38 Descontrole

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Will

Abri os olhos vendo o tom alaranjado despontar pela janela. Alicia ainda dormia enroscada em mim. Mas apesar da ereção matinal, meu corpo não reagiu a sua proximidade. Tive um sono reconfortante e sem sonhos. Com cuidado, segurei seu braço sobre mim, o afastando para me levantar. Ela estava tão exausta que nem resistiu, e continuou dormindo. Segurei meu braço dolorido e me levantei indo para o chuveiro. A dor havia voltado, a sensação de amortecimento havia se esvaído durante a noite e aquela bola de dor voltava a me atazanar.

Tomei um banho demorado e voltei para o quarto em busca de minhas roupas. Enquanto vasculhava a mochila, olhei para a cama, vendo-a de olhos abertos, me espionando. Dei um sorriso sarcástico a ela enquanto vestia minha calça.

— Gostando da vista? — murmurei vestindo a camisa com dificuldade.

— Me desculpe... — suas bochechas ficaram vermelhas, e caminhei até a cama para me sentar perto dela.

— Não se desculpe... Eu estava pensando, e acho que vou levar a sério sobre nosso treinamento. Eu preciso me comportar com você, e quero que me ensine.

Cerrando os olhos, ela se apoiou sobre os cotovelos — Temos limites?

Mordi o lábio pensando — A principio não, mas se atingirmos algum no processo, poderemos conversar sobre isso. Acha que quebrei um, quando mandei que degolasse seu amigo porco?

Ela fechou os olhos — Eu... Eu demorei um pouco, mas entendi o por que, então foi um limite necessário. Talvez devêssemos tentar com menos ordens?

Sorri incrédulo — Está falando da cama ou do campo?

— Dos dois.

Sorri — Não... ainda vou te dar ordens no campo. — dei de ombros — Mas pode se vingar mais tarde. Temos um encontro na mesa de refeições antes que Guardião chegue. Então... — dei um beijinho em sua boca — Vá se arrumar e vamos descer juntos.

Ela assentiu e pulou da cama, pegou as roupas, foi para o banheiro se trocar, e eu esperei pacientemente.

***

Desci as escadas, com a mão autoritariamente em sua cintura, todos já estavam na mesa e se serviam com o café da manhã costumeiro de cada um.

— Bom dia crianças. — sorri me apoiando sobre o ombro de Gael sentando a esquerda da cabeceira da mesa. — Espero que estejam bem-dispostos para hoje, temos muito trabalho.

Me cumprimentaram com acenos de cabeça, e Alicia tomou seu lugar no lado direito enquanto me sentava na cabeceira.

Me servi do mesmo que Alicia, pães e suco, uma refeição diferente da que eu estava acostumado, mas não teria tempo de preparar nada.

— Alguma coisa que precise ser dita antes de recebermos nosso convidado? Aproveitem, ele será presença constante aqui, só não vai morar, de resto, nada muda.

— Queremos saber quais as primeiras ordens, o que eu digo aos outros? — Juan me encarou.

Mordi um pedaço de pão sem muita vontade — Diga a eles que marquem os guardas da fortaleza, você fica para a reunião, assim como Gael.

— E eu senhor? — Miguel me olhou quase suplicando.

— Você vai estar na porta do escritório, e não sairá das minhas vistas, amigo. — seus olhos baixaram, e ele assentiu. — De resto é só, não hajam com surpresa a nada, preciso posicionar nossas peças no lugar certo, e preciso que ele acredite que sabem de tudo.

— Não seria mais fácil contar, então? — Maria sorriu para mim.

Dei de ombros, e Gael riu balançando a cabeça — Will não divide os planos com ninguém, mas sempre dá certo, então...

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