Carícias

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Ainda abobada empurro a porta do apartamento e entro tirando minhas sapatilhas, Ban entra logo atrás e tranca a porta caminhando em seguida até a cozinha para deixar nossas compras sobre a mesa. Ele volta alguns minutos depois e sorri ao me ver ainda com expressão alegre.

- Seu sorriso é contagiante - Seu riso corta meu estado de devaneios - Por que está tão feliz?

- Elizabeth me mandou mensagem dos últimos preparativos para a chegada dos gêmeos, e é tudo tão lindo. - Suspiro lembrando-me das imagens que ela me mandou - Cheio de babados e detalhes delicados.

Ban ri baixo de minha expressão e eu sento-me no sofá observando-o séria, o que imediatamente tira seu sorriso e ele também se torna sério.

- O que aconteceu?

- Nada - Encolho os ombros - Há quanto tempo estamos juntos Ban?

- Hum... - Ele se senta no sofá à minha frente - Acho que quatro anos.

Concordo e percebo a sutil expressão de alívio em seu rosto por se lembrar de quanto tempo estamos namorando, se não estivesse tão séria, até poderia rir de seu alívio.

- Isso mesmo.

- Por que a pergunta? - Ban relaxa o corpo e eu suspiro.

- Você pensa em se casar comigo? 

Os olhos dele arregalam-se e Ban me fita espantado.

- Claro que sim! Só acho que ainda é cedo.

Suspiro com sua resposta e passo os dedos por meus cabelos desarrumando-os.

- Ban... Eu pensei bastante nos últimos dias, quer dizer, acho que semanas, e cheguei a uma conclusão...

- Ah droga - Ele sorri amarelo - Vai terminar comigo não é?

Desta vez sou eu quem o encara com espanto e balanço a cabeça negando veemente.

- Eu não tenho a intenção de deixá-lo nunca! - Exclamo e Ban sorri fraco - É outra coisa.

- O quê?

Fico em silêncio olhando para minhas mãos sobre meu colo e em seguida engulo em seco com a incômoda sensação do meu coração martelando no peito pela ansiedade.

- Eu... Eu - Respiro fundo - Quero ser mãe!

Mentalmente preparo-me para ouvir Ban dizer todos os problemas que iremos enfrentar com uma possível gravidez - como ter que nos mudar para um apartamento maior, os gastos que irão dobrar - porém fico surpresa ao notar seu completo silêncio e ergo o olhar apenas para me assustar com a palidez extrema dele e o olhar vidrado.

- Ban? - Chamo atraindo sua atenção.

- Você tem certeza? - Ele questiona baixo - Não acha que é muito cedo?

Mordo meu lábio inferior tentando não fazer uma careta de decepção ao ouvir a pergunta que menos queria.

- Não eu... Ah, quer saber, esquece. - Levanto-me do sofá e tento sair da sala porém os dedos esguios de Ban se prendem ao meu pulso e eu deslizo meu olhar para seu rosto, notando a forma intensa que ele me encara.

- Não me entenda mal, menininha - Ele sorri fraco ao falar o apelido que ele me deu - Eu quero muito ser pai, é o que eu mais quero, uma mini Elaine correndo pela nossa casa e gritando "papai", mas eu quero um filho quando você se sentir preparada para isso, não porque se sente forçada a ter um bebê por causa do meu sonho.

Mas eu quero - Sussurro encarando meus pés descalços - Eu quero ter um bebê.

- Uau - Ban ri - Eu não acredito que estou ouvindo isso.

Uma ressaca de nove mesesOnde histórias criam vida. Descubra agora