Capítulo 61

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- Esse é meu esposo Fernando, e essas meu amor, são a capitã Pugliese e a juíza Natalie Smith. Elas vieram falar com você sobre o ocorrido no passado. – diz a senhora.

- Olá senhor Fernando, viemos por conta do acidente onde uma mulher e uma criança morreram na batida de seu carro com o do senhor Thomaz. – fala Priscilla.

O senhor Fernando fica com o olhar parado, ele apenas encara Natalie sem nada dizer. Natalie se sente desconfortável com a situação.

- Você é a filha do Smith, meu amigo que acabou morrendo por minha causa. Eu sinto muito, não queria que tivesse acontecido isso. Ele era como um irmão para mim. – diz Fernando com lágrimas nos olhos.

Natalie percebe que ele não tem uma perna, e que também está debilitado, parece não ter movimentos. Ele tem um semblante triste, sem vida.

- Eu não me lembro de muita coisa, me esconderam por muito tempo. Não tive acesso a nada. Gostaria de entender o porquê meu pai arquivou o processo, pois isso levou a morte dele e da minha mãe, e no caso da minha também, já que fui privada do mundo, fui dada como morta para a mídia, só vindo a me conhecerem agora que sou juíza e a mídia, como sempre faz colocou o meu nome em destaque. – fala Natalie meio que revoltada por terem lhe tirado a alegria de viver normalmente.

- Eu sei que não deve ter sido fácil pra você, mas seus pais eram as melhores pessoas desse mundo. O acidente aconteceu uma noite que eu e seu pai estávamos trabalhando em um caso. Ficamos até mais tarde, eu estava exausto. Peguei a estrada para o sítio do meu sogro, minha esposa estava a minha espera com meus filhos. Meu filho havia sofrido um acidente com o cavalo, e não quiseram me falar, até que eu chegasse lá. Mas eu fiquei sabendo por um enfermeiro que havia o atendido. Então sai o mais rápido possível pra chegar em casa, seu pai me deixou ir e ficou trabalhando mais um pouco. Eu estava muito cansado, acabei apagando na direção, só acordei no hospital. Foi quando me contaram que meu filho estava no hospital em estado grave, e que talvez ele não sobrevivesse. Eu queria ir vê-lo, não tinha noção do que tinha acontecido comigo ainda. Tentei levantar da cama e então percebi que eu não tinha movimentos da cintura pra baixo, e que também não tinha mais duas pernas, e sim uma só. – ele para de falar por algum tempo, para tomar os remédios que sua esposa lhe entrega.

- Só fui saber o que aconteceu depois. Ai foi que me contaram que bati de frente com outro carro, e mãe e filho morreram. Me senti a pior pessoa do mundo. Meu filho também não resistiu, ele lutou durante quinze dias, mas seus órgãos começaram a parar. Seu pai depois de tudo que viu eu passar, me ajudou no processo, eu paguei uma condenação em cestas básicas, durante 3 anos, e também uma grande indenização ao senhor Thomaz. Como você vê não tenho movimento da cintura para baixo, perdi meu filho, e minha vida é depender da bondade das pessoas. Mudei e vim para cá, longe de tudo e de todos, assim que seus pais morreram eu me isolei do mundo. Seus pais morreram por minha causa, e mais uma vez perdi tudo. A única coisa que me restou foi tentar te proteger, pedi para que lhe escondessem e dissessem que não havia resistido ao acidente. Foi assim que você foi criada, escondida para que o senhor Thomaz não lhe encontrasse. Mas, já vi que ele lhe encontrou, assim que soube que você se tornou uma grande juíza, e seu nome apareceu na mídia, tinha esperança de ele ter se esquecido de você, mas me enganei. O que ele quer que você faça comigo? – pergunta Fernando.

- Não vou lhe esconder nada, pois minha vida e a da Priscilla, está nas mãos dele, pois já sofri vários atentados, e Priscilla sempre me salva. Ele quer justiça, ou acabará com minha vida, assim como fez com meus pais. Thomaz quer que você pague pelo que aconteceu com sua mulher e filho, pra ele a justiça não foi feita, você tem que pagar. Mas agora sabendo de toda a história, não posso dizer que a justiça não tenha sido feita, pois você perdeu seus movimentos e parte da outra perna, ainda perdeu seu filho. De alguma forma pagou pelo seu erro, através da justiça divina. – fala Natalie emocionada.

- Pequena, vamos tentar marcar um encontro com o Thomaz e conversarmos frente a frente com ele. Nós vamos dar um jeito nisso. Não vou deixar nada de mal te acontecer. – fala Priscilla a acariciando na face.

- Natalie, se necessário for, eu estarei presente no encontro, falarei com ele, devo isso aos seus pais e a você. Me deixe tentar. – pede o Fernando com o apoio de sua esposa.

- Vamos tentar ver o que podemos fazer, ai entramos em contato. Ele não é uma pessoa fácil. – diz Natalie.

- Assim que ele entrar em contato, tentaremos marcar um encontro. Vamos ver o que ele dirá. Até lá, agradecemos por ter nos recebido. – diz Priscilla se despedindo.

Natalie se despede logo em seguida também, e elas partem de volta para o hotel. Seguem em silêncio, pois Natalie está fechada em seus pensamentos, e Priscilla a respeita. Logo pegaram sua coisas e voltaram para o Rio de Janeiro, para a casa delas. Natalie continuava com um semblante indecifrável, distante e quieta.

Natiese - Na trilha da justiça - por Maria Cristina VivancoOnde histórias criam vida. Descubra agora