o abraçar-me.

- O que foi? - ele perguntou, por fim, as sobrancelhas franzidas.

Sem conseguir resistir tanto, levei minha mão à sua face. Era o que podia fazer, por hora.

- Tenho que te contar sobre uma ideia arriscada. - pausei, prendendo o ar - Com a qual você vai ter que concordar.



Oi gente!!! O que estão achando? Bem, espero que estejam gostando.

Adorei as perguntas que deixaram no último capítulo, e creio que será muito divertido respondê-las. O Cap interativo sai em breve. ;)

E então? Qual é a ideia tão louca da Alessa? Vocês têm alguma teoria? Para suas mentes amantes de romance: o que gostariam que ela fizesse ou dissesse ao artista? Kkkkk.

Bastante emoção vem por aí. Tenham certeza disso.

Bjsss, até logo!!!

P.S.: A linda imagem na multimídia foi proporcionada pela Hissai Barreta. Obrigada, flor!!! Eu amei!!! ♡

Porcelana - A Promessa Escondida (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora