45 Minha fama

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Will

— Fique no carro Miguel, eu e Leon vamos checar mais de perto, fique na direção e a postos para fugir se algo der errado.

Ele assentiu sem protestar, na verdade, até ficou aliviado. — Por favor, senhor, precisamos voltar logo.

Sorri pousando minha mão em seu ombro — Ninguém deseja mais voltar do que eu Miguel, mas preciso ver que tipo de pessoas se estabeleceram aqui.

Leon abriu a bolsa que carregava, checando a munição de dois revolveres, e me entregando um deles. — Para nossa segurança, senhor.

Olhei para Miguel, depois para ele novamente — Tem um para Miguel?

Ele negou com a cabeça, e entreguei o que ele tinha deixado comigo. — Então vou deixar esse com ele. Tenho mais lâminas escondidas aqui do que você tem de munição.

Deixei Miguel com sua cara de amedrontado no carro, e segui vagarosamente pelo campo com relva baixa em direção as luzes ainda distantes, com Leon me seguindo de perto.

Peguei a trilha mais escura, por onde as árvores baixas conseguiam nos esconder. Eram barracas montadas sobre escombros de casas a beira de um riacho, me ajoelhei atrás de um arbusto denso, puxando Leon para junto de mim, me sentando de costas para o arbusto.

— O que seus olhos veem espião?

Observei ele observando, suas percepções aguçadas trabalhando com olhos atentos.

— Um grupo pequeno, talvez vinte homens e algumas mulheres, devem estar apenas de passagem, o acampamento não parece fixo. — sussurrou ele.

— Consegue determinar a nacionalidade?

— Imagino que sejam nômades, talvez do Brasil, ou alguma outra parte do sul.

Me virei para observar também. — Não vejo armas. Mas há "guardas" está vendo, ali nos cantos, perto das barracas maiores?

— Apenas quatro? — disse ele desconfiado.

— Pela tranquilidade dessa área, devem estar se revezando. O que acha? Vale o risco?

— Precisamos de informações, mas não sei se vale nossas vidas.

Revirei os olhos — Mesmo que estejam armados, não serão mais que vinte. — ponderei — Consegue dar conta de... cinco? Se precisar? — Ele me olhou fazendo uma careta, e sorri. — Isso é um sim? Então esconda a arma e me siga.

Me levantei, tirando a terra das roupas, pisquei para ele e comecei a caminhar em direção ao acampamento. Demoraram tanto a perceber minha chegada, que quando uma mulher se encolheu choramingando para outra, eu já estava ao lado de uma das barracas. Olhei em volta, não eram saldados, eram fugitivos.

— O que querem? — os quatro guardas se aproximaram, levantei as mãos calmamente.

— Só estamos de passagem, vimos luzes, não estamos atrás de confusão. — falei em tom baixo, carregando meu sotaque inglês de propósito.

O maior deles se aproximou — Vindos de onde? Estrangeiro?

— Do sul. — respondi baixando as mãos — Sou Willian, e este é meu amigo Leon.

— Você não veio do sul com esse sotaque! É um infiltrado?

Baixei os olhos — Refugiado de uma vila ao sul, minha tropa foi abatida e encontrei abrigo lá.

Ele cerrou os olhos para mim, as peles queimadas pelo sol de todos eles me diziam que estavam em mudança constante, como Leon constatou, não havia nada ali que indicasse a ideia de aquele acampamento ser fixo, o que era muito bom.

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