Prólogo

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Escurecia, o ar frio chegava com a noite do meio de julho, as árvores ao redor não ajudavam, estava sentado sobre o muro de observação, tinha uma boa visão da base de acampamento dos chamados "conquistadores".

— Desça aqui, não terminamos nossa conversa! ⸻ Iori resmungava como uma tia velha abaixo de mim.

⸻ Sim, terminamos, velho. ⸻ falei dando de ombros.

⸻ Queremos discutir sua estratégia, não estamos certos de que mandar nossa melhor arma para o inimigo seja o melhor a fazer.

Sorri descascando uma laranja com as mãos — Eu posso fazer... — foi a única coisa que pude dizer, depois que os velhos começaram a resmungar, revirei os olhos fazendo um dos garotos rir, e tinha certeza que ele levaria uma paulada nos joelhos por isso. Eu mesmo a daria, se estivesse com ânimo.

—Eu sei o que vai dizer, eu preciso saber me controlar... mas acredite em mim quando digo que posso fazer isso, eles são em o que? Uns trinta? Quarenta no máximo. Eu posso dar conta disso, posso entrar sem ser visto e eles nem vão saber o que houve. Na verdade, eu sou o único aqui que realmente pode fazer isso. Você sabe.

Olhei para meus companheiros, amedrontados, todos novatos, ainda cuidadosos demais com seus próprios pés para entrarem em combate. E os comandantes, velhos, experientes e cautelosos demais.

— Senhor Willian? — Comandante Artur, ergueu sua voz para mostrar como era importante perante os garotos. − Tenha a bondade de me acompanhar?

Sorri para eles me virando com um sorriso de deboche, cuspindo um dos gomos mastigados — Tenho certeza que com bondade é imensamente mais caro, Senhor. Mas sim, eu o acompanho.

Segui para sua "tenda de estratégias" e sabia que levaria mais um de seus eloquentes esporros. Fazia isso com mais frequência do que eu podia suportar.

Ele parou diante de sua mesa, e tudo o que fez, foi cruzar suas mãos nas costas e me encarar, como um cão velho e rabugento que ele era.

— Will, por favor, isso é suicídio. O que você quer que eu autorize... será seu fim se o fizer. Não posso perder você, Garoto. É meu melhor homem. Não tenho pudor ao dizer isso, mesmo que esteja massageando seu ego já tão avantajado.

Quase fiquei tocado com as palavras, ele não era homem de implorar. Aquilo quase me fez socar sua cara velha e flácida.

— Tem a minha palavra de que não vou morrer. Eu vim de muito longe para ficar apenas olhando essa guerra derrubar mais homens do que eu posso contar. Esse é o último reduto desses malditos, não somos como os tolos que partiram, se não acabarmos com eles, ninguém mais vai conseguir. Deixaram o coração do problema para trás. E cabe a nós resolvermos isso.

— Você tem coragem, e não posso negar, mas não quero recolher seus pedaços das árvores.

Sorri — Dou liberdade a você e aos outros de não se darem ao trabalho de recolher meus pedaços. Se eu falhar, devem partir. Se eu falhar, mereço ser deixado.

Caminhando de um lado para o outro, ela ainda buscava uma forma de me impedir — Devíamos esperar os reforços, aposto que aquele acampamento é apenas uma pequena parte dos homens que eles têm à disposição, não podemos contra eles, não sozinhos.

Me aproximei ainda mais — Nós precisamos cumprir a missão. Se formos embora, todos os homens que morreram aqui, terão morrido em vão. Eles vão se reestabelecer, não podemos deixar que isso acabe como terra de ninguém, você me tirou de outra missão, e não vou deixar essa inacabada.

Dessa vez ele não argumentou contra, apenas baixou a cabeça. — Que seja! Dessa vez você tem minha aprovação para agir. Mas quando voltar, com êxito ou não, vamos partir. Não é nossa função reestabelecer fronteiras. Limpamos a área e que os governantes se virem!

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