130. Perda de tempo

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Noite em Berachah.

Tinha sido um dia muito comprido. Saí cedo de Penzance, a mais de 500 quilômetros dali. Vi o sol nascer no Mount Saint Michael, desviei do caminho para passar no Mên An Tol, monumento neolítico no meio do nada, de dificil acesso. Dirigi com sono e fome, cheguei a Glastonbury, visitei Chalice Well e a White Spring, depositei uma flor sobre o túmulo de Dion, andei pelas lojas de bruxaria da cidade, parei numa livraria onde quase gastei uma fortuna adquirindo a primeira edição da Sacerdotisa do Mar, comprei uns presentinhos, visitei a Abadia, o Espinheiro Sagrado, o Túmulo de Artur e Guinevere, subi o Tor para ver de lá de cima o sol se por, depositei uma pedrinha em sua base, voltei com frio a Berachah passando por Chalice Orchard. Estava quebrado.

Em Berachah tomei um banho e fui jantar. Dividi a mesa com três holandesas - Fanny, Jacqueline, Margareth - que iam fazer à noite uma vivência com tambores lá em cima no Tor. Elas já tinham visto coisas, disseram. Só que era algo interno, não dava para explicar.

Me despedi delas e fui ao meu quarto. Ali, onde Dion comandou a Batalha Oculta da Grã Bretanha, estava eu, apagando a liz e me deitando numa confortável cama, num quarto New Age, cercado de quadros de anjos e com odores de óleos essenciais. Era um ambiente perfeito para relaxar.

Mas não eu. Estava frustrado com tudo aquilo. Aquela fantasia tinha ido longe demais. Mas já estava lá, a brincadeira havia acabado.

Dormi.

Nas trilhas de AvalonOnde histórias criam vida. Descubra agora