Olhos vermelhos

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Sabe aquele dia de merda, em que pensamos que não deveríamos nem ter  levantado da cama, porque simplesmente nada está dando certo?

Simplesmente aconteceu comigo hoje, acordei com o pé esquerdo, pronta para que coisas irritantes aconteçam.

- Não acredito nisso - Resmungo ao olhar meu reflexo no espelho da penteadeira em frente minha cama.

Indignada empurro meus cobertores para o lado e sem paciência passo meus dedos por meus cabelos que estão em um ninho de nós difíceis de desfazer, deslizo para fora da minha cama e arrumo minha blusa  de mangas longas e a calça de algodão com estampas de corações rosas, suspiro e calço meus chinelos, caminho tranquilamente até o banheiro ligado ao meu quarto e abro a torneira do lavatório coloco minhas mãos de baixo da água fria e faço careta enquanto reúno coragem o suficiente para lavar meu rosto.

Alguns minutos depois tiro meu pijama e caminho até o box ligando o chuveiro na temperatura mais quente possível, pacientemente passo o sabonete em meu corpo.

Depois de um bom tempo saio enrolada em uma toalha e pego a primeira peça de roupa que encontro pela frente, rapidamente visto meu vestido longo branco de mangas e calço minhas sapatilhas, sento-me no banquinho acolchoado da minha penteadeira e pego minha escova de cabelo e pacientemente começo a desembaraçar os nós. Sorrio e balanço minha cabeça apenas para admirar como meus cabelos ficaram bem arrumados e prendo uma parte em grampos para que eles não caíam no meu rosto.

Meu celular apita e eu olho para a telaz seguro um grito e pulo do banquinho.

- Estou atrasada! - Exclamo mesmo que ninguém vá me responder, afinal, moro sozinha.

Corro para fora do meu quarto largando minha cama revirada e uma bagunça terrível, tudo graças ao meu celular que atrasou o horário, paro na sala para resgatar minha bolsa sobre o sofá e saio em disparada para a garagem onde está meu carro.

Apressada abro a porta do meu New Beetle e coloco a chave no contato e giro, porém me surpreendo quando o motor do carro não liga e apenas faz um barulho estranho antes de tudo ficar quieto novamente e algumas luzes piscam no painel.

- Oh não - Gemo inconformada - Logo hoje!

Pulo para fora do carro e saio da garagem agradecendo aos céus por não morar muito longe da cidade, seguro a saia do meu vestido para que eu não tropece nele e saio correndo em direção as ruas mais movimentadas de Liones.

- Com licença - Desvio de uma mulher carregando algumas sacolas plásticas e continuo correndo até o ponto de táxi mais próximo.

Passo em frente a algumas lojas em que os donos estão chegando agora e passo por alguns que estavam em um pequeno grupo no meio da calçada.

- Cuidado para não cair, menininha! - Um deles grita e eu reviro os olhos segurando a vontade gritar que sou adulta.

Faço a curva e solto um gritinho quando choco de frente com alguma coisa dura que me faz cair para trás, o impacto das minhas costas contra a calçada não dói mais que meu cotovelo que de chocou dolorosamente no concreto.

- Aí - Resmungo e meus olhos se enchem de lágrimas.

Sento-me e esfrego meu cotovelo para tentar passar a dor que me perturba, olho para minhas pernas e lentamente ergo a cabeça ao notar que há alguém parado na minha frente.

- Você não pode correr como uma louca desvairada, menininha - Ele diz sério e se agacha.

Observo admirada o quão alto ele é em comparação a minha altura.

- Você se machucou? - Ele questiona e eu nego.

- Estou bem - Resmungo - Desculpe por bater em você.

Uma ressaca de nove mesesOnde histórias criam vida. Descubra agora