☆Por: Daniel☆
Depois daquele trágico dia, onde minhas chances foram pelo ralo quando o maldito celular tocou, Bianca e eu parecíamos ter voltado do início. Ela sempre ficava corada em nossas conversas e, embora eu achasse aquilo adorável, acabava pensando se era por vergonha ou por falta de confiança em mim.
- Bia, eu posso falar com você um minuto?
- Bem, você já está falando, de todo jeito. Então... continue.
Um dia antes de uma das maiores operações da minha vida, dentro de um carro, decidi que resolveria aquilo.
- Bom... é... você sabe que eu gosto... de você. - comecei, de maneira totalmente confusa - Eu queria dizer que... bem, você pode confiar em mim. Queria pedir para que fizesse isso, na verdade. E...
Ela sorriu, desdenhosa, e me encarou com atenção.
- E?
- Você sabe, Blanca Nieves. Eu já disse... - por que as palavras pareciam pesar tanto pra sair?
Pensando bem, talvez fosse pelo fato de eu estar dirigindo e falando ao mesmo tempo.
- Tudo bem. Você já disse, mas... - ela segurou meu braço, quando viramos outra curva - Ainda sinto que o mundo não quer colaborar conosco.
Bianca, que quase nunca andara de carro na vida, se assustava com qualquer movimento (tanto brusco quanto suave). Devíamos estar a 2km por hora, o que aumentava minha tensão.
Quando observei-a, percebi que seu sorriso havia sido substituído por uma expressão de susto com o balanço da estrada. Isso me deu vontade de rir, apesar do lugar em que nos encontrávamos.
- Eu vou forçar o mundo a colaborar, então. - falei, declarando-me de um jeito mais indireto - Eu já lhe disse que me importo com você.
- Sério?
- O que você acha?
- O que eu deveria?
Suspirei, fazendo outra curva.
- Não quero que você ache nada. Quero que tenha certeza de meus sentimentos. - falei, de uma vez - E quero que pare de ser hesitante desse jeito.
- Eu estou tentando, Alejandro Daniel Reyes. Mas não é fácil, e você sabe disso. - ela respirou fundo e apoiou a cabeça no meu ombro, espantando-me pela paciência - O que nós estamos indo buscar, mesmo?
Sua tática de mudança de assunto não passou batida, mas resolvi respeitá-la.
- Um colar. Ele me pertence, mas faz par com outro.
Ela engasgou de repente, mas manteve-se no lugar.
- E a outra metade? Pertence a quem? - questionou, sua voz soando desapontada, ou talvez até enciumada.
Desta vez, não consegui conter o riso.
- Eu acabei de me declarar pra você, Bianca. Ciúmes são desnecessários. - olhei para o caminho, a seriedade retornando involuntariamente - O colar pertence à minha irmã, que faz parte da Sociedade.
Naquele momento, sim, sua frágil paciência desmoronou. Ela se afastou de mim, os olhos arregalados.
- Você nunca me disse que tinha uma irmã aprisionada!!!
- Eu achei que ela estivesse morta!!! - exclamei, tentando me defender - Poucos sabem que eu tenho uma irmã, na verdade. Somente Tréville, que também perdeu alguém especial para Porcelana.
Bianca pensou bastante, respirando pesadamente.
- E por que você pensava que ela estava morta? - falou, baixando o tom de voz.
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Porcelana - A Promessa Escondida (Completo)
Fantasy☆Sociedade Porcelana - Livro 2☆ "Seus sorrisos eram cínicos e debochados. Seus atos bondosos, uma mentira. Suas palavras generosas, um enfeite. Encará-los nos olhos era pavoroso, pois, a única coisa que demonstravam, eram uma maldade e um vazio tão...