Alícia
Vi os meninos voltando e os atiradores se posicionando nos telhados, olhei para trás vendo todos os civis da vila apertados e escondidos no espaço reformulado da ampliação. Estavam seguros, dei o segundo sinal quando vi o batalhão de soldados se aproximando. Ouvi os helicópteros como Will disse que aconteceria, e quando a tropa estava perto o suficiente, dei sinal para que os portões fossem abertos, rezando para que tudo ocorrer como o planejado. Os soldados pararam, mas por reflexo, eu já estava com os dedos sobre as facas de arremesso.
Desci da guarita olhando os rostos confusos dos soldados me encarando, olhando para a nossa população de maioria idosa e frágil agora.
⸻ Vocês estão sendo enganados. Não somos militares, protegemos essas pessoas. São famílias inteiras...
⸻ Temos ordens... O que uma mulher faz no comando de uma vila?
Enchi o pulmões de ar ⸻ Uma mulher, é seu único obstáculo para cumprir suas ordens.... ⸻ cheguei mais perto, com confiança ⸻ Olhe os rostos dessas pessoas! Veja quem vai matar. ⸻ apontei para cima, para os helicópteros ⸻ Vieram ver o grande extermínio dos rebeldes, e vão ver covardes armados matando gente inocente que só quer sobreviver.
O soldado que falava comigo se virou de costas, falando em seu rádio. ⸻ Senhor, a vila está limpa! Só há civis aqui. ⸻ exclamou ele, confuso.
⸻ Negativo soldado, o homem conhecido como Algoz se encontra entre eles, não há obstáculos até o encontrarmos.
Ele se virou para mim ⸻ Não mataremos inocentes, vamos desocupar a vila... Mas queremos o Algoz!
⸻ Não há ninguém com esse nome aqui. ⸻ falei quase em um rosnado.
Eles sacaram suas armas novamente e ameaçaram avançar sobre nós, saquei minha faca e me coloquei em posição.
⸻ Não vão machucar essas pessoas!
⸻ Entregue o Algoz!
Ofeguei, olhando em volta, tentando pensar em uma saída, quando o homem a minha frente apontou seu fuzil para minha testa.
⸻ Eu estou aqui!
Fechei os olhos ao ouvir a voz dele, havia quase cem homens entre nós, nem eu, nem ele podíamos fazer nada.
Olhei para a casa ao lado, vendo Gael e Leon prontos para atirar, mas não seria o suficiente.
Miguel me puxou até a guarita novamente. ⸻ Ele sabe o que fazer Alicia! Fique longe, tenho ordens de não deixar que se aproxime.
⸻ Você não pode me impedir Miguel!
Ele ficou quieto, e olhei para baixo, também conseguiria derrubar alguns dali, se fosse preciso. Vi os meninos chegarem em seus postos também. Mas o alvo era Will, um tiro, e tudo estaria acabado. Ele estava coberto de sangue e seu braço esquerdo pendia de uma forma estranha enquanto empunhava a faca com a mão direita.
⸻ Vai me dar a honra de morrer como vivi? Lutando? Ou enfiar uma bala na minha cabeça é o suficiente para você? ⸻ ofegou ele ⸻ Responda Iori! ⸻ vociferou ele para o alto.
Um homem saiu do meio deles, caminhando calmamente até Will. ⸻ Você está um lixo Algoz! Não teve boas férias?
Ele riu se endireitando, limpando o rosto sujo de sangue ⸻ Ah eu tive, foi mais divertido do que a Disney.
Will girou a faca, mas não conseguiu avançar, Iori apontava uma pistola para sua cabeça. ⸻ Confesso que não esperava que fizesse amizade com Dilan depois de toda aquela lamúria de garotinho abandonado.
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Algoz
Romance(+18) Will é um soldado rebelde com um passado sombrio e repleto de traumas. Junto a seu grupo, ele é recrutado para a América do Sul, onde se instaurou uma guerra civil. Capturado em uma armadilha, ele se vê refém, em uma vila isolada do mundo ond...