Cap. 10: Veneno

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Bela capa na multimídia feita por _Matarazzo. Eu adorei!!! :D

Bjsss, boa leitura!!!



- Mas... você já me comprou! Eu achei que fosse o suficiente! - murmurei, chateada.

- Ah, não. Não mesmo. Até agora, nós somos somente noivos, Alessa. Eu quero tornar ainda mais forte esta relação que temos.

Eu já nem me surpreendia mais, embora meu interior quisesse negar o destino de todas as formas possíveis. Seria entrelaçada matrimonialmente a Luigi pelo resto da vida, isso era fato. Apesar da tristeza, a única coisa que martelou em minha mente foi Hora do Progresso.

- O que é Hora do Progresso, afinal? - perguntei, agarrando a almofada do banco de madeira e tentando resistir ao impulso de socá-lo na cara - Você já falou dela mil vezes, mas ainda não sei o que é!

Luigi, como obviamente adorava fazer, riu de maneira diabólica.

- Eu não deveria contar, mas, como já deve ter percebido, adoro um clímax... - ele se curvou em minha direção, como se estivesse prestes a revelar um segredo (o que não deixava de ser, é claro) - Até agora, a Sociedade Porcelana só existe na Europa. A Hora do Progresso é o momento em que ela se espalhará pelo mundo!

Imaginei um ninho de vespas se partindo e libertando os animais furiosos. A Sociedade Porcelana espalhando-se sobre a Terra causaria um estrago parecido.

- O... quê? Mas, como? - murmurei, ainda tentando assimilar a revelação de Luigi.

- Ah, aí já é demais, minha perfeição. - ele se afastou, finalmente erguendo-se do banco de madeira - Só lhe contarei mais quando fizer por merecer!

Tudo nele tinha tom de zombaria, e seus olhos brilhantes sempre estavam rodeados por uma espécie de aura negra. Não me surpreendi quando Luigi esticou a mão, puxando-me para perto e piscando.

A Sociedade espalharia-se pelo mundo, no dia em que me casaria com seu Fondatore Maestro. Não existia coisa pior, ou, pelo menos, eu não tinha a capacidade de imaginar.

Prometi a mim mesma que tentaria pegar o máximo de informações pelo restante do percurso, pois eu precisava levá-las à Madame Tréville.

Agora que sabia dos planos da Sociedade, faria de tudo para impedí-los. Sua porcelana tinha que se quebrar o mais depressa possível.

×××

De maneira intrigante, Luigi se comportou bem pelo resto do caminho. Não tentou nenhuma de suas aproximações forçadas, nem falou sobre coisas enervantes como o casamento (o que era uma pena, já que eu precisava daquelas informações). Porém, eu percebi o ar bem-humorado e o sorriso maldoso que permaneceram consigo durante nosso "passeio matinal".

Por fim, ele me acompanhou até meu quarto, com a ordem implícita de que eu ficasse lá dentro. Disse-me, antes de partir, que mais visitas chegariam. E que era para mim me preparar muito bem.

Quando ele fechou a porta e a empregada partiu em sua companhia, já era 11h e 30min. Com um gosto amargo na boca e uma sensação ruim, corri para pegar os diários de Avril.

Estão aqui! Pela primeira vez em muito tempo, fiquei aliviada. Eu não quisera pô-los de volta na estante por segurança. E se Luigi ou algum outro visse-os e mudasse de ideia quanto a deixá-los ali? Não queria imaginar perder algo tão valioso, carregado de sentimentos e informações sobre a vida da esposa de um Fondatore Maestro.

Vida que, em breve (eu me arrepiava toda a vez em que pensava nisso), seria a minha.

De repente, a porta do banheiro se abriu por dentro, fazendo-me virar subitamente.

- Eles já foram? - disse a voz feminina, que me fez engasgar.

Tive de me conter para não gritar, antes de identificar quem estava ali. Quando meu cérebro assimilou que era a agente amiga de Tréville, porém, fiquei de pé rapidamente.

- Sim. Acabaram de sair. - segurei os diários nos braços, em um desnecessário tom protetor - Mas... por que você está aqui?

Lindsey, de acordo com seu crachá de funcionária, ajeitou o casaco bordô do uniforme, assumindo uma postura profissional.

Ela era jovem, com um rosto sério e maduro, no entanto. Era baixa e magra. Devia ter uns 23 anos, no máximo. Estes fatores, juntos, criavam uma dúvida (que logo seria respondida) em minha cabeça: como entrara na Polícia Internacional?

- Eu estava esperando você retornar para dar-lhe uma notícia e um alerta importantes. - a mulher prosseguiu, andando pelo quarto e postando-se a minha frente - É sobre algo que descobrimos recentemente, e que você precisa saber.

Continuei parada, confusa pela abordagem direta e pela expressão nada boa que ela portava.

- E... o que seriam essas coisas tão importantes? - instiguei, enfim curiosa.

- Enquanto você passeava com Luigi Mangini - como ela sabia? - Chefe Tréville me mandou investigar a cozinha desta sede da Sociedade, com certas pistas de uma coisa que poderia estar acontecendo.

Franzi as sobrancelhas, cada vez mais confusa.

- E?

- E então, acabei por descobrir que aquele ruivo... é mais cruel e perigoso do que parece. - ela desabafou, parecendo ter um certo nível de dificuldade - Desculpe pela minha... pouca experiência e falta de jeito com comunicados. É minha primeira missão e...

Ela estava mudando de assunto?

- O que você descobriu? - perguntei, desesperada afinal.

- Na cozinha, ouvi e avistei Luigi Mangini ordenar que pusessem um daqueles... veneninhos... - parou, pensando - esqueci como chamam... hã...

- Os comprimidos da Sociedade? - perguntei, fazendo a associação na hora.

Não, por favor. Aquele cabeça de fogo prometeu que nunca faria isso...

- Isso! Esses mesmo! - minha última gota de esperança nos outros evaporou - Ele ordenou que colocassem na sua comida e na refeição de todos os bambolottos e bambolas que chegassem aqui!

Lindsey parecia empolgada com a primeira missão, e eu não a julgava por isso. Porém, todas as minhas dores de cabeça passavam a fazer sentido, e a raiva começava a borbulhar dentro de mim. Luigi me viu hoje pela manhã... tão dissimulado e hipócrita...

- Aquele maldito... - murmurei entre dentes.

- Então... - ela pigarreou, retomando a seriedade - Chefe Tréville me pediu para lhe dizer que não coma nada que vier da cozinha. Eu mesma me encarregarei de encontrar comida para você e os outros, pois são testemunhas valiosas.

Cerrei os punhos, encarando-a.

- E como eu vou saber que é o prato certo, e não o... envenenado?

- Simples: eu deixarei uma marca embaixo do mesmo. - Lindsey estava, obviamente, satisfeita com sua resolução.

Respirei fundo, analisando toda a situação.

- Era isso? - perguntei, ansiosa para ficar sozinha e estrangular um travesseiro imaginando ser Luigi.

- Não. Tem mais uma coisinha. - ela se aproximou, falando baixo - Tréville me pediu para avisá-la de que, a partir de agora, o recém chegado bambolotto também vai ajudar na sua investigação. Ela o informou sobre tudo ontem mesmo.

O medo e a preocupação me inundaram imediatamente.

- Você não está falando do...

- Ônix D'Gasperi, sim. - ela sorriu, feliz por minha rápida compreensão.



Ressurgi das cinzas, gente!!!

Desculpem pelo atraso, mas é que esta semana eu viajei e tudo se enrolou. Prometo que não demoro para postar outro capítulo!!!

Bjsss!!!

Porcelana - A Promessa Escondida (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora