21 Minha fraqueza

2.4K 290 243
                                    

Will

Voltei direto para casa, com o dicionário nas mãos e ideias na cabeça. Parei a moto em frente a escadaria, e olhei para cima, vendo a porta aberta, mais que aberta, escancarada como nenhum dos dois a deixaria.

Corri para a casa, vendo os livros no chão ao lado da mesa, e a cadeira tombada de lado. Joguei o dicionário no sofá, olhando mais cuidadosamente o ambiente. Peguei a faca do coldre sem me mover muito. Nada mais fora do lugar, além das coisas no chão e a cadeira. A porta de seu quarto estava aberta, sem sinal de alguém ali, a de Miguel fechada. Passei pela mesa com a faca em punho e abri a porta do quarto. Ele dormia, um sono pesado com roncos altos.

Me xinguei, antes de chutar sua cama e acordá-lo.

Ele se sentou, me olhando assustado ⸻ Senhor?

⸻ Levaram Alicia! ⸻ rosnei.

⸻ O que? Quem? ⸻ sua voz era quase um sussurro de pavor.

⸻ Saberia, se não estivesse dormindo feito um porco!

Ele pulou da cama ⸻ Nã-não faz sentido Senhor... Por que... Por que a levariam? Ela estava aqui, estudando os livros, eu...

Estava tão ofegante, que o som de minha respiração me incomodou. Usei de todo o resto do meu autocontrole para não arrancar sua cabeça. 

Levei menos que um minuto para olhar ao redor novamente e sair pela porta, subindo na moto e pilotando feito um alucinado em direção a fortaleza.

Parei, jogando a moto no chão e indo direto até o portão. Dois guardas me cercaram assim que pisei ali.

⸻ Quero falar com o filho da puta do Guardião. Agora!

⸻ O senhor não tem autorização para passar. ⸻ um deles falou, quase tremendo 

Saquei a faca novamente ⸻ Eu não perguntei se tinha. Ou me deixam entrar, ou vou matar quantos de vocês for preciso até que alguém me dê a porra da autorização.

O guarda da direita sacou a arma, apontando-a para mim. Bufei, e puxei o que falava comigo pelo braço, mantendo-o em frente ao meu corpo, com a faca em sua garganta.

⸻ Vai me deixar entrar, ou vou arrancar a cabeça desse verme. ⸻ O guarda ficou pálido, sem reação. ⸻ Tem dois segundos para ir até o portão e abri-lo. ⸻ avisei em voz baixa.

Ele não se moveu, e deslizei a lâmina pelo pescoço do que eu tinha comigo, fazendo uma torrente de sangue escorrer por meu braço, e o cheiro me inundou como uma verdadeira droga, aguçando meus sentidos, fazendo todo meu corpo ganhar agilidade.   O guarda assustado, disparou, acertando o quase falecido a minha frente.

Joguei o corpo no chão e parti para cima do outro, torcendo seu braço com a arma e enfiando a faca nele rapidamente, fazendo-a entrar inteira entre seu pescoço e o ombro.

Joguei-o no chão sem muita noção do que eu estava fazendo, e chutei o portão com toda a força de minha perna direita fazendo-o balançar o suficiente para atrair mais guardas. Eu ouvia as vozes amedrontadas do outro lado do portão, tentando uma barricada que não podiam manter.

Olhei para o lado, vendo a árvore que quase chegava a altura do muro. Escalei por ela o mais rápido que consegui, e saltei sobre o muro, caindo sobre dois soldados, cravando a faca em um, depois no outro, e mais dois mais próximos a mim. Os outros ficaram paralisados olhando para mim, sobre os corpos.

⸻ Quero o que é meu, e não vou sair daqui sem conseguir. ⸻ ameacei.

Eles se entreolharam, peguei um pelo pescoço, e  apontei para outro deles, o mais afastado. ⸻ Você! Vá chamar seu senhor, ou mato todos vocês, e depois vou atrás dele. ⸻ rosnei.

AlgozOnde histórias criam vida. Descubra agora