6. O chamado

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Desolado, percebi que aquele instante havia passado, levando consigo um pedaço importante de minha alma. Aquele sonho jamais se repetiria enquanto eu não fizesse longas travessias. Tudo dependia de mim. Sem força nem direção, sucumbi à tristeza. Havia acordado para a realidade.

Já havia sentido coisas parecidas em outros tempos, mas dessa vez era uma questão existencial. Parecia ter chegado a Noite Escura da Alma, algo que exige uma série de tarefas, com minúcia e dedicação. Algo que nos acorda para uma missão.

Poderia simplesmente deixar aquele sonho passar, muitos outros virão. Afinal, sonhos nos iludem e a realidade vem com o amanhecer.

Mas aquele sonho não. Ele veio com força, chamando para o inusitado.

Ele trouxe o impulso emocional, aquele que derruba as barreiras construídas pela mente racional. Ele trouxe o amálgama dos elementos da natureza, a arte das imagens, palavras e sons. A sombra, aquele lado oculto que se recusa esvanecer. Ele trouxe a maré alta, momento de se adentrar no desconhecido, sem medo do medo. Ele veio com a força da lua e das marés. Ele veio com a força feminina primordial.

Ela estava me chamando.

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