- Eu não acredito nisso! - Exclamo de repente ao terminar de ouvir as lamúrias da minha colega de trabalho.
- Pois é - Ela suspira audivelmente - Eu estou péssima em saber que aquela boate onde eu iria hoje de noite, foi fechada para uma festa particular.
- Eu achei que era alguma coisa mais grave! - Reclamo - Não faça isso.
- Mas é grave - Ela resmunga - Eu adoro ir naquela boate.
- Vá em outra - Encolho os ombros e pacientemente arrumo os cardápios do café.
- Você irá comigo? - Ela questiona esperançosa.
- Não.
- Por quê?!
- Porque não quero, simples assim.
- Você é solitária Gelda - Ela comenta - Vive sozinha naquele apartamento e só sai para vir cuidar desse lugar.
Ergo meu olhar para ela que analisa minuciosamente suas unhas.
- Se quer ir para uma boate, vá sozinha - Afirmo - Não vou ficar de vela enquanto você se agarra com um completo desconhecido. Ren "a garra negra" se vira bem sozinha.
Ela suspira e revira os olhos.
- Mas qualquer pessoa é uma desconhecida para nós até finalmente a conhecemos.
- Tanto faz - Falo - Eu não irei.
- Tudo bem - Ela bate as mãos espalmadas sobre o balcão - Eu vou sozinha.
Observo ela se retirar para atender alguns clientes e solto o nó do meu avental.
- Preciso sair - Digo assim que ela se aproxima novamente - Vou ir pagar alguns boletos.
- Eu cuido das coisas por aqui - Ela diz séria.
Saio detrás do balcão checando se todos os boletos estão dentro da minha bolsa, saio da minha cafeteria e fecho os botões do meu sobretudo cinza, enfio as mãos nos bolsos enquanto caminho pelas ruas frias e movimentadas de Edinburgh.
Sorrio ao ver uma mulher passar apressada enquanto protege nos braços um pequeno bebê envolto em cobertas e bem agasalhado. Olho para mim mesma e ainda com as mãos dentro dos bolsos do meu sobretudo, toco minha barriga lisa imaginando quando chegará minha vez de ser mãe.
Um sonho que está bem longe de acontecer já que apenas caras babacas vêm em meu encontro com cantadas ridículas e flertes mal feitos. Ou talvez seja só eu que ainda tenho aquela esperança de quando era adolescente, de encontrar meu príncipe encantado por quem me apaixonarei perdidamente.
Suspiro e viro uma curva para ir em direção ao banco que não fica muito longe de onde trabalho, mas me surpreendo quando acabo esbarrando de frente com alguém e acabo caindo com a força do impacto.
- Oush - Resmungo e abro os olhos que eu nem tinha percebido que fechei quando cai.
Sinto a calçada fria pressionando minhas costas e uma dor latejante em meu pulso esquerdo.
- Você está bem? - Um garoto de cabelos negros bagunçados e olhos tempestuosos surge no meu campo de visão.
- Não - Resmungo e sento-me abraçando minha mão doendo.
- Desculpe - Estranho sua voz ser tão grossa para um garoto jovem - Eu não estava prestando atenção para onde ia.
Ele estende a mão e eu observo sua luva de couro antes de aceitar a ajuda. Com extrema facilidade ele me ajuda a ficar de pé e me guia para sentar em um dos bancos de madeira da praçinha.
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Uma ressaca de nove meses
Fanfiction- Vamos Elizabeth - Diane segurou minha mão e olhou-me com carinha de choro. - É só uma balada. - Eu não quero ir, Diane - Resmungo - Eu não gosto de festas, nem de barulhos ensurdecedores. - Não é barulho. É música - Diane revira os olhos. - É uma...