56. Os Homens Livres

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Foi um choque.

Chegou o progresso. Harrypotterizaram o Castelo de Alnwick. Acabaram com a Spanish City que conheci. 

Acabaram também com o lugar onde morei na Ricky Road há quase um quarto de século. A Universidade mudou muito, foi privatizada, inchou de gente e prédios. Demoliram os alojamentos onde fiquei e construíram um monte de prédios apertados. Os gramados deram lugar a um ginásio de esportes de cinco ou mais andares. 

Cruzando a rua, me deparo com as vaquinhas dos Homens Livres. Os chamados Freemen há séculos têm esse direito. Os pastos continuam lá intactos. Ninguém mexe nas vacas, as pessoas cruzam o pasto sem medo, ninguém invade, ninguém joga lixo no chão. O convívio é totalmente harmonioso entre as vacas e a cidade que cresceu à sua volta.

Quando estudava lá achava aquilo um absurdo. Infraestrutura urbana subaproveitada! Vacas improdutivas! Que transformassem em parque, pois!

A resposta de um colega local desmascarou o meu ridículo utilitarismo:

"Nós não precisamos de mais parques, já temos o suficiente. Nós gostamos das vaquinhas e queremos elas lá."

Em alguns lugares, felizmente, ainda se mantêm velhas tradições.

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