UM PONTO DE PARTIDA

Capítulo Trinta e Sete - Eu vou superar

Heloyse

A mulher era uma loira com enormes seios que quase escapavam pelo grande decote do seu vestido vermelho. Vestido esse, que mal cobria suas pernas e juro que se ela se agachasse, daria para ver claramente sua calcinha. Se é que ela estava usando. Tinha os lábios mais vermelhos que já vi e mesmo estando montada no cavalo, eu conseguia ver nitidamente.

Eu sabia quem ela era. Era a mesma que vi algumas vezes, com Will.

Quando o cavalo parou de andar, Will desceu e me deu a mão para que eu pudesse descer também. No rosto dele, notava-se tamanho desconforto.

Quando desci, Will pegou nas rédeas do cavalo e caminhou para dentro do estábulo.

A loira, depois de me olhar de cima a baixo como fazia Patsy, deu um enorme sorriso para Will e correu para abraçá-lo.

Com uma mão, Will segurou as rédeas e com a outra, ele a abraçou desajeitadamente, como se tivesse sido pego de surpresa.

- Oi, gato!

- O que está fazendo aqui?

- Eu vim vê-lo. Há dias estou ligando e você não atende. Sem contar que ultimamente, você está muito estranho, então resolvi ver o que está acontecendo.

Eu fiquei sem saber o que fazer e achei que o melhor era ir embora.

- Não querendo interromper...

- Já interrompeu, querida - disse a loira vulgar ainda com as mãos grudadas em Will.

Ah, como eu queria matá-la! Eu a ignorei e continuei falando.

- Eu agradeço a você por tudo, mas, preciso ir. Até qualquer hora...

Will se afastou dela, fazendo com que ela arregalasse os olhos. Depois, ele pegou em uma das minhas mãos e me olhando, sussurrou um pedido de desculpa. Eu concordei com a cabeça e puxei minha mão para ir embora, mas, ele permaneceu segurando-a.

- Fique e almoce comigo.

- Eu... - não consegui responder por que a voz irritante da mulher me interrompeu.

- Não vai me apresentar à sua amiga, querido?

Ele continuou me fitando por uns segundos, depois de um longo suspiro, se virou para a loira e fez as apresentações.

- Heloyse, essa é Mary. Mary, essa é Heloyse.

- Prazer - ela deu um riso debochado e depois colocou as mãos em volta da cintura de Will. - Will nunca me falou de você.

- Você devia ter avisado que viria.

Ele retirou as mãos dela da sua cintura e cruzou os braços em seu peito, observando-a por alguns segundos.

- Por que está me tratando assim? - ela fez um biquinho que sinceramente, me deu nojo. - Você sempre gosta quando me vê. Não entendo porque está agindo assim.

- Acho melhor você ir. Estou com visitas e não vou poder dar atenção a você.

- Ah... Então você pode recebê-la, mas, a mim, não? - a loira disse elevando a voz.

- Chega, Mary! Sinto muito por não atender suas ligações, só que agora eu não posso dar toda a atenção que você quer. Por favor... Se você puder ir, eu agradeço.

Eu senti uma leve decepção na expressão do rosto de Mary. Lembrei-me do que Johnson disse sobre Will descartar as mulheres como se fossem lixos. Isso me incomodou e me perguntei se seria assim comigo também. Senti medo e decidi que eu não deveria estar ali. Se havia começado algo, isso deveria terminar. Eu não suportaria ser descartada.