Como já foi dito, ao voltar da Inglaterra me vi deprimido e solitário.
Sem saber o que fazer, caí na água e comecei a nadar. Isso se tornou uma rotina diária, um transe, um mantra.
Me vi cercado por água, tentando entender o mundo à volta. A água é um universo à parte. Serve para se locomover mas não serve para respirar; fazer ambas as coisas com maestria se chama natação. Certamente evoca a tranquilidade uterina da Mãe, o carinho edipiano, os mitos das diversas Deusas.
Um dia, ao lado da piscina numa biblioteca comunitária, um livro chega em minhas mãos para o meu resgate: "A Cabala Mística", de uma tal Dion Fortune, publicada pela antiga e esotérica Editora Pensamento.
Não tinha idéia, mas era um livro seminal, amplamente considerado uma das melhores introduções gerais à moderna Cabala Hermética. Não se trata de mera interpretação da Cabala: outros meios como a psicologia e a mediunidade são utilizados para explicar o sistema de uma maneira relativamente simples uma complexa teoria.
Ainda tinha medo do que chamavam de ocultismo e hesitei bastante em abrir aquele livro. Contudo, deprimido, não tinha mais muito a perder.
Nunca vi os efeitos mágicos que o livro descreve, mas seguramente sob o ponto de vista mental e ético, a obra me abriu alguns importantes portais de consciência e nunca mais fui a mesma pessoa.
A filosofia da Cabala me transformou.
Dion também. Haveria de procurá-la.
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Nas trilhas de Avalon
Non-FictionUm mergulho nas lendas arturianas e na tradição esotérica ocidental. Com Dion Fortune, Santo Antônio de Pádua, Aleister Crowley, Joan Wytte, Johann von Goethe, Hermann Hesse, Fernando Pessoa, Rowena Cade e Billy Howlins, William Butler Yeats, John...