1 Que se foda a solidão

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Will

Três meses depois

— Como está hoje Will? ⸻ Diana sorriu, como todos os dias, me cumprimentando com seu inglês fluidamente decorado.

Sorri sem a mínima vontade — Ótimo! Acho que não poderia estar melhor.

Ela também riu — Tudo bem, três meses já me fez capaz de entender seu sarcasmo apurado. Eu não queria que me visse assim. Não queria que tivesse uma visão ruim do que estamos fazendo aqui.

Dei de ombros — Não sei qual é o problema com vocês. Me manter aqui é engraçado? Porque eu não estou rindo disso.

Ela baixou os olhos — Nosso líder tem planos para você, e eu acho que você deveria começar a pensar sobre isso, se quiser um dia sair daqui.

Cruzei os braços — Você se acha bem esperta não é Di? Mas vou te dizer a mesma coisa que repito sempre. — Me inclinei para ela, parando estrategicamente com os cotovelos sobre as coxas — Não estou interessado em nada disso. Se quer saber a verdade, não tenho nenhum interesse além de enfiar uma lâmina bem nas gargantas de todos esses malditos.

Ela baixou a cabeça para anotar algo, e logo depois me encarou — Posso aproveitar essa sua onda de sinceridade repentina e perguntar sobre suas aventuras noturnas? Muitos estão relatando que você quase nunca vai para casa no horário determinado.

Fiquei surpreso com a pergunta, não era muito a cara dela esse tipo de questão, ela gostava de focar no passado. Acho que era mais que gostar, ela era instruída a isso — Achei que um pouco de diversão não ofenderia seu Senhor.

Ela riu — Você pode ter uma vida comum, sabia? Deveria começar a acreditar nisso Will, não pensa em ter uma família? Filhos?

Quase ri — Não, não penso.

— Por que não?

Respirei fundo para conter a irritação. Revirei os olhos antes de começar a falar — Não sou confiável, não sou um bom moço, não sei tratar uma mulher como se deve, não sou romântico, muito menos carinhoso... A lista continua, mas estou sem paciência para falar.

Foi a vez dela de segurar o riso. — Parecem coisas detalhadas... Já ouviu alguém reclamar de você por isso?

— Não quando a gorjeta é boa. — Ergui a sobrancelhas para ela — Aonde quer chegar com isso? Esse papo ⸻ sinalizei nós dois com a mão ⸻ está mais específico hoje...

— Solidão. ⸻ Direta e estupida! ⸻ Você viu seus homens morrerem, está sozinho vivendo aqui. Acho que devia conhecer melhor as pessoas. Sei que Dorela têm te ajudado...

Revirei os olhos e bati em minhas coxas ficando em pé. — Ah pelo amor de Deus! Quanto te pagam para me torrar o saco? Homens morrem todos os dias, que se dane se eram meus ou não. Não me importo em ficar sozinho, para dizer bem a verdade, pessoas me irritam!

Um sorriso presunçoso brotou em seus lábios. — O que faria se eu conseguisse liberar você? Se pudesse voltar para casa?

Dei de ombros — Eu agradeceria. E diria que você é linda e generosa. E também muito inteligente. Me ter por perto, não é uma boa coisa. Para ninguém!

Um sorriso realmente divertido para variar — Viu, você sabe ser gentil, eu sei que é mentira, mas as outras mulheres não sabem.

Me sentei novamente — Não é mentira, mas sei que não vai me liberar. Você não pode, nem tem poder para isso. É só uma ferramenta para me estudar. Tenho pena de você Di. Acha mesmo que eu diria algo comprometedor a você? — balancei a cabeça negativamente, menosprezando sua raiva crescente.

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