Will
O relógio sobre a mesa, soou treze horas e quarenta minutos. Fazendo os dois olharem para mim. Pesei as possibilidades, mas precisava ver como se organizavam, como se dispunham próximo a ele. Quem eram seus homens mais chegados, e só faria isso, se chegasse antes da multidão. Foi assim que Miguel descrevera as reuniões, todo e qualquer membro importante na cadeia de poder da vila, estaria lá.
⸻ Vamos! ⸻ me levantei, Miguel acoplou o fuzil as costas e guardei a faca estrategicamente na cintura, mas na parte da frente, já que seguiria com Alicia de moto.
Miguel saiu pela porta, me aguardando já nas motos. Segurei o rosto de Alicia com uma das mãos ⸻ Espero que essa sua coragem repentina em me enfrentar tenha desaparecido. Não abra a boca, entendeu?
Ela sorriu ⸻ Serei a primeira a morrer, não é?
⸻ Se não houver outra forma, sim. ⸻ passei meu braço por suas costas, na altura da cintura a puxando para mim ⸻ Mas não vou gostar de cortar você. ⸻ admiti e a peguei nos braços saindo de casa, sem me incomodar em trancar a porta.
Coloquei-a no chão próxima a moto, subi e esperei que ela me acompanhasse. Segurei seus braços ao redor de mim. ⸻ Segure firme.
Assenti para Miguel e o segui de perto. As poucas pessoas que não iriam para a reunião nos olhavam com uma mistura de medo e raiva. Era mais que compreensível. Alguém havia profanado o "paraíso" delas. Naturalmente qualquer mudança, por si só já era assustadora. Imaginei se tiveram uma reunião para decidir minha permanência ali, ou já era tudo certo.
Miguel parou sua moto diante da fortaleza, de perto, não era tão impressionante, era fortemente guardada como esperava, mas era razoável em tamanho. Não havia luxo ou gastos desnecessários. Paredes cruas mantinham dois andares e um telhado modesto. Dentro dos muros o espaço era amplo, um campo capaz de abrigar uns trezentos homens em frente a plataforma erguida da porta de entrada, com escadas laterais dos dois lados.
Carreguei Alicia, com passos lentos, avaliando as saídas e rotas, até mesmo por cima dos muros. Segui atrás de Miguel, entrando calmamente e me desviando dos olhares dos antigos companheiros dele que pareciam achar inaceitável ele ter se bandeado para o lado do "Algoz". Ele deveria guardar a vila de mim. Mas ali, ele era meu. Não escoltava um prisioneiro, protegia duas pessoas dos outros ao redor.
⸻ Estão com cara de que não vão se contentar se não nos matarem mesmo. ⸻ Alicia sussurrou em meu pescoço.
Continuei andando calmamente ⸻ É para isso que vieram. ⸻ respondi igualmente baixo. ⸻ Para assistir nossa execução.
Paramos do lado esquerdo da estrutura, olhei para o alto, não havia ponto desprotegido ali. Contei apenas passando os olhos ao redor, cinco armas mirando em mim.
⸻ O que foi? Seu braço está tremendo. ⸻ ela se apoiou mais sobre os braços ao redor do meu pescoço.
Trinquei os dentes de raiva ⸻ Cinco deles me tem na mira. São todos estúpidos, um escorregão, e estaremos mortos antes dessa merda realmente acontecer.
Miguel se virou para nós ⸻ Ele está vindo.
Assenti. E ajeitei meus braços ao redor de Alicia. Trinquei o maxilar, mas não deixaria o plano ruir.
Olhei ao redor, vendo o lugar, completamente lotado agora, ele apareceu pela porta de vidro escuro, acompanhado de Gael, e mais dois guardas mais velhos.
⸻ Bem-vindos amigos, como sabem, temos assuntos de diversos âmbitos a tratar nesta tarde. ⸻ sua voz era um afago nos ouvidos dos pobres coitados ali. Seu espanhol era impecável, e os poucos que não compreendiam, eram auxiliados por amigos.
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Algoz
Romance(+18) Will é um soldado rebelde com um passado sombrio e repleto de traumas. Junto a seu grupo, ele é recrutado para a América do Sul, onde se instaurou uma guerra civil. Capturado em uma armadilha, ele se vê refém, em uma vila isolada do mundo ond...