Capítulo 40

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M A R I A   E L I S A 🌻

Quando eu terminei de falar a última palavra ele me olhou como se tentasse me entender e me soltou, foi pra uma janela bem pequena que tinha, ficou parado olhando pra mesma e se virou pra mim.

— Tu é louca mina? Eu só tenho uma filha, e por sinal está em casa fazendo dever — disse revoltando e andando até a mim —.

— Já se esqueceu da Helena? — perguntei debochada me levando e ficando de frente pra ele, quando eu disse o nome da minha mãe ele me olhou com curiosidade —.

— O que tem ela? — ele perguntou, sem brincadeira e nem ironia na voz —.

— Ela teve um caso com você, mais parece que você esqueceu fácil dela, você mudou muito mas mesmo assim da pra te reconhecer  — falei me lembrando do garoto de antes, e a última parte falando baixo deixando o mesmo confuso — tem uma fase que crianças que não vive com a mãe, com o pai, ou até mesmo com os dois, e no meu caso foi você, papai, que fica com dúvidas porque não está na nossa vida — dei uma risada debochada — quando eu era menor os meus coleguinhas me perguntavam se eu não tinha pai, e eu perguntava pra minha mãe, eu perguntei tanto a ela que um dia ela sentou comigo na minha cama quando vovó não estava em casa, e me mostrou fotos sua, ela me contava de você, ela pediu que eu não contasse pra ninguém sobre isso, principalmente pra vovó — me sentei no colchão e ele na cadeira atentamente nas minhas falas — sempre tive uma das fotos sua que mamãe guardava, ela me deu algumas, quando criança prometia pra mim mesma que te acharia, fazia essa promessa toda noite antes de dormir, e colocava a foto debaixo de meu travesseiro — falei me lembrando — quando adolescente mudei de idéia, aliás, por que você não viria atrás de mim? Eu me tornei muito orgulhosa por causa disso, por causa de você  — olhei pra cara dele e mostrei decepção — por que não veio atrás de mim?

A sala ficou quieta, só dava pra se ouvir nossas respirações.

Ele se levantou, me encarou por um bom tempo e foi em direção a porta e saiu, sem dizer nada.

— Por que contou alguma coisa pra ele Maria Elisa? — perguntei pra mim mesma e me deitei —.

Se passou alguns minutos e ele voltou com uma mulher, parecia ser enfermeira.

Os dois entraram e ela seguiu em minha direção, me levantei.

— Senta aí — ele disse todo grosso e me sentei na cadeira, olhei pra ele sem entender e parece que ele percebeu — exame de sangue.

A enfermeira fez os procedimentos pra tirar meu sangue, e fiz um pouco de careta confesso.

Assim que ela terminou saiu, e sobrou só nós dois novamente.

— Por que não veio atrás de mim? — fiz de novo a pergunta, e fui para o colchão me sentando —.

— Nós não sabemos nem se você é minha filha mesmo — falou e deu uma risada debochada —.

— Tanto eu quanto você sabe disso, que isso é verdade, que eu sou sua filha — falei me levantando e fui pra frente dele — Olha os nossos nariz, a boca, realmente puxei você.

Ele não disse nada, apenas se sentou na cadeira e eu fiquei parada em um canto do quarto.

— Tive depressão — ele me olhou curioso depois de dizer isso — a morte da minha mãe e da minha vó mexeu muito comigo, mais estou bem não estou?

Ele me olhava atento, querendo saber de todas as histórias que eu tenho pra contar.

— Será que você pode pelo menos avisar meu tio que estou bem? — perguntei e ele negou com a cabeça, e eu apenas concordei com a minha —.





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