Depois de muitos anos lutando contra os homens de capa preta percebi que não adianta fugir, pois o pensamento os traz de volta na primeira oportunidade. É portanto preciso enfrentá-los através do conhecimento e discernimento. O ponto central de tudo isso está na mudança dos padrões.
A frequência cerebral atua nessas energias sutis assim como a gravidade atua nos corpos. Ela determina processos de individuação, ativando os vários níveis da psique. Em determinado momento ela se depara com nossos demônios. Pode-se evitá-los por os considerar maus, ou ou encará-los em nome do aprendizado. Se eles existem ou não fora da psique pouco importa. Determinadas atividades ou práticas podem ativar faculdades que normalmente estariam latentes produzindo resultados no mínimo estranhos. Através delas nós podemos afetar o mundo externo. O sintoma dessa agitação pode ser tanto um real quanto um percebido aumento na sincronicidade.
A experiência de contato com essas partes do nosso self - vestidas pelas teias dos sonhos e presentes em nosso tecido cultural de medos e expectativas - faz parte deste processo. Existem muitas teorias sobre esses seres e não cabe citá-las aqui, mas parece ser importante conhecê-las, compará-las e equilibrá-las, sem se tornar dogmático com respeito a nenhuma delas em particular.
Este local pode ser chamado de Capela Perigosa. Ela tende a produzir tanto paranoicos quanto agnósticos - e esse é um grande teste inicial. Esse conhecimento é transmitido através de muitas linhas que passam pelas escolas sufistas, pelo cristianismo esotérico, por supostos contatos com extraterrestres, ou com mestres e chefes secretos. Tais seres que podem ou não estar vivendo em nossa terra, mas de qualquer forma possuem poderes sobre-humanos.
Não há história "real". A política do medo aumenta a paranóia de todos, a menos que eles simplesmente fechem os olhos. Ondas de projeção holográfica irradiam da hiperdimensional Capela Perigosa em todos os aspectos da cultura.
Na República, Platão declarou uma relação entre a alma do estado e o estado da alma.
Timothy Leary definiu a Chapel Perilous como uma fase iniciática marcando a transição entre o primeiro neurocircuito ... [e] o arrebatamento permanente do corpo. Crowley se atirou nesse abismo em Bou Saada, no deserto do Saara, ao invocar o demônio Choronzon utilizando magia enoquiana. Robert Anton Wilson a chama de vórtice onde especulações cosmológicas, coincidências e paranóia parecem se multiplicar e depois entrar em colapso, convicção convincente ou loucura, sabedoria ou agnosticismo.
Segundo Jung, idéias coletivas venenosas são sempre compensadas no inconsciente da psique individual; como a paranóia é uma desordem de significado, o remédio para a paranoia do estado pode ser semelhante ao dos indivíduos - uma viagem à Capela Perigosa.
Ficamos prendendo a respiração em animação suspensa diante do paradoxo, o momento de desespero quando estamos mergulhados em mistério insolúvel - enigmas envoltos em enigmas, meias-verdades disfarçando mentiras, teorias erradas que nada explicam. À primeira vista, a capela parece vazia, soprada por ventos empoeirados. É tudo fumaça e espelhos. Mas algo está no coração das coisas. Você deve saber no que está se metendo, mas como pode?
A Capela Perigosa é encontrada no desvio para a obrigação moral. Em O Lobo da Estepe de Herman Hesse, o Teatro Mágico é uma fantasmagoria na qual noções conservadoras sobre a alma como construção própria se desintegram. Há uma renúncia à personalidade durante toda a jornada mágica, contrariamente ao que considera um crescimento equivalente à salvação secular.
A busca é sempre baseada em perguntas. Simbolicamente, para aliviar a secura espiritual o cavaleiro do Graal deve penetrar no coração da terra devastada e lutar contra a Mão Negra para resolver os enigmas que lhe são apresentados.
A Capela Perigosa é o lar mítico do Santo Graal, mas é também uma mentalidade de cercos no estado de espírito - um teste de caráter astral onde se pode entrar em contato com situações e entidades hostis.
Uma "noite escura da alma" não é uma síndrome psicológica, mas uma busca de sentido durante as horas mais sombrias da vida.
Nos dias de hoje, não nos enganemos, o futuro da humanidade está em jogo. Infelizmente não se pode confiar em muita coisa, particularmente em nossos líderes. Agora, podemos confiar em nós mesmos?
Não sabemos por que ou quem estamos lutando, nem contra quem estamos lutando nas sombras escuras. Podemos não saber de que lado estamos e nossos melhores esforços podem ser um bumerangue.
Mas ao se enfrentarem as Sombras da Capela podem ocorrer experiências de iluminação. Podem ter tido essas as do apóstolo Paulo, do buda Sidarta, do profetas Maomé e daqueles do Antigo Testamento. A experiência está presente nas muitas similaridades entre religiões, e se molda pelas experiências e espectros morais. Até episódios de epilepsia são interpretados como expressões de outros mundos.
Fato é que esses organismos, forças ou ideias, fazem parte de nossa atmosfera e do espaço de nossa vida. Cabe ao alquimista interno transmutar estes segredos.
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Nas trilhas de Avalon
Non-FictionUm mergulho nas lendas arturianas e na tradição esotérica ocidental. Com Dion Fortune, Santo Antônio de Pádua, Aleister Crowley, Joan Wytte, Johann von Goethe, Hermann Hesse, Fernando Pessoa, Rowena Cade e Billy Howlins, William Butler Yeats, John...