53 Os planos de Deus?

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Will

O jantar ia bem, até Leon parar ao meu lado e fazer sinal para que todos permanecessem em seus lugares, naquela noite, insisti com Maria para que ela tentasse estar a mesa para ouvir o que tínhamos a dizer, e mesmo não estando bem, ela aceitou.

Respirei profundamente antes de começar — Muito bem, senhores, eu venho dizendo que precisamos nos preparar já há algum tempo, e... — eu nem conseguia disfarçar o pesar na voz — Interceptamos uma mensagem de rádio, onde dão a entender que o ataque acontecerá em oitenta dias...

Eles se entreolharam, mas Juan elevou os ombros me olhando — E que medidas devemos tomar, senhor?

Soltei o ar, me inclinando para a frente — Vamos escoar o maior número de pessoas até a fronteira do que restou do Brasil. Como garantia de entrada, deverão apenas ficar de passagem, veremos como ter acesso a saída de lá após o primeiro grupo partir e os encarregados voltarem.

— Como vamos definir quem vai, senhor? — Miguel me olhou apreensivo.

— As famílias de vocês serão a nossa prioridade, se vão lutar, merecem ter a garantia de que seus familiares estarão seguros. Em um segundo momento, mulheres e crianças, após isso, se ainda houve tempo, idosos em condições de viajar. — fiz uma pequena pausa — Eu quero que entendam que precisamos tirar o máximo de pessoas daqui, quanto menos civis estiverem dentro de nossos muros, mais liberdade teremos para matar os invasores.

— Acha que temos chances, senhor?

Fitei minhas mãos, mas elevei o olhar para eles — Acho que se acreditarmos que temos, então teremos! Escutem... Vocês são treinados para sobreviver. São meus homens, e não os treinei para a morte. Os treinei para serem mais espertos que a morte. Nós vamos defender esse lugar. E enquanto houver chance de manter nossa vila viva, não vamos parar de matar. Eu vou matar por vocês, por meu filho que quero conhecer mais que tudo no mundo, por Alicia. Eu vou morrer se for preciso. Mas vou morrer do lado certo e defendendo quem merece ser defendido. Não estou pedindo que morram por mim, estou pedindo que pensem se vale a pena lutar pelo que construimos aqui. E se chegarem a conclusão de que não vale a pena... As portas estarão abertas e terão lugar no primeiro comboio.

Olhei para eles, para cada um deles naquela mesa e ali estava. Em seus olhos, em suas posturas, em seus rostos e braços feridos e cansados.

Eu fico, eu fico, eu fico, eu fico, e assim por diante até o último homem, até Alicia segurar minha mão sobre a mesa — Eu fico.

Assenti — Amanhã começaremos a convocar os indicados para a viagem, e Guardião anunciará a decisão em uma reunião. Estejam preparados, pode haver revolta. Quando tudo vai bem, a alegria impera, basta um problema e seremos os vilões da história. Controlem a situação, será um bom desafio para começar.

— Acha que há risco de eles atacarem antes? — Maria me encarou.

— É uma possibilidade, por isso começaremos com as famílias. Para terem um prazo tão longo, devem estar esperando reforços.

Ela baixou os olhos — Gael pediu que eu fizesse repouso, uma viagem como essa, seria arriscada para nosso filho.

Olhei para ele que me assentiu — Há um tempo para que se torne seguro, Gael?

— Após o terceiro mês. — disse ele olhando de mim, para ela.

Pisquei baixando os olhos — Um limite apertado, mas tudo bem, esperaremos. Seu lugar estará guardado seja em que viagem for.

— Quando o primeiro comboio vai sair? — um deles perguntou.

— Acredito que em dois dias. Os homens de Gael já vem montando a logística. Os carros levarão as pessoas e voltarão trazendo o combustível para a próxima viagem. Então nesse período, acredito que conseguiremos que pelo menos metade das pessoas estejam fora daqui até o ataque.

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