M A R I A E L I S A 🌻
Quando eu terminei de falar a última palavra ele me olhou como se tentasse me entender e me soltou, foi pra uma janela bem pequena que tinha, ficou parado olhando pra mesma e se virou pra mim.
— Tu é louca mina? Eu só tenho uma filha, e por sinal está em casa fazendo dever — disse revoltando e andando até a mim —.
— Já se esqueceu da Helena? — perguntei debochada me levando e ficando de frente pra ele, quando eu disse o nome da minha mãe ele me olhou com curiosidade —.
— O que tem ela? — ele perguntou, sem brincadeira e nem ironia na voz —.
— Ela teve um caso com você, mais parece que você esqueceu fácil dela, você mudou muito mas mesmo assim da pra te reconhecer — falei me lembrando do garoto de antes, e a última parte falando baixo deixando o mesmo confuso — tem uma fase que crianças que não vive com a mãe, com o pai, ou até mesmo com os dois, e no meu caso foi você, papai, que fica com dúvidas porque não está na nossa vida — dei uma risada debochada — quando eu era menor os meus coleguinhas me perguntavam se eu não tinha pai, e eu perguntava pra minha mãe, eu perguntei tanto a ela que um dia ela sentou comigo na minha cama quando vovó não estava em casa, e me mostrou fotos sua, ela me contava de você, ela pediu que eu não contasse pra ninguém sobre isso, principalmente pra vovó — me sentei no colchão e ele na cadeira atentamente nas minhas falas — sempre tive uma das fotos sua que mamãe guardava, ela me deu algumas, quando criança prometia pra mim mesma que te acharia, fazia essa promessa toda noite antes de dormir, e colocava a foto debaixo de meu travesseiro — falei me lembrando — quando adolescente mudei de idéia, aliás, por que você não viria atrás de mim? Eu me tornei muito orgulhosa por causa disso, por causa de você — olhei pra cara dele e mostrei decepção — por que não veio atrás de mim?
A sala ficou quieta, só dava pra se ouvir nossas respirações.
Ele se levantou, me encarou por um bom tempo e foi em direção a porta e saiu, sem dizer nada.
— Por que contou alguma coisa pra ele Maria Elisa? — perguntei pra mim mesma e me deitei —.
Se passou alguns minutos e ele voltou com uma mulher, parecia ser enfermeira.
Os dois entraram e ela seguiu em minha direção, me levantei.
— Senta aí — ele disse todo grosso e me sentei na cadeira, olhei pra ele sem entender e parece que ele percebeu — exame de sangue.
A enfermeira fez os procedimentos pra tirar meu sangue, e fiz um pouco de careta confesso.
Assim que ela terminou saiu, e sobrou só nós dois novamente.
— Por que não veio atrás de mim? — fiz de novo a pergunta, e fui para o colchão me sentando —.
— Nós não sabemos nem se você é minha filha mesmo — falou e deu uma risada debochada —.
— Tanto eu quanto você sabe disso, que isso é verdade, que eu sou sua filha — falei me levantando e fui pra frente dele — Olha os nossos nariz, a boca, realmente puxei você.
Ele não disse nada, apenas se sentou na cadeira e eu fiquei parada em um canto do quarto.
— Tive depressão — ele me olhou curioso depois de dizer isso — a morte da minha mãe e da minha vó mexeu muito comigo, mais estou bem não estou?
Ele me olhava atento, querendo saber de todas as histórias que eu tenho pra contar.
— Será que você pode pelo menos avisar meu tio que estou bem? — perguntei e ele negou com a cabeça, e eu apenas concordei com a minha —.
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Vivendo em dois mundos
Romance[+15] Ela sabe o que quer da vida, ele já tem suas dúvidas. Acha que se fizer ela se apaixonar por ele vai vencer a guerra, que vai ter mais um traficante na cadeia. Ele acha que se entrar nesse jogo de fazer se apaixonar e não se apaixonar, vai sai...