50. A Ilha Sagrada

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Voltei a Holy Island mas não consegui chegar.

A maré estava subindo em direção ao meu carro, precisei dar uma ré para não atolar.

Não era para ser. Estive lá há dois anos. Dessa vez, foi só para sentir a única energia daquele local.

Lindisfarne foi o nome dado à Ilha pelos primeiros anglo-saxões, mas não se sabe o significado da palavra. Monges de Durham, após a conquista normanda, acrescentaram as palavras Ilha Sagrada em homenagem a mártires cristãos de um ataque viking no ano 793. Saint Aidan construiu ali um mosteiro de madeira em 635 dC, iniciando a idade de ouro de Lindisfarne. Com o apoio do rei Oswald (baseado na vizinha Bamburgh, onde há até hoje um belo castelo), trabalharam como missionários entre os ingleses pagãos da Nortúmbria. Em seu mosteiro eles montaram a primeira escola conhecida nesta área e introduziram as artes da leitura e da escrita, a língua latina e a Bíblia e outros livros cristãos em latim. Eles treinaram os rapazes como missionários práticos, que mais tarde se espalharam pela Inglaterra para espalhar o Evangelho. Com o tempo, Lindisfarne tornou-se conhecido por sua habilidade na arte cristã, da qual os Evangelhos Lindisfarne e suas iluminuras são o mais belo exemplo sobrevivente. Em 1066 os monges construíram um segundo mosteiro, dissolvido na Reforma de Henrique VIII em 1536. Suas ruínas podem ser vistas até hoje. Uma bela igreja paroquial, toda em pedra, é anterior ao segundo mosteiro e ainda funciona.

A ilha é um centro de peregrinação, ponto focal do cristianismo celta. Ali por muito tempo foi enterrado Santo Cuthbert, morto em 687 e, dizem, até hoje habita seu fantasma. A maré me impediu de ser assombrado.

Mas aquele lugar é santo. Não há o que temer. Sente-se na pele algo especial.

Primeiro em Farne Islands, logo ali, a poucos minutos de barco, onde preguiçosos leões marinhos e coloridos papagaios do mar vigiam um farol que guiava os navios por aquelas pedras.

Depois, em Bamburg Castle, naa terras onde pisou Saint Oswald, outro soldado transformado pela Luz.

Finalmente, Holy Island, terra da sagrada caligrafia, cheia de iluminuras, aquela que nos preservou os textos bíblicos dos negros séculos medievais.

A Ilha Sagrada irradia mesmo para aqueles que ficaram por detrás da maré.

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