Will
Propus a todos que eu cozinhasse algo típico de onde eu vinha, e vi olhares curiosos entre eles. Alicia e Maria me ajudaram com o preparo da minha comida favorita desde a infância. Uma torta de carne feita na panela que levava entre outras coisas purê de batata, queijo e carne de ovelha moída.
— Como se chama mesmo? — Maria perguntou enquanto mexia a carne na panela.
Sorri enquanto picava as cebolas — Shepherd's pie, aprendi a fazer quando tinha dez anos. Espero que seja do agrado de todos.
Ela me cutucou com o cotovelo — Olha as caras deles, desconfio que se servíssemos pedras, eles ainda iriam gostar.
Olhei para eles, estavam cansados, esgotados, talvez mais emocional do que fisicamente. Eu sabia que precisavam de tempo, mas naquele momento não tínhamos muito. Eu mesmo, se não fosse pela brincadeira com Alicia, estaria provavelmente ainda jogado naquele banheiro.
Me obriguei a não me lembrar do que havia feito, do corpo dela... do prazer dela, ou aquilo sairia do controle com as duas tão perto. Artur me arrebentaria por ser tão frouxo, provavelmente me trancaria em um quarto com as duas, o que até poderia ser algo bom, mas não para minha pequena matadora de porcos.
Servimos as três tortas para todos a mesa. Aparentemente, todos aprovaram a refeição. E assim que os vi terminando, não deixei que se retirassem.
— Quero dividir algo com vocês. — falei em voz baixa, sem olhar para ninguém em especifico. — O que viram hoje... tudo aquilo. Não acreditem, não acreditem em nada, não se enganem com a pose de coitado de Dilan. — umedeci os lábios para continuar — Eu sei o que podem estar pensando sobre mim agora, sobre meus planos. Sei que devem estar confusos. — encarei Gael — Que acham que estou me equivocando quanto a ele. Mas não estou. Assim que eu estiver em condições, vou levar os melhores comigo, e vamos atrás do Iori na segunda base do Guardião, naquela em que fui apanhado. Preciso de respostas, assim como vocês.
— O senhor convocou o filho dele, pretende agrega-lo ao treinamento? — Juan me olhou confuso.
Assenti — Tudo o que eu faço, tem um propósito. É assim que eu fui ensinado. A presença do garoto, não deve atrapalhar os treinamentos. Mas sim, ele estará em treinamento também.
— E se ele não o mandar? — Leon questionou, e só por sua feição, entendi que ele não concordava com a minha decisão.
— Então cumprirei a promessa de ir busca-lo. Sei que deve ter algum afeto por ele, prometo que não tenho intenção de machucá-lo, ou puni-lo por algo. Mas não abrirei mão disso.
Ele assentiu, e todos continuaram me olhando.
— Eu não sou ditador, não sei governar. Sou um soldado, e como tal, eu faço o que tenho que fazer. Amanhã a rotina comum vai se alterar. Já designei os grupos que vão inspecionar as casas e conversar com as pessoas, Leon, Maria e Di estarão em campo. Vamos garantir que ninguém esteja aqui contra a vontade. Vamos punir quem tiver que ser punido, e resgatar as garotas que não querem estar nos bordéis. De resto, Guardião continua a prover seu povo como desejar. Vocês me trouxeram aqui, me fizeram ficar, e o mínimo que posso fazer é ouvir de vocês as mudanças que querem, vamos arrumar os erros que ele cometeu.
— Não entendo senhor — Miguel me interrompeu — Acha que seu discurso não angariaria mais pessoas do que o dele? Por que se esconder, se pode tomar a frente?
Pousei minhas mãos sobre a mesa — Creio que logo vocês devam entender essa decisão. Mas por enquanto, saibam que estou grato por tê-los ao meu lado. Não estaria vivo, se não fosse por vocês. E cada um aqui, é único, e terão minha proteção enquanto desejarem. Quero que se sintam à vontade para debater qualquer assunto comigo, o Willian que senta para comer com vocês não é o Algoz do campo, então, não hesitem, porque querendo ou não, estamos juntos nisso.
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Algoz
Romance(+18) Will é um soldado rebelde com um passado sombrio e repleto de traumas. Junto a seu grupo, ele é recrutado para a América do Sul, onde se instaurou uma guerra civil. Capturado em uma armadilha, ele se vê refém, em uma vila isolada do mundo ond...