23. Cartas de amor

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Mesmo com você distante, sua presença me acompanhava por ruas, praças, e cafés.

Quando voltei, tornei a encontrar a mesma doce criatura que conhecera. Então eu lhe pedi em casamento. A partir deste dia, você começou a ferir-me. E continuou me ferindo. Eu sofria, mas cada vez que nos encontrávamos (...).

"Perdão", você dizia. "Não pretendia fazer isto." Você então se tornava a criatura mais doce do mundo (...). Entretanto, antes mesmo que aquele encontro acabasse algo de brutal tornava a sair de sua boca. Nada do que eu pudesse dizer ou fazer era capaz de impedi-lo; a agressão vinha, e quase me matava.

Eu voltava para casa, e refletia: "se eu aceito o sol, o calor, e o arco-íris, preciso aceitar também o trovão, a tempestade, e o raio." Eu tentava, mas sentia que coisas importantes estavam morrendo dentro de mim. (...) Entretanto, alguma coisa mudara no meu coração, já que minha alma não podia estar sempre resistindo aos constantes ferimentos. (...) a partir daquele instante, você nunca mais me feriu.

(...)

Nossa vida em comum terminou sendo guiada de uma maneira diferente, e por isso fomos salvos. Você me ajudou a descobrir a mim mesmo, e ao meu trabalho. Eu penso que fiz o mesmo com você.


~ Kahlil Gibran

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