Epílogo

3.2K 313 867
                                    

Alicia

Nossa viagem foi rápida, passamos somente três dias em uma base militar no Brasil, e mesmo que os soldados ali não conhecessem Will de verdade, era medo, o que eu via em seus rostos. A pressa em nos despachar dali também mostrou isso. Nossos documentos ficaram prontos em tempo recorde.

Em um avião de suprimentos, pousamos em Londres, e de lá, seguimos por algumas horas, a casa de Gael ficava em North Yorkshire Moors, conforme Will me falava por onde passávamos. E eu parecia estar em um mundo mágico, daqueles lindos com seres de floresta, os campos eram de uma beleza que eu nunca havia visto. As casas continham história em cada detalhe, e eram de todos os tipos, mas todas antigas. Pela janela do ônibus ele me apontava mosteiros e me mostrava castelos enormes, parecidos com aqueles de contos de fada. Erick olhava tudo tão boquiaberto quanto eu. Eu não poderia nem sonhar com aquele lugar, se meu pai pudesse saber que eu agora estava ali, naquele lugar incrível, com o homem que amo, vivendo algo que nenhum de nós sequer cogitou. Ele estaria feliz por mim, sei que estaria.

- É tudo tão lindo. - sussurrei, e sabia que devia estar parecendo uma criança deslumbrada.

Ele acariciou meu ombro, onde sua mão repousava. - É mais do que isso... Esse era o reduto de paz de Gael quando eu o dispensava. Da para entender o por quê. Esse lugar é completo e definitivamente de paz.

- E iremos encontrar a nossa aqui. Nós três. - puxei Erick para nós. E Will sorriu sem relutar.

Descemos do ônibus e andamos por alguns quarteirões, eu o seguia de perto, sem saber para onde.

De repente, ele parou em frente a um caminho de pedras em um gramado, fitando a porta vermelha da casa que parecia de bonecas. Tinha paredes brancas e uma chaminé, as janelas dos cômodos de cima pareciam ser olhos curiosos nos fitando. Não consegui evitar as lágrimas quando ele passou seu braço por minha cintura me beijando carinhosamente em frente a nossa casa.

- Quero que passe por aquela porta, e quero que saiba que esse será mais que seu recanto de paz Fy lladdwr. Eu me recuso a passar por esse caminho sem lhe dizer, que nessa casa, eu farei você a mulher mais feliz de todo esse mundo. Eu vou amar você para sempre e todos os dias da minha vida e a cada dia, eu vou descobrir um jeito de te amar ainda mais, porque nada do que eu faça para você, será suficiente, ou chegará perto do que você se tornou para mim, minha menina. Minha guerreira. Minha matadora de porcos.

Sorri entre lágrimas beijando-o, me pendurando em seu pescoço e me entregando ao turbilhão de felicidade que parecia dominar meu corpo inteiro.

- Eu te amo Will, te amo mais do que tudo. Você me salvou, me devolveu a vida, um propósito, minha dignidade. Fez de mim sua guerreira. - sorri tocando seu rosto - sua matadora de porcos, sua esposa. E agora vamos construir uma vida juntos, a vida que merecemos, com a paz que merecemos e eu vou estar feliz todos os dias, só por acordar com você. Por te ouvir respirar. Por que esse é o som que ecoa no meu coração, e vai estar para sempre em mim.

Ele me ergueu com seu único braço e me carregou até a soleira da porta, me colocando no chão somente sobre o tapete onde um gnomo sorridente dizia Welcome.

Ele colocou a mão na fechadura e olhou para trás, para Erick que nos olhava de longe.

- Você queria ser da família, moleque. - ele riu - Então venha.

O garoto abriu um sorriso enorme e puxando uma das malas, caminhou até nós. Virei a chave, destrancando, e Will girou a maçaneta, empurrando a porta.

A casa por dentro era ainda mais linda. Um cenário de conto de fadas de paredes brancas e móveis antigos cobertos com lençóis. Apesar do tempo em que estava fechada, a casa estava meticulosamente limpa e bem cuidada. Will abriu caminho para mim, e entrei puxando Erick pela mão. Com toda a certeza, o que eu mais adorei foi agrande tv sobre a cornija da lareira. Depois de tanto tempo de silêncio e isolamento, ter algo tão simples como uma tv era uma vitória incrível.

AlgozOnde histórias criam vida. Descubra agora