O local onde está Berachah um dia foi um campo de batalha.
O autor Paul Weston relata no livro "A batalha oculta da Grã-Bretanha" como ao final da Segunda Guerra Dion Fortune reúne um grupo esotérico por meio de cartas a fim de se engajarem em visualizações como forma de uma resistência para as forças ocultas percebidas dos nazistas no momento em que uma invasão parecia ser uma real possibilidade. Formou grupos em Londres e Glastonbury para trabalhos nos níveis elementar e espiritual. Como muitos não podiam mais se deslocar, em 1939 criou a revista semanal Inner Light por onde enviava suas cartas, onde dizia que a Grã-Bretanha estava em perigo e pedia para que as pessoas meditassem sobre temas, muitas vezes símbolos da Golden Dawn ou arquétipos nacionais. Por toda a Guerra as forças de Glastonbury foram evocadas dessa maneira, com o objetivo de alcançar a alma coletiva da nação. Convicta de que os nazistas usavam poderes perversos para influenciar o resultado da guerra, tentou transformar esses poderes. Não desejava ferir ou destruir o inimigo, mas ter uma Alemanha curada pela paz.
Em estado de emergência, por cartas Violet convidou membros comuns a participarem de trabalhos mágicos que até então eram abertos apenas a iniciados. A determinada hora, todos os envolvidos se concentravam em símbolos como uma chave para os poderes dos Planos Interiores. O Graal estava no centro dos trabalhos mágicos, juntamente com o símbolo da Rosa-Cruz, em complexas associações. A rosa tem 22 pétalas, representando as letras do alfabeto hebreu e os caminhos da Árvore da Vida cabalística. A rosacruz é visualizada debaixo de uma forte luz-diamante, indicando uma fonte poderosa de energia; em seus extremos estariam Marte-Geburah-Poder à esquerda, Júpiter-Chesed-Justiça à direita, Terra-Malkuth-Reino abaixo, um pouco acima a Lua-Yesod-Formação, o Cristo-Thiphereth-Sol em sua intersecção e D'us-Kether-Coroa no topo. Já o Cálice Sagrado representa tanto o Cristo ressuscitado - Sol - Dourado - Tiphereth quanto a deusa-mãe Isis - Virgem Maria - Lua - Azul-púrpura - Yesod. Assim como no mar, movimentos de galáxias determinam o destino de indivíduos e coletividades - numa condição de última unidade. As figuras de sete Mestres eram visualizadas em torno das luzes do Tor; depois apareceram o Rei Artur, Merlin e o Mestre Jesus. Finalmente surge a figura da Virgem Maria, também vista como Binah ou Isis Celestial, carregando o Graal. O Tor agora era a Montanha Sagrada ou Colina da Visão. O nível mais alto era chamado de Torre de Vigia, equivalente à Torre de São Miguel. Símbolos opostos avalônios e ariosofistas eram utilizados por dois guerreiros: de um lado, Miguel-Michael com a rosa-cruz, a balança da justiça e a espada; do outro, Parsifal com a lança sagrada (que teria trespassado o Corpo de Cristo), os dois raios (símbolos que evocam a dupla-runa SS, o martelo do deus do trovão Thor e a idéia de vitória) e o escudo com a suástica negra sobre o fundo branco e vermelho. O guerreiro germânico é inspirado em Parsifal, do romance de Wolfram von Eschenbach, fonte da ópera de Richard Wagner.
Quando a quarta carta foi enviada, ela sentiu que os símbolos tinham ganhado vida e que o contato foi estabelecido com os Mundos Internos. O trabalho de uma mulher e seu pequeno grupo de seguidores dedicados pode ter contribuído ao inexplicável fracasso dos planos dos nazistas de invadir uma pequena e vulnerável ilha.
Dion dera toda sua energia para essa batalha mágica. No outono de 1945, levada para um hospital de Londres com dores de dente, que logo se tornaram sangramentos e leucemia aguda. Morreu alguns dias depois, em 6 de janeiro de 1946, aos 55 anos.
As meditações aconteceram onde hoje está Berachah. Ao lado há uma outra propriedade privada, não aberta para visitantes, chamada Chalice Orchard. Dentro dela, duas casas de madeira caindo aos pedaços são tomadas pela vegetação.
Naqueles locais, hoje em estado deplorável, morou Dion Fortune.
Não consegui acreditar. O portão é o primeiro que se vê ao descer do Tor. Numa construção principal, luzes acesas mostravam que estava ocupada.
Voltando a Berachah perguntei a Jan o porquê daquilo. Ela me disse que o dono tem 94 anos e está muito doente, sendo cuidado pela esposa também de idade avançada. Ambos muito católicos e tradicionais, não querem saber do que um dia aconteceu ali.
Tirei fotos e postei num grupo de mídia social. Muitos lamentaram, mas uma pessoa com conhecimento local disse que o dono provavelmente já encaminhou a situação para após sua passagem. Torço para que aquelas ruínas um dia sejam recuperadas. Violet era da linha cristã e creio que seus atos e obra visavam a igualdade, a liberdade e a fraternidade, algo que em nada atenta contra a fé dos católicos.
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Nas trilhas de Avalon
Документальная прозаUm mergulho nas lendas arturianas e na tradição esotérica ocidental. Com Dion Fortune, Santo Antônio de Pádua, Aleister Crowley, Joan Wytte, Johann von Goethe, Hermann Hesse, Fernando Pessoa, Rowena Cade e Billy Howlins, William Butler Yeats, John...