36. A Cabala Mística

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Como já foi dito, ao voltar da Inglaterra me vi deprimido e solitário.

Sem saber o que fazer, caí na água e comecei a nadar. Isso se tornou uma rotina diária, um transe, um mantra.

Me vi cercado por água, tentando entender o mundo à volta. A água é um universo à parte. Serve para se locomover mas não serve para respirar; fazer ambas as coisas com maestria se chama natação. Certamente evoca a tranquilidade uterina da Mãe, o carinho edipiano, os mitos das diversas Deusas.

Um dia, ao lado da piscina numa biblioteca comunitária, um livro chega em minhas mãos para o meu resgate: "A Cabala Mística", de uma tal Dion Fortune, publicada pela antiga e esotérica Editora Pensamento.

Não tinha idéia, mas era um livro seminal, amplamente considerado uma das melhores introduções gerais à moderna Cabala Hermética. Não se trata de mera interpretação da Cabala: outros meios como a psicologia e a mediunidade são utilizados para explicar o sistema de uma maneira relativamente simples uma complexa teoria.

Ainda tinha medo do que chamavam de ocultismo e hesitei bastante em abrir aquele livro. Contudo, deprimido, não tinha mais muito a perder.

Nunca vi os efeitos mágicos que o livro descreve, mas seguramente sob o ponto de vista mental e ético, a obra me abriu alguns importantes portais de consciência e nunca mais fui a mesma pessoa.

A filosofia da Cabala me transformou.

Dion também. Haveria de procurá-la.

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