- Vou ao banheiro - Digo e me levanto da cadeira.
Caminho em direção à porta fechada dentro da minha sala e a empurro para poder entrar no meu banheiro completamente branco. Paro em frente ao lavatório e lavo minhas mãos antes de curvar-me para enxaguar minha boca a fim de tirar um pouco do sabor doce impregnado em minha língua, observo meu reflexo no espelho e prendo meus cabelos em um coque frouxo deixando apenas minha franja solta.
- Aí! - Exclamo baixo de dor ao sentir uma pontada forte de cólica junto a um chute dolorido de um dos bebês.
Seguro-me na porcelana branca do lavatório e fecho meus olhos com força enquanto tento controlar minha respiração falha.
Abro meus olhos novamente e engasgo com o ar em uma mistura de choque e pânico.
- Meliodas! - Grito em desespero e a porta do banheiro é aberta com tanta força que a mesma bate na parede e o loiro entra feito um furacão.
Horrorizada observo o líquido escarlate escorrer por entre minhas pernas e manchar o branco imaculado do meu vestido.
★
Trêmula levo minha mão até a mancha no tecido e meus dedos ficam manchados com meu sangue, apavorada ergo meu olhar e minhas pernas não conseguem suportar meu peso, Meliodas corre e me segura nos braços a tempo de não me deixar cair.
- M-meliodas - Gaguejo olhando para minha mão - E-eu...
- Vamos para o hospital - O loiro diz sério e me ergue nos braços, já caminhando em um ritmo constante para fora do banheiro, tombo minha cabeça em seu ombro e observo algumas gotas de sangue que sujou o chão branco - Segure-se em mim, baby.
Entorpecida pelo pavor e enrosco minhas mãos na nuca dele, nem sequer me importando se irei sujá-lo com meu sangue. Meliodas desce as escadas praticamente correndo e chuta as portas abrindo-as e passa por elas como um furacão.
O loiro me põe sentada no banco do passageiro e bate a porta do carro com força antes de praticamente pular por cima do capô e se senta no banco do motorista já ligando o Veloster, o motor ruge quando Meliodas dá a ré para sair da vaga e troca de marcha.
Coloco minhas mãos em meu baixo ventre sentindo um incômodo alí junto da cólica persistente.
Meliodas acelera mais quando o semáforo fica vermelho e eu fecho meus olhos com força temendo que algo mais grave pudesse acontecer. Meu medo se torna mais forte quando percebo que os gêmeos pararam de se mexer.
- Me-Meliodas... - Engasgo com meu choro alto - E-eu estou com medo.
- Vai ficar tudo bem - Meliodas afirma e sem deixar de olhar a estrada a sua frente ele agarra minha mão esquerda.
Usando apenas uma mão ele vira o volante para o lado direito cantando pneu já que ele não diminui a velocidade, seguro sua mão com mais intensidade assim que sinto uma pontada no ventre.
- Eu estou perdendo eles! - Grito amedrontada e o loiro pisa no freio, arrastando os pneus antes do Veloster finalmente parar.
Ele sem se dá o trabalho de desligar o carro antes de sair e me pegar no colo, agarro em sua camisa e Meliodas entra no hall do hospital. Algumas enfermeiras que conversavam animadas com a recepcionista correm para me socorrer enquanto uma delas busca uma cadeira de rodas.
- Chame o doutor! - Uma delas exclama - É uma emergência.
Ela empurra a cadeira levando-me para uma parte afastada da sala de espera.
- Meliodas! - Exclamo quando o preço de vista e ele aparece do meu lado.
- Estou aqui, baby.
Meu olhar caí sobre minhas pernas e vejo o sangue fresco, o que me deixa ainda mais nervosa e meu coração bate forte o suficiente para doer meu peito e ouço o sangue correr em minhas veias.
- Ugh - Curvo-me ao sentir dor novamente - Eu tô' com medo!
A enfermeira empurra uma porta branca, onde descubro ser uma sala de emergência.
- O médico já está vindo...
- Estou aqui! - Gowther entra vestinfo seu jaleco.
Sua expressão sempre indecifrável se torna espantada ao ver o sangue e ele coloca um par de luvas de látex com rapidez.
- Coloque-a na maca - Ele diz para a enfermeira que atrapalhada me auxilia a deitar na maca que deixa minhas pernas para cima e separadas.
Meliodas agarra minha mão e a acaricia para me acalmar enquanto com ajuda da enfermeira Gowther faz o exame que fiz em Camelot.
- Não tem dilatação... - Ele murmura e se afasta retirando as luvas sujas de sangue e puxa para perto da maca o aparelho de ultrassom - Vamos ver com um ultrassom.
A enfermeira cobre minhas pernas.com um lençol azul escuro e empurra meu vestido para dar acesso a minha barriga onde Gowther despeja uma quantidade razoável de gel e pressiona o aparelho em meu ventre. Imediatamente olho na tela onde os dois contornos aparecem junto com o som dos corações batendo rítmicos.
Sem dizer nada ele se afasta cobrindo-me com o lençol e suspira conversando baixo com a enfermeira.
- Vamos interná-la - Gowther se vira para nos encarar.
Eu vou tê-los?
- Com urgência - Ele completa e Meliodas engasga com o ar.
- Vou assinar os papéis da internação. - Meliodas afirma e beija minha testa - Eu já volto meu amor.
Seguro sua mão com força e minhas unhas de tamanho mediano finca na pele dele.
- Não me deixe sozinha - Sussurro suplicante - Eu estou com muito medo, Meliodas.
Meliodas beija minha mão e passa seus dedos suavemente pelo meu pulso tento me passar a sensação de conforto, mas percebo em seu olhar desfocado que ele está tão assustado quanto eu.
- Eu estou aqui com vocês - Ele diz e repousa sua mão sobre minha barriga - Irei proteger vocês três.
Sorrio e sinto minha garganta doer por conta do choro que tento conter inutilmente.
- Nós vamos precisar da sua proteção - Afirmo baixo e ele acena com a cabeça e se curva para beijar minha testa antes de me olhar nos olhos.
- Eu volto logo.
Observo Meliodas se virar para sair da sala de emergência e noto a forma que seu jeito de andar está rígido assim como suas costas estão tensas.
Assim que a porta se fecha deixo meu choro sair livremente e Gowther se aproxima silencioso me entregando um lenço de papel.
Um misto de sensações e emoções estão borbulhando dentro de mim.
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Uma ressaca de nove meses
Fiksi Penggemar- Vamos Elizabeth - Diane segurou minha mão e olhou-me com carinha de choro. - É só uma balada. - Eu não quero ir, Diane - Resmungo - Eu não gosto de festas, nem de barulhos ensurdecedores. - Não é barulho. É música - Diane revira os olhos. - É uma...