☆Por: Daniel☆
Eu estava na Sala de Vidro, ou seja, um grande escritório envidraçado que guardava o comando da agência (atualmente sem ninguém além de mim), forçando-me a tomar um café quente (para me distrair de meus pensamentos relacionados à certa Branca de Neve). Porém, aquela não fora uma boa escolha: tentando esquecer Bianca, eu já estava me lembrando, e queimando meus órgãos no processo.
Perdi-me ao observar o colar de São Jorge (o mesmo que eu procurara na noite em que ficara com Bia), agora pendurado em meu pescoço. Por isso, tomei um susto ao me deparar com o dragão... digo, a funcionária nova que preparara minha bebida (que estava me desmanchando por dentro).
- Agente Ale, alguém passou aqui e deixou uma carta pra você. Achei estranho não ter vindo um e-mail, ou um endereço específico no envelope...
- Sim, estranho. - respondi, concordando com ela para que não começasse a debater - Obrigado, Schmidt.
Ela entregou-me a carta ao mesmo tempo em que fazia um beiço.
- Sobrenome, sério?
- Sim. - murmurei, simplesmente, dando de ombros sem muito jeito.
Olhei para a assistente de repente emburrada, fazendo questão de esperá-la sair. Estranho comportamento, de fato.
Assim que tive tempo de observar o papel que recebera, quase saltei no lugar: a assinatura foi um choque.
- Não pode ser... - murmurei, procurando outra vez e de imediato o colar de São Jorge em meu pescoço.
Senti como se voltasse àquele dia. Aquele maldito dia.
Minhas mãos tremiam quando abri o papel. Prendi a respiração, pois temia o que poderia estar escrito ali:
"Querido Dani,
Sinto muito por ter demorado tanto. Peço que me desculpe por ter deixado que isso acontecesse conosco. Eu sei que você não acha que a culpa seja minha, mas tenho quase certeza do contrário. Eu sei que talvez seja tarde, que talvez você possa ter casado com alguma Frequentadora (ou algum Frequentador, nunca se sabe).
Mas, quero que saiba, eu aceitei isso (não posso explicar agora), não por mim, aceitei por nós. Riscos sempre me atraíram, como você bem sabe. E esse, além de tantos outros, é um que estou disposta a correr. Mesmo sabendo que em meio ao mundo que vivemos seja difícil, não perco as esperanças de que esteja bem, e quem sabe, talvez um pouco mais difícil, feliz. Te amo, meu irmão. Embora, muitas vezes, minhas atitudes tenham dito, ou melhor, gritado o contrário.
Saudosa e perigosa, Verona, sua linda e maravilhosa irmã."
Quase caí no lugar.
- Puta que pariu!!! Ela entendeu tudo errado!!! - exclamei, mesmo tendo noção de estar sozinho na sala.
Praticamente cuspi o café escaldante de volta no copo, o coração acelerado. Agora sim, eu precisava aceitar a missão na Sociedade mais do que tudo.
Aquela carta era de minha irmã. Ela estava viva, e, pelo jeito, pronta para aprontar alguma.
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Porcelana - A Promessa Escondida (Completo)
Fantasy☆Sociedade Porcelana - Livro 2☆ "Seus sorrisos eram cínicos e debochados. Seus atos bondosos, uma mentira. Suas palavras generosas, um enfeite. Encará-los nos olhos era pavoroso, pois, a única coisa que demonstravam, eram uma maldade e um vazio tão...