31 Dia da Elevação

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Will

Miguel se levantou, tomando um susto ao vê-la sobre mim no sofá, não sabia se era a toalha ensanguentada em minha mão ou a cena estranha, que o fez arregalar os olhos, mas sorri levemente em um sinal para que não fizesse barulho. Não queria perder aquilo, aquele conforto, aquele alívio de tê-la tão perto depois de toda a merda que eu havia lhe contado.  Não queria, mas perdi, perdi quando Gael abriu a porta com tudo, parecendo elétrico, drogado, ou bêbado, eu não sabia dizer.

Seus olhos se arregalaram para em seguida, sua cara se contorcer em um sorriso depravado ⸻ Ah Caramba! Desculpa irmão, você...

Sorri, vendo Alicia acordar assustada e olhar para ele esfregando os olhos.

⸻ Só estávamos dormindo. O que você quer? ⸻ falei irritado.

Ele baixou os olhos para minha mão enquanto Alicia se sentava, ainda se esticando. ⸻ O que fez com sua mão?

Dei de ombros ⸻ Nada! Vá direto ao assunto.

⸻ A festa vai começar ao meio dia. Maria disse que está tudo certo, vamos sair no meio da festa para ir buscar as doses no bordel e trazê-las para cá. ⸻ ele riu ⸻ Acho que assim você vai evitar problemas com a matadora beijoqueira aí.

Lancei-lhe um olhar de aviso por causa da piadinha de mau gosto. ⸻ Vamos ver se haverá tempo para isso. Agora saia, e vê se descarrega um pouco dessa energia, está mais irritante do que normalmente é.

Revirando os olhos, ele voltou para a porta ⸻ Vamos juntos tá? Se der merda, quero estar por perto.

Assenti fazendo um gesto para que ele saísse. E Alicia riu assim que ele fechou a porta ⸻ Ele ainda se reporta a você. É engraçado.

Massageei o ombro, incomodado com a dorzinha surgindo ⸻ É um bom amigo. Mas sobre estar por perto... Não é bem para me defender.

⸻ Está com dor Will. ⸻ ela me interrompeu com aquele olhar preocupado.

⸻ As doses não estão resolvendo. Quando me atingiu ontem, senti. Terei que falar com ele sobre outra dosagem, essa, não resolve mais.

O silêncio incomum me fez olhar para ela, que mordia o lábio pensando, até me encarar ⸻ Naquele dia... Gael me deixou uma loção, quer que eu passe em você? Pode ajudar.

⸻ Não a usou? ⸻ falei incrédulo.

⸻ Não conseguia mover os braços para esfregar, e não queria te pedir.

Balancei a cabeça indignado, e pronto para recusar, mas senti outra fisgada, e assenti, concordando.

Ela correu para o quarto e voltou trazendo o pote. ⸻ O que está escrito?

Examinei o rótulo em inglês ⸻ Loção canforada com salicilato de mentila. É uma boa mistura, hum... Aqui diz que deve ser espalhado até a pele absorver e o local deve ser mantido quente.

⸻ Tudo bem, tire a camisa. ⸻ mandou ela, parada a minha frente, e lhe devolvi o pote. Uma pequena parte de mim se arrepiou com o comando, mas usei de toda a força para ignorar. Me levantei, tirando a camisa e voltando a me sentar ⸻ Me avise se doer.

Assenti ⸻ Posso segurar você? ⸻Ela arregalou os olhos. ⸻ É para a sua segurança. ⸻ falei baixo.

Com um leve balançar de cabeça amedrontado, ela concordou.

Virei o rosto, segurando sua cintura, quando ela enfiou os dedos dentro do pote, para em seguida colocar uma quantia considerável do gel sobre meu ombro. Gelado, e nada confortável. Seus dedos começaram a espalhar a gosma gelada do meu ombro para o braço, com movimentos leves que se intensificaram, fazendo o produto ferver minha pele. Tentei controlar a força com que a segurava, mas precisava tê-la ao meu toque para evitar acidentes. Soltei-a quando terminou, ela me devolveu a camisa, e pegou uma coberta em seu quarto, passando-a por meus ombros, esfregando a mão sobre meu braço mais uma vez.

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