34. Os Chefes Secretos

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Durante algumas etapas da vida me deparei com guias espirituais. Eles podem possuir várias denominações: Mestres Ascencionados, Consciência, Chefes Secretos.

Esse efeito pode ser visto tanto como mediunidade quanto como um corolário contra as vicissitudes turbulentas que atingem as sociedades. Cada indivíduo escolhe sua resposta.

Em vários movimentos ocultistas, os Chefes Secretos são considerados autoridades cósmicas transcendentes, uma hierarquia espiritual responsável pela operação e pelo calibre moral do cosmos, ou por supervisionar as operações de uma organização esotérica que se manifesta exteriormente na forma de uma ordem mágica ou sistema de lojas. Seus nomes e descrições variam ao longo do tempo, dependendo daqueles que refletem sua experiência de contato. Eles são mantidos como se existissem em planos mais elevados da existência ou de futura encarnação. Podem ser descritos como sendo reunidos em algum local especial ou espalhados pelo mundo trabalhando anonimamente.

Uma fonte inicial e influente sobre essas entidades é o livro A Nuvem sobre o Santuário, de Karl von Eckartshausen, 1795. Vários ocultistas desde o século XIX afirmam pertencer ou ter contatado esses Chefes Secretos, transmitindo suas comunicações. A lista inclui Helena Petrovna Blavatsky (que os chamavam de "Mestres Tibetanos" ou Mahatmas), Charles W. Leadbeater e Alice A. Bailey (que os chamavam de Mestres da Sabedoria Antiga), Guy Ballard e Elizabeth Clare Prophet (que os chamam de Mestres Ascensionados), Aleister Crowley (membros superiores da sua ordem), Dion Fortune (que os chamou de "ordem esotérica"). e Max Heindel (que os chamou de "irmãos mais velhos").

Em 1887 Madame Helena Petrovna Blavatsky, fundadora da Sociedade Teosófica, pregava a igualdade e irmandade entre as raças como única forma de solução de conflitos. Blavatsky creditava seus ensinamentos a um grupo de mestres (ou chefes) secretos vivendo em diferentes continentes. Também chamados de Mahatmas, dois deles - Morya e Koot Humi - estariam no Tibete e se ligariam em uma comunidade a outros mestres em regiões como a Palestina, o Egito e a Europa. Baseava-se no ancestral livro tibetano de Dzyan, que apresentava uma densa cosmologia com uma série de níveis a partir dos quais o ritmo do universo foi estabelecido. Uma característica que distingue Helena Blavatsky dos médiuns é que ela não se considerava um veículo passivo de espíritos mas seu comandante. Helena fundou a Sociedade Teosófica - nome baseado nas palavras Deus e sabedoria - que tinha os seguintes princípios básicos: formar um núcleo de irmandade universal sem distinção de raça Credo sexo local ou cor; estudar as religiões filosofias e ciências antigas e modernas; demonstrar a importância desses estudos e investigar as leis da natureza não explicadas e os poderes físicos latentes no homem. Blavatsky falava também de sete raças iniciais, que viriam de reinos chamados Hiperbórea, Lemúria e Atlântida (que teria submergido). Outra raça, do interior da Ásia, era a ariana. Blavatsky considerava todas igualmente.

Mahatma Gandhi pertenceu à Sociedade Teosófica e conheceu Blavatsky. Teosofistas londrinos lhe apresentaram o Bhagavad Gita, que o influenciou fortemente na organização do movimento nacionalista de independência indiano. Blavatsky também esteve presente na vida de Giuseppe Garibaldi, com quem compartilhava a experiência de muitas viagens e o mesmo sentimento de necessidade de liberdade e de humanidade. Churchill falava em seus discursos num reino fantástico hipotético além dos limites conhecidos.

A teosofia de Helena Blavatsky, uma mistura do Ocultismo Ocidental e da filosofia religiosa asiática, propunha a existência de uma sociedade de chefes secretos chamada Grande Fraternidade Branca. As ramificações posteriores da Sociedade Teosófica usaram os termos Mestres Ascensionados e Mahatmas (Mestres da Sabedoria Antiga, diferem em alguns aspectos dos anteriores), seres iluminados espiritualmente que em encarnações passadas foram humanos comuns, mas que passaram por uma série de transformações espirituais originalmente chamadas de iniciações.

Algumas pessoas se autoproclamavam Chefes Secretos, detentores de poderes sobre-humanos. Esse foi o de MacGregor Mathers e de Aleister Crowley, que por esse motivo perderam credulidade.

Os ensinamentos de GI Gurdjieff, conhecidos como Quarto Caminho, mencionavam uma "Fraternidade Universal" e também um misterioso grupo de monges chamado Sarmoung (ou Sarman, ou Sarmouni), que possuiriam conhecimentos e poderes avançados abertos a candidatos adequados de todos os credos. Ele também acreditava em humanos avançados cujas atividades são inteiramente coordenadas visando a um objetivo comum, sem qualquer tipo de compulsão. JG Bennett, estudante proeminente de Gurdjieff e pensador independente, publicou "O Universo Dramático", onde especulava sobre uma Diretoria Oculta desencarnada, ou "Inteligências Demiúrgicas ", vinculadas a uma linhagem historicamente comprovada de Sufis, o Khwajagan, teorias influenciadas por um sufi turco chamado Hasan Shushud.

Em certos ensinamentos esotéricos do Islã, como o Sufismo, diz-se que existe uma hierarquia espiritual cósmica cujas fileiras incluem walis (santos, amigos de Deus), abdals (modificados), encabeçados por um Ghawth (ajudante) ou Qutb (pólo, eixo). As fontes incluem o persa Ali Hujwiri (século IX), Ibn Arabī (séc. XI) e atualmente o sufi Inayat Khan. O professor afegão-escocês Idries Shah considerava-se um expoente sufi e mencionou o Sarmoung ou Sarman várias vezes em suas obras. Shah também ligou vários grupos iniciáticos ocidentais, como os rosacrucianos e maçons, aos sufis.

Também na Maçonaria e no Rosacrucianismo existem líderes superiores ou chefes secretos. Fundada em 1313, a Ordem Rosacruz baseada em treze grandes Adeptos já avançaram muito além do ciclo de renascimento; sua missão é preparar o mundo para uma nova fase que inclui a consciência dos mundos internos e dos corpos sutis, e fornecer orientação segura no despertar gradual das faculdades espirituais latentes do homem. O rosacrucianismo se associa ao iluminismo em oposição à preferência pelo dogma em detrimento do empirismo e influenciou a Maçonaria quando esta emergia na Escócia. Muitas sociedades esotéricas afirmaram derivar suas doutrinas, no todo ou em parte, dos Rosacruzes originais. Grupos que se ligam a uma tradição rosacruz se dividem entre os Cristãos Esotéricos, os Grupos Maçônicos como Societas Rosicruciana; e os grupos iniciáticos como a Aurora Dourada e a Antiga Ordem Mística Rosae Crucis (AMORC). A sociedade Rosacruz procura preparar o indivíduo através do desenvolvimento harmonioso da mente e do coração, num espírito de serviço altruísta abrangente à humanidade.

Maior influência individual no ocultismo ocidental do século XX, a Ordem Hermética da Aurora Dourada foi fundada em 1890 e durou até os anos 1970. O sistema da Ordem se baseava na hierarquia e na iniciação, admitindo mulheres em igualdade de condição com os homens. Ensinava filosofia esotérica baseada na Cabala Hermética e desenvolvimento pessoal através do estudo e conscientização dos quatro elementos clássicos (terra , água, ar, fogo e depois éter), astrologia, adivinhação de tarô e geomancia, magia, incluindo a observação (prática de procurar um meio adequado no momento de detectar mensagens ou visões significativas, através de orientação pessoal, profecia, revelação ou inspiração, adivinhação ou previsão do futuro), viagem astral e alquimia. O nível mais alto era dos "Chefes Secretos", que supostamente dirigiram as atividades inferiores por comunicação espiritual. Como em muitas tradições, alguns seguidores acreditam que eles não seriam seres humanos ou sobrenaturais, mas sim representações simbólicas de fontes reais ou lendárias do esoterismo espiritual.

O livro A Doutrina Cósmica de Dion Fortune se baseou nas forças do Glastonbury Tor e em seus transes, num dos quais mestres se apresentaram. Ela os chamou de Chefes Secretos, adeptos do plano interno que seriam como nós, só que sem um corpo. Ganharam sabedoria, não são deuses ou anjos; o que eles são nós podemos nos tornar pelo pensamento. Contatos por imagem se tornam formas astrais, canais pelos quais forças invisíveis trabalham. Mesmo que essas imagens não sejam propriamente corretas, são tangíveis os resultados da prática de conversar com os mestres espirituais.

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