42 A verdade

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Will

Ouvi gritos quando o garoto caiu, Alicia desceu correndo, parando ao meu lado. Sorri me virando para ela — Chame o papai.

Ela revirou os olhos e voltou para dentro da casa, enquanto caminhei calmamente até o garoto, libertando-o da mochila e jogando seu corpo pequeno sobre o ombro para leva-lo de volta para o palco. Coloquei-o deitado no chão, e chequei o pulso. Estava vivo, apesar de não parecer, a terra na cara e no cabelo ajudou a compor seu visual maltratado.

Dilan correu para o corpo inerte do filho, segurando seu rosto, implorando que acordasse. Revirei os olhos, tomando impulso para me sentar no palco sem ter que dar a volta, e mostrei o pequeno frasco vazio a ele. — Poupe seus esforços, ele não vai acordar.

Ele me olhou sobressaltado, com olhos suplicantes — O que? Como assim, ele não vai acordar?

Suspirei profundamente — Certa vez você usou a vida da minha protegida para ter algum benefício. Acha que eu não usaria a mesma tática? — Tirei outro frasco do bolso. — Se quer que ele acorde, é bom resgatar toda a sua sinceridade e usá-la Dilan.

Ele olhou para o garoto, e seu rosto estava pálido, quase translúcido. — O que você quer? O que você quer de mim, Willian? — implorou quase gritando.

Balancei a cabeça negativamente para mostrar que pavor de pai não me abalava de forma nenhuma — Acha que essa sua pose de coitado me engana? Essa fachada de "perdi minha casa, sou comandado por meu enteado do mal que voltou do inferno..." Me poupe! Quem você está seguindo?

Ele fechou os olhos, e depois acariciou o rosto do filho — Por favor...

Cruzei as pernas, segurando o frasco entre os dedos — Vamos ser claros aqui Dilan, se está com medo de alguém te matar por falar, saiba que assim que seu filhote parar de respirar, vou matar você também. Agora... se quer mesmo seguir com isso, e salvar o garoto, me diga o que eu preciso saber! Sem essa belezinha, — mostrei o frasco novamente — o garoto deve ter meia hora de vida.

— Não, por favor, eu falo, eu conto o que quiser, mas por favor Willian...

Relaxei os ombros suspirando tranquilamente — Estou ouvindo, e é melhor se apressar.

Ele tomou fôlego — Iori. — ele engoliu em seco — ele me entregou o plano para que eu o matasse naquela noite. Ele sabia que eu seria capaz de te enfrentar. Eu iria matar você. Mas não pude. Não conseguiria te matar Willian... e depois, quando ele soube que você estava vivo... Veio atrás de mim, eu mudei o plano dele e...

— Mas você queria que eu fosse atrás de reestabelecer a comunicação. Por quê?

— Era o sinal de que estávamos prontos.

Continuei encarando-o. Iori era o braço direito de Artur, eles sabiam tudo sobre mim, eles tinham me refeito depois do tiro, depois de me despedaçar com a morte de Wallace. Eles conheciam minha alma de cor. E a usaram contra mim.

— Prontos para que?

— Para eles tomarem a vila... — ele baixou a cabeça envergonhado.

— Por que Iori me queria morto, se eu estava do lado dele?

— Porque, segundo ele, você estava fora de controle, já desafiando ordens e propondo planos que arruinariam os próprios planos dele. Quando descobrisse a verdade sobre a vila, sobre como essas pessoas vivem, ele sabia que se voltaria contra ele.

Olhei para Alicia, depois voltei os olhos para seu rosto pálido. — A vila vai ruir não importa o que seja feito, não é?

Ele chorou sobre o filho — A guerra é de interesses externos, a "segunda causa" como você a chama, foi criada justamente para acabar com grupos como o seu, grupos que limpam a área e deixam que os governantes retomem o território. Iori tem destino certo para cada milímetro dessa terra sem fronteiras.

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