Capítulo Quarenta - Estou em chamas

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William

Eu puxei suas pernas para a minha cintura e a levei para dentro da casa. Apoiei minhas costas na parede do lado da porta e sentei, trazendo-a comigo. Não podia perder tempo indo até seu sofá ou sua cama. Eu só queria tê-la ali, com o corpo colado ao meu.
— Eu queria tanto tocar em você — eu disse com a voz grave.
Ela me olhou e depois, com os olhos fechados, me beijou.  Heloyse conseguia ser sensual apenas com aquele beijo.
Eu passei as mãos em suas pernas que estavam cobertas pelo tecido do vestido. A pele macia em contraste com a dureza da palma da minha mão. Heloyse era delicada em todos os sentidos.
Eu levantei um pouco mais a barra do seu vestido e ela parou de me beijar. Colocou as mãos no meu peito e as desceu lentamente. Seu toque me fez endurecer mais ainda.
Quando chegou ao final, ela colocou as mãos debaixo da minha camiseta e lentamente, acariciou meu abdome. Subiu a minha peça, enrolando a barra e depois olhou para mim, esperando que eu levantasse os braços. E eu fiz o que ela queria. Ela jogou minha camiseta longe e se demorou, olhando para o meu estômago. Mordeu os lábios e me tocou novamente.
Ela gostava do que via.
Suas mãos desceram e brincaram com o cós da minha calça.
— Will?
— Sim? — eu disse baixo.
— Eu prometi não deixá-lo se aproximar mais. Mas, eu não consigo pensar direito quando você me beija. A única coisa que penso é em como eu gostaria de tê-lo dentro de mim.
Oh, merda!
Ela não podia dizer coisas desse tipo. Devia ser errado aquela boca tão delicada, dizer algo assim. Aquilo era terrivelmente sexy.
Eu tirei o prendedor de cabelo que estava em seu coque e deixei seus cabelos fartos caírem livremente em suas costas. Coloquei minha mão na sua nuca e a trouxe mais perto, invadindo sua boca com minha língua, em um beijo possessivo.
Possessivo! Essa era a palavra que definia bem o que acontecia comigo sempre que eu estava perto dela.
Eu levantei a barra do seu vestido e passei por sua cabeça. A primeira vez em que fizemos algo assim, era noite e estávamos sob as luzes das velas, mas, eu pude ver o quanto ela era bonita. Agora, em plena manhã, eu a tinha em cima de mim, seminua e eu nunca, jamais, em toda a minha vida, tinha visto algo tão esplendoroso do que Heloyse e seu corpo incrivelmente apetitoso.
Abri o fecho frontal do seu sutiã vermelho, passei as alças por seus braços e o joguei no chão. Olhei para a minúscula calcinha da mesma cor da peça que eu tinha acabado de tirar. As laterais eram finas, de renda e frágeis. Eu arrebentei as laterais e ela olhou incrédula para a peça destruída.
— Eu gostava desse conjunto — ela disse sorrindo.
— Eu não. Prefiro você, sem.
Seu sorriso aumentou e ela ergueu um pouco o corpo.  Puxei sua calcinha e a joguei longe.
Ela tirou o meu cinto, desabotoou minhas calça e eu ergui meus quadris. Ajudei-a descer minha calça e minha box. Quando meu membro saltou livre, Heloyse soltou o ar e sorriu.
— Você é lindo.
Ela me tocou de um modo suave e eu estava quase perdendo o controle. Encostou seus lábios nos meus, sua língua me invadindo e eu senti sua mão me segurar um pouco mais apertada. Me acariciou firme, aumentando o ritmo e se ela continuasse assim, eu chegaria antes do tempo.
Eu peguei sua mão e a parei.
— Preciso que pare, agora.
Ela passou a língua nos lábios e aquilo enviou ondas de desejo pelo meu corpo. Eu toquei seu pescoço e enquanto minha língua trabalhava em dos mamilos, Heloyse se remexia impaciente. Desci minhas mãos até as dobras entre suas pernas e senti o quanto ela estava molhada. E era eu quem a deixava assim.
— Você está pronta pra mim, raio de sol — não era uma pergunta.
— Oh, eu sempre estou.
"Maldita resposta!"
Eu a ergui e a deslizei sobre meu membro latejante. A sua carne era apertada e ela desceu lentamente, até o final.
Heloyse estava com os braços em volta do meu pescoço, a rosto virado para baixo, olhando nossos corpos se unirem. Ela arfou, levantou o olhar e antes que eu pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, ela se movimentou.
Eu queria essa mulher pra mim, de um jeito que eu não poderia explicar. Eu era um macho primitivo, com um instinto animalesco e Heloyse era a presa. Eu só queria devorá-la.
Eu estava com meu jeans ainda cobrindo minhas pernas, enquanto ela estava em cima de mim, completamente nua. Era algo sensual, beirando a perfeição. Eu agarrei seus quadris, me empurrando mais rápido e mais forte.
Ela cavalgava em mim, com os olhos fechados e a boca entreaberta. Seu interior quente me envolvia para cima e para baixo. Havia um incêndio em nós. Enormes labaredas de fogo, queimando nossa pele. Era isso que sentíamos e não podíamos negar.
Seu sexo era quente!
Coloquei meu dedo em sua abertura e circulei ali, arrancando mais gemidos da boca dela.
— Sim, isso... — ela disse com a voz cortada.
Eu circulei meu dedo e entrei nela, mais duro. Eu não iria aguentar por muito tempo e ela, também não. Ela queria chegar ao seu destinado, ao final da estrada e eu a levaria.
— Mais rápido — ela disse.
Eu não era um homem que andava devagar, eu sempre gostei de correr, então, aumentei minhas investidas. Aquilo era quente. Sim, sim, seu sexo era puro fogo.
Eu vi pequenas gotas suor se formarem no vale dos seus seios e eu passei a língua em seus lábios. Eu era um homem sedento.
— Estou quase lá... — falou.
Eu também estava.
Ela mordeu o lábio inferior e eu sabia o que viria em seguida.
Heloyse soltou um gemido alto e senti quando ela se apertou em volta de mim. Gemeu deliciosamente, apreciando seu orgasmo e após algumas estocas, eu me derramei dentro dela, sentindo meu corpo tremer.
Ficamos abraçados, respirando com dificuldade.
Eu inalei o cheiro dos seus cabelos e agradeci mentalmente por estar ali com ela. As duas semanas que passaram, foram terrivelmente insuportáveis. Eu precisava estar ali.
Ela soltou-se um pouco do meu abraço e me olhou, um pouco tímida. Então, uma preocupação bateu em mim e meu coração se acelerou.
— Não usei camisinha.
— Eu tomo pílulas — Heloyse franziu a testa. — Não se preocupe.
Eu assenti, notavelmente aliviado.
— Precisamos nos limpar.
Ela sorriu e se levantou.
Depois que estávamos recompostos, ela me serviu um copo de água. Estávamos um pouco calados, então, a puxei para um abraço enquanto eu estava com as costas apoiada na pia e dando um gole na minha água.
— Eu quero te levar a um lugar. Vamos?
— Agora?
— É! Agora.
Ela se aninhou mais no meu abraço.
— O que tenho que vestir?
— Se quiser, leve apenas duas mudas de roupas. Estou levando algumas coisas para gente comer.
— Como assim? Para onde vai me levar? — perguntou enquanto se afastava para me olhar.
— Para um lugar, que não seja aqui. Eu quero ter esse momento com você. Não posso voltar hoje para casa. Minha casa é vazia.
— Não é estranho, principalmente depois do que houve da última vez que nos vimos?
— Não quero falar sobre isso agora. Por favor, venha comigo!
Ela assentiu e me deu um sorriso.
— Está bem.
— Obrigado!
— Então eu vou pegar as roupas e já volto.
—Tudo bem — falei sorrindo.
Pegou seu celular, três mudas de roupa, roupas de baixo e seus chinelos. Colocou tudo dentro de uma mochila e fomos para a casa dos Ferrel.
Cumprimentei Thom e Cielo e Heloyse notificou-os que não voltaríamos naquela noite. Ela dava satisfação a eles, como se fossem seus pais. Thom foi até a geladeira e pegou um pote com saladas de frutas e deu na minha mão.
— Cielo fez ainda pouco. Está uma delícia.
Eu agradeci e me despedi dos dois, levando a salada de frutas para a caminhonete.
Heloyse demorou alguns segundos dentro da casa e depois, entrou na caminhonete, pegando o pote de salada de frutas. Eu estava posicionado ao volante. Virei a chave, levando o veículo para a estrada.
— Onde fica esse lugar?
— É um pouco longe. Mais ou menos umas duas horas daqui. Você vai gostar.
Os próximos minutos foram longos e silenciosos. Tínhamos essa coisa de estarmos felizes e depois, presos em algum pensamento, longe de onde estávamos.
— Ainda não acredito que você veio — ela disse baixinho.
— Eu também não — falei com os olhos focados na estrada.
O sol mostrava que o dia iria ser mais quente do que aquilo.
A voz de Bruce Springsteen   preencheu o interior da caminhonete. Eu cantarolei os trechos da música com a voz tão baixa, apenas para mim mesmo. Acabei me distraindo com a música.

Às vezes é como se alguém pegasse uma faca baby, nervosa e cega, cortasse seis polegadas no meio da minha alma

Ela olhou para mim por alguns segundos enquanto voltava sua atenção para a estrada.
Continuei cantando.

À noite eu acordo com as fronhas ensopadas e um trem de carga passando pela minha cabeça. Só você pode saciar meu desejo. Oh, estou em chamas

Notei seu rosto corando e suas mãos apertadas, uma na outra. Eu toquei sua mão de forma suave, como se ela fosse de vidro e a qualquer momento ela fosse quebrar. Em seguida, entrelacei meus dedos nos dela. Eu levei sua mão até minha boca, depositando um rápido beijo.
Ela sorriu e eu respirei fundo. Ela não fazia bem para a minha sanidade.
— Posso te perguntar uma coisa?
Eu balancei a cabeça lentamente.
— Me diria algumas coisas sobre a sua infância?
"Não!"
— Eu não sei se falar sobre mim é uma boa coisa.
— Duvido muito. Você me intriga. Acho que eu nunca quis tanto saber sobre alguém, como agora.
Eu engoli em seco, um pouco lívido, mas, resolvi dar isso a ela.
— E o que quer saber?
— Bom... Tudo!
— Isso é muita coisa.
— Então começa a falar o que vem na sua cabeça. Fala sobre... sobre... Qual o seu nome completo?
"Oh, inferno!"
— Antes de ser adotado, eu me chamava William Davies Lewis. Depois, foi tirado o Lewis e no lugar, ficou O'Connor.
— William Davies O'Connor? Bonito nome. Eu gosto de Davies. Soa como o nome de um lindo garoto.
Ela me fez por alguns segundos, gostar novamente daquele nome.
— Minha mãe me chamava de Davies. Era o nome do meu avô, o pai dela.
— Vou começar a chama-lo de Davies — ela disse brincando.
Eu franzi o cenho, a olhei por alguns segundos e voltei a visão para a estrada.
— Só meus pais me chamavam assim. Não gosto que me chamem por esse nome.
— Ok! — ela falou.
Eu percebi que ela ficou sem graça e logo, mudou de assunto.
— Música, comida e lazer.
— Vejamos... Eu gosto de musicas folk, country, rock... Por mais óbvio que seja, como bom texano, eu gosto de chili com carne. Quando não tenho nada para fazer, gosto de tocar violão, dou algumas voltas, ou vou até à cidade.
— Isso é algo solitário.
— Você também é solitária.
— Sou. Mas, nem sempre eu fui. Minha infância não foi tão perturbada quanto a sua.
Ela arregalou os olhos, o rosto vermelho e a mãos, sobre a boca.
— Will, o que quis dizer...
— Tudo bem. Você só disse a verdade.
Por que eu ficaria bravo se era a verdade?
— Se você quisesse conversar, Will... Se você desabafasse comigo...
Eu odiava quando as pessoas queriam que eu me abrisse. Nem a psicóloga que me acompanhou na infância, teve esse êxito.
Apenas Heloyse.
Mas, eu não pretendia contar mais do que eu já tinha contado.
— Não há nada de bom e surpreendente sobre mim, que você queira saber. Isso tudo é novo. Eu estou levando pela primeira vez, uma mulher no meu carro para passar um tempo comigo. Eu nunca tive companhias em que eu precisasse conversar para passar o tempo. Sou um imã que atrai o tédio. Então, não tenho nada interessante para lhe oferecer.
— Tudo bem — ela estava chateada. — Contento-me em ouvir música. Posso aumentar o volume?
— Claro!
E foram músicas após musicas, durante as horas que ficamos na estrada.
Ela já tinha comido um pacote de chips de batata e esvaziado uma lata de refrigerante. Comeu metade da salada de frutas e depois, dormiu.
Algumas vezes, eu tirava o olhar da estrada e a observava dormir. Eu precisaria aprender a lidar com o que estava acontecendo, uma hora ou outra.

Bruce Springsteen: Cantor, compositor, violinista e guitarrista, nascido nos Estados Unidos.

I'm on fire: Lançada em 1985, foi o quarto single de seu álbum Born in the USA.

Nota:
Little girl e Daddy, em inglês, eram formas carinhosas que alguns casais usavam para conversar. São expressões que perdem o sentindo quando traduzidas para o nosso idioma.
Daddy é como se fosse o namorado ou companheiro dela. Antigamente (e alguns até hoje) no Brasil, era bem comum ver a esposa chamar o esposo, de "pai".

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