32 Ruptura

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Alicia

Ele desmaiou em meus braços, lutando com seu rosto para não fechar os olhos, mas apagou. Me levantei puxando os tecidos folgados do macacão indo até onde Miguel segurava Gael. Empunhei a faca de Will, apoiando sob o queixo dele ⸻ Faça alguma coisa Gael! Você é médico, arrume o que fez! Cuide dele!

⸻ Eu avisei que se ele aprontasse... ⸻ ele cuspiu as palavras, não se importando com os braços de Miguel prendendo-o.

⸻ Ele salvou a vida do Guardião!

Ele arregalou os olhos para mim, e andei com determinação até o homem caído, lhe dando um chute nas costelas, fazendo-o virar de barriga para cima e tossir ⸻ Está vivo! E esse sangue é do Will!

Sua boca se abriu, finalmente se dando conta do qua acabara de fazer,  Miguel o soltou para que ele fosse até Will no chão. Me abaixei com ele, voltando a comprimir seu pulso cortado. Ele se virou para mim ⸻ Planejaram isso, não foi? Ele sempre me fazendo de trouxa! Esse miserável!

⸻ Acha que se fosse planejado, ele não teria dito a você para evitar isso? Você enche a boca para falar que ele é tudo o que eu podia imaginar de ruim... E você é o que? Trocou seu amigo por um velho ditador! ⸻Ele me encarou assustado. ⸻ Se ele morrer Gael! Esqueça a morte piedosa que dei àquele porco. Porque vou estripar você sem piedade.

Ele riu arrancando a faca do ombro de Will, o que o fez se contorcer. Fechei os olhos aliviada por ele ainda ter reação. E Gael usou uma de minhas mãos para pressionar o ferimento.

⸻ É a garota dele, sem dúvida! Já está até falando como ele.

Ainda rindo, ele desferiu tapas no rosto de Will. ⸻ Ei! Acorde seu filho de uma puta! Sei que não matei você.

Ele abriu os olhos, mas não parecia nos ver, sua boca se mexia, mas nada além de balbucios saía dele.

⸻ O que é isso? ⸻ ofeguei assustada ⸻ Por que ele está assim?

Por um momento, vi o resquício de desespero passar por seu rosto. ⸻ Merda ⸻ xingou ele, virando a cabeça de Will, vendo seu cabelo sujo de sangue. ⸻ Miguel, me ajude a carrega-lo! ⸻Uma ordem, uma ordem firme e que me apavorou, porque a brincadeira natural em sua voz havia desaparecido.

Ele me afastou, colocando os braços de Will sobre o peito, e carregando-o com Miguel para dentro da casa.

⸻ O que está acontecendo? ⸻ exigi saber, mas ele não me olhou, colocaram Will sobre o sofá marfim da sala ampla da fortaleza, viraram-no de lado, examinando sua cabeça.

Caí de joelhos, sentindo meus olhos arderem, meu corpo ficou fraco de puro desespero, não podia perde-lo, não podia...

⸻ Gael... ⸻ sussurrei ⸻ A bala...

Ele urrou, esmurrando o braço do sofá. ⸻ Eu sei!

A raiva não durou muito, ele limpou o rosto e caminhou apressadamente pelos corredores da fortaleza, e parecia que ele conhecia muito bem cada canto do lugar, porque voltou alguns minutos depois, trazendo cobertores, forrou o chão e voltou para buscar uma grande caixa de emergência.

Miguel ajudou-o a esticar o corpo de Will sobre os cobertores, e  fez sinal para que eu me aproximasse, me entregando compressas e curativos.

⸻ Cuide do pulso, vou imobilizar o braço e vemos o que pode ser feito com a cabeça depois, primeiro precisamos estancar esse sangramento. ⸻ ele olhou para o rastro de sangue  deixado por eles ao carregarem Will para dentro.

⸻ E se ele não acordar, e se a bala..  ⸻ choraminguei.

⸻ Se essa bala se mexeu em sua cabeça... Ele terá que sobreviver como da primeira vez. Não tenho estrutura aqui para cuidar disso. Eu sinto muito.

AlgozOnde histórias criam vida. Descubra agora