Refém do medo

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Prendo a respiração e dou alguns passos para trás quase caindo quando meu salto enrosca em um dos buracos do beco sem saída. Puxo meu cardigan sobre meu peito e protejo minha barriga com minhas mãos.

- Fiquem longe de mim - Rosno.

- Ela pensa que dá medo - A mulher ri e puxa do bolso do seu sobretudo uma seringa cheia de um líquido incolor - Vamos dar um passeio, querida.

Arregalo os olhos e tento correr mas o homem me agarra pelos braços e tapa minha boca enquanto a outra injeta o líquido em meu braço.

- Bons sonhos, princesinha.

Arregalo os olhos desesperada quando meu corpo enfraquece e com facilidade o homem de bigode pretos me pega no colo, aos poucos minha consciência se esvai e eu mergulho em uma escuridão sem fim.

                        ★★★

Abro meus olhos confusa com o bip contínuo que parece perfurar meus timpanos, cada vez soando mais alto e forte, ou apenas era por motivos que eu estava me recobrando de um desmaio.

O som insistente persiste e se torna mais rápido, conforme lentamente minha mente escorrega para a realidade e eu me vejo deitada em uma cama de hospital, repleta de fios e agulhas ligados ao meu corpo.

- Que bom que acordou - Uma mulher se aproxima sorrindo maldosamente.

- Meus filhos, onde estão? - Pergunto desesperada ao notar que minha barriga voltou a ser lisa como antes.

- Em um lugar muito melhor - Ela responde sem tirar o sorriso psicopata do rosto.

                       ★★★ 

Ugh... 

Arregalo os olhos apenas para grunhir ao sentir o mundo mudar de eixo quando a vertigem se faz presente o suficiente para me dar náuseas. Engulo em seco lutando contra a vontade de vomitar já que o gosto da bile sobe a minha boca várias vezes seguidas e me sento sobre minhas pernas para observar o lugar onde estou.

Meus olhos vagueiam pelo cômodo nú de decorações e móveis, somente uma cama de dossel se destaca no quarto branco. O desespero me consome quando percebo que estou confinada nesse lugar sem saber nem onde estou, levanto-me do chão e me seguro na cama para recobrar o equilíbrio, suspiro e ando até a porta grossa de madeira negra giro a maçaneta e puxo a porta apenas para me certificar que realmente estou presa.

Um grito alto sobe do fundo da minha garganta e eu fecho as mãos em punhos esmurrando a porta.

- Me deixem sair! - Grito - Agora!

Afasto-me esperando que alguém me tire dessa prisão, porém apenas o silêncio vêm como resposta aos meus gritos. Meus olhos se enxem de lágrimas e eu me recuso a chorar, coloco minhas mãos no rosto e respiro fundo algumas vezes controlando meu coração que bate forte. 

Lentamente ergo o olhar para a janela trancada e corro até ela para abri-la.

- Não, não, não! - Grito quando não consigo abri-la e observo meus dedos quase sangrando.

Apóio minhas costas na parede e deslizo até me sentar no chão, grito sufocado com a dor e o desespero de não saber onde estou.

- Socorro! - Exclamo e deixo minhas lágrimas rolarem livres - Meliodas! 

Fecho meus olhos quando começo a hiperventilar e percebo que irei desmaiar logo se não me acalmar, os gêmeos se tornam inquietos para completar meu estresse e eu puxo as pernas em direção ao peito ou tentei já que minha barriga não deixa essa aproximação acontecer.

Uma ressaca de nove mesesOnde histórias criam vida. Descubra agora