Will
Voltei direto para casa, com o dicionário nas mãos e ideias na cabeça. Parei a moto em frente a escadaria, e olhei para cima, vendo a porta aberta, mais que aberta, escancarada como nenhum dos dois a deixaria.
Corri para a casa, vendo os livros no chão ao lado da mesa, e a cadeira tombada de lado. Joguei o dicionário no sofá, olhando mais cuidadosamente o ambiente. Peguei a faca do coldre sem me mover muito. Nada mais fora do lugar, além das coisas no chão e a cadeira. A porta de seu quarto estava aberta, sem sinal de alguém ali, a de Miguel fechada. Passei pela mesa com a faca em punho e abri a porta do quarto. Ele dormia, um sono pesado com roncos altos.
Me xinguei, antes de chutar sua cama e acordá-lo.
Ele se sentou, me olhando assustado ⸻ Senhor?
⸻ Levaram Alicia! ⸻ rosnei.
⸻ O que? Quem? ⸻ sua voz era quase um sussurro de pavor.
⸻ Saberia, se não estivesse dormindo feito um porco!
Ele pulou da cama ⸻ Nã-não faz sentido Senhor... Por que... Por que a levariam? Ela estava aqui, estudando os livros, eu...
Estava tão ofegante, que o som de minha respiração me incomodou. Usei de todo o resto do meu autocontrole para não arrancar sua cabeça.
Levei menos que um minuto para olhar ao redor novamente e sair pela porta, subindo na moto e pilotando feito um alucinado em direção a fortaleza.
Parei, jogando a moto no chão e indo direto até o portão. Dois guardas me cercaram assim que pisei ali.
⸻ Quero falar com o filho da puta do Guardião. Agora!
⸻ O senhor não tem autorização para passar. ⸻ um deles falou, quase tremendo
Saquei a faca novamente ⸻ Eu não perguntei se tinha. Ou me deixam entrar, ou vou matar quantos de vocês for preciso até que alguém me dê a porra da autorização.
O guarda da direita sacou a arma, apontando-a para mim. Bufei, e puxei o que falava comigo pelo braço, mantendo-o em frente ao meu corpo, com a faca em sua garganta.
⸻ Vai me deixar entrar, ou vou arrancar a cabeça desse verme. ⸻ O guarda ficou pálido, sem reação. ⸻ Tem dois segundos para ir até o portão e abri-lo. ⸻ avisei em voz baixa.
Ele não se moveu, e deslizei a lâmina pelo pescoço do que eu tinha comigo, fazendo uma torrente de sangue escorrer por meu braço, e o cheiro me inundou como uma verdadeira droga, aguçando meus sentidos, fazendo todo meu corpo ganhar agilidade. O guarda assustado, disparou, acertando o quase falecido a minha frente.
Joguei o corpo no chão e parti para cima do outro, torcendo seu braço com a arma e enfiando a faca nele rapidamente, fazendo-a entrar inteira entre seu pescoço e o ombro.
Joguei-o no chão sem muita noção do que eu estava fazendo, e chutei o portão com toda a força de minha perna direita fazendo-o balançar o suficiente para atrair mais guardas. Eu ouvia as vozes amedrontadas do outro lado do portão, tentando uma barricada que não podiam manter.
Olhei para o lado, vendo a árvore que quase chegava a altura do muro. Escalei por ela o mais rápido que consegui, e saltei sobre o muro, caindo sobre dois soldados, cravando a faca em um, depois no outro, e mais dois mais próximos a mim. Os outros ficaram paralisados olhando para mim, sobre os corpos.
⸻ Quero o que é meu, e não vou sair daqui sem conseguir. ⸻ ameacei.
Eles se entreolharam, peguei um pelo pescoço, e apontei para outro deles, o mais afastado. ⸻ Você! Vá chamar seu senhor, ou mato todos vocês, e depois vou atrás dele. ⸻ rosnei.
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Algoz
Romance(+18) Will é um soldado rebelde com um passado sombrio e repleto de traumas. Junto a seu grupo, ele é recrutado para a América do Sul, onde se instaurou uma guerra civil. Capturado em uma armadilha, ele se vê refém, em uma vila isolada do mundo ond...