Capítulo 68

1.2K 123 15
                                    

Era impossível ter um momento de tranquilidade naquela casa, com aquela família. Por essa ela não esperava. As pernas dela estavam bambas, que revelação bombástica! Ela estava simplesmente chocada. E pelo visto, todos na família também, pois fez-se um silêncio mórbido no escritório.

- Como... como o senhor pode inventar tal mentira? Somente para defender aquela mulherzinha? - George falava muito abalado.

- Eu não estou inventando meu filho. Quantas vezes eu ou sua mãe falamos como nos conhecemos? - Joseph perguntou

- Nenhuma, Alice sempre perguntava e mamãe fugia do assunto, ela sempre comentava que achava estranho, mas eu nunca liguei para essas bobagens dela. - Ouviu a voz de Mathew falando.

- Mas eu sou seu filho! Eu me pareço com o senhor e com os meus irmãos que são a sua cara! Vai inventar mais o que para defender a amante de John? - Estava completamente descontrolado

- Sim, vc é meu filho! Mas antes de vc nascer, não existia a modernidade que tem hoje! Quantas famílias foram destruídas por causa de preconceito como o seu meu filho?

George não falou mais nada.

- Eu era um solteirão convicto, trinta e cinco anos, ainda sem casar. Um escândalo para aquela época. Meu pai arrumava diversos casamentos, com as mulheres mais ricas do mundo, mas eu sempre dava um jeito de romper. Eu não queria compromisso com ninguém. O que deixava meu pai bem irritado.

Ela ouviu o barulho de uma cadeira, provavelmente o senhor se sentando e bebendo um pouco de água.

- Numa noite, enjoado dos sermões dos meus pais, de que eu precisaria casar e dar-lhe netos. Eu saí com muita raiva de casa e fui para uma boate. Comecei a beber e de repente vejo uma linda mulher, com traços italianos, cabelos muito negros como a noite e olhos profundamente azuis. Eu fiquei admirado com tanta beleza. Ela parecia muito chateada e bebendo sem parar. Todos que se aproximavam dela, ela colocava pra correr. Eu não aguentei e me aproximei dela. Ela quis resistir mas não aguentou, foi amor à primeira vista.

O senhor fez uma pausa, a voz aparentava muita emoção.

- Nós passamos a noite juntos, e pela manhã quando o efeito da bebida passou, ela ficou desesperada. Me dizendo que era casada, que o marido estava viajando, e que eles estavam em crise. Eu não sabia explicar como uma mulher em apenas uma noite, tinha me deixado perdidamente apaixonado. (Pausa) . Eu fui covarde, mesmo gostando dela, eu me afastei, mas eu não conseguia tirá-la da minha cabeça .

As pernas dela estavam doendo, mas ela não poderia sair dali sem ouvir toda a história do casal Roberts, que tanto se parecia com a deles.

- Uma semana depois eu a encontrei no mesmo bar, e nós começamos a ter um caso. O marido viajava muito e ela ficava entediada. Resumindo a conversa, ela engravidou e dizia que o filho era meu. Eu era covarde. Eu tinha medo dos meus pais, da sociedade, do escândalo, de tudo. Como eu ia dizer que tinha engravidado uma mulher casada? Eu nem tinha certeza que o filho era meu. Eu a fiz sofrer muito durante a gestação, ela se separou do marido, na verdade eles não eram casados no papel, mas viveram desde a adolescência juntos, matrimonialmente. Mesmo ela largando marido, pois tinha certeza que o filho era meu, eu não a assumia, mas também não lhe deixava.

Não se ouvia um ruído na sala.

- Eu a coloquei para morar em um de nossos apartamentos, por coincidência, o que o John mora. Meu pai teve conhecimento do que estava acontecendo e foi ao meu apartamento na hora que eu não estava e humilhou de todas as formas a mãe de vcs. Quando eu cheguei ela tinha partido. Michel na época muito novinho, uma criança entrando na adolescência, presenciou toda a cena e me contou o que tinha acontecido. Eu fiquei louco! Eu não sabia onde ela estava! Então me dei conta que não podia viver sem ela. Rompi com meu pai e fui procurá-la, ela estava com quase seis meses de gestação. Eu lembrei que ela falava que a mãe morava em Las Vegas, e foi lá que eu a encontrei. A dor que eu senti quando ela não estava mais comigo, me fez repensar em muitas outras coisas. O que me valia o dinheiro do meu pai se eu não tinha a mulher que eu amava ao meu lado. Assim que nos reencontramos eu pedi perdão a ela e nós nos casamos em Las Vegas! Eu não queria mais perder a mulher da minha vida, e já não me importava se o filho era meu ou não. Eu simplesmente queria tê-la comigo. E eu criaria aquela criança, minha ou não, como se fosse meu filho.

Ane estava com o rosto banhado em lágrimas, como podia as histórias deles serem tão parecidas? Por isso Joseph sempre a tratava tão bem. Ele via neles, a história de amor que ele tinha vivido no passado.

- Meu pai ficou louco, disse que ia me deserdar. Eu era filho único... minha mãe chorava dia e noite. Vc nasceu filho. Lindo, careca, olhos azuis, a cara os Roberts. Eu fiquei transbordando de amor! Vc era uma criança linda! Enorme, meus pais sempre se orgulhavam em dizer que os bebês Roberts eram gigantes e lindos. Não tinha nada da sua mãe. Veio a cara da minha família para não restar dúvidas de que era meu filho legítimo.

Era muita emoção para um senhor de oitenta anos, ele estava emocionado. Guardar por tantos anos um segrego de família tão cabeludo.

- Meus pais tiveram conhecimento do seu nascimento, e vieram nos visitar um mês depois que vc nasceu. Minha mãe, ficou profundamente apaixonada quando lhe viu a primeira vez. Meu pai apesar do ódio que sentiu ao saber que eu tinha casado, também ficou feliz pelo neto. Aos poucos, nossas vidas foi voltando ao normal. Eu trouxe a mãe de vcs para morar aqui nessa casa. E o resto, vcs já sabem. Ela cuidou dos avós de vcs por toda a velhice, me deu mais dois filhos lindos.

Ane estava em estado de choque! Como eles conseguiram esconder um segredo desses por tanto tento? Finalmente ela conseguiu sair do seu estado de choque. E conseguiu chegar na cozinha. Sentou- se e ficou pensando em tudo o que tinha escutado...

Desencontros da Paixão Onde histórias criam vida. Descubra agora