Maximiliano

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Dia três de Janeiro, o que significa que em poucos minutos o recolhimento dos novos alunos ou até mesmo os transferidos de outros países acontecerá. Maximiliano tinha como tarefa se apresentar em frente a tropa do fogo, já que era o mais forte e compenetrado com o Asas do Submundo. Sua principal missão ali era treinar e conseguir controlar o máximo que podia seu poder de Sangue do Dragão — o que convenhamos não é nada fácil.

Todo o Instituto é dividido por poder, desde aqueles que controlam o fogo à os que controlam a linha do tempo. Sua tropa é umas das menores, mas não descarta o fato que é a mais comprometida com os trabalhos. Nunca falharia em sua missão como líder, sempre seria bem exigente, correndo atrás da perfeição de seus homens — mesmo sabendo que a perfeição não existe.

Era exatas cinco da manhã quando decidiu levantar-se e preparar-se para a acolhida dos novos. Sua vontade de exercer sua presença naquela "celebração" era quase nula, só não totalmente pois queria continuar mantendo o suado título de bom soldado. Essa cerimônia de recolhimento se consiste em todos os clãs se juntaram com o seu líder — posto este que era designado apenas para os mais fortes ou com melhor desempenho —, cada comandante se apresentava e soltava algum tipo de discurso fajuto e repetitivo; simplesmente não suportava mais isso todos os anos.

Seu amiudado uniforme de todos os dias já quase fazia parte de sua pele, as misturas da cor preta e vermelho pareciam correr por dentro de suas veias, ousava dizer que era enjoativo. A calça de couro repleta de armamentos era quase uma tatuagem, as ombreiras prepotentes esbanjavam a cor límpida do vermelho, as botas engraxadas pelo mais cuidadoso sapateiro eram quase como uma marca em seu esguio corpo. Certamente uma armadura que nunca sairá de sua alma.

As ondulações naturais de seus cabelos passavam de ombro e acariciavam pouco acima sua cintura, a lateral esquerda era habilidosamente trançada bem em sua raiz, fazendo assim uma mescla do branco de sua pele e o ruivo sombrio de seu cabelo, a franja comprida tampava parcialmente seus olhos intensos e admiráveis; o verde sempre foi o mais próximo do colorido que conseguia, afinal.

As costas de seus dedos limparam uma poeira inexistente sobre a lateral de sua farda preta. Mais uma conferida aqui e ali e já se sentia pronto para sair do seu requintado quarto de cores escuras. Assim que suas mãos cuidadosas fecharam a porta, seus olhos verdes capturaram um movimento da mesma cor, talvez mais viva e feliz.

— David, aqui pela manhã? — questionou antes de fechar a porta de seus aposentos.

David era seu amigo ali naquela fortaleza, único que suportava para falar a verdade. O jeitinho animado e matraca de seu amigo não o incomodava — não como nas outras pessoas —, talvez o modo como ele é leigo, mas sabe defender aquilo que quer, tenha conquistado a confiança do flamejante.

— Sabe que gosto de o acompanhar pelos corredores deste lugar gigante — sorriu, dramático como sempre — já deveria estar acostumado Max.

— Certamente — respondeu simples já pegando o rumo do pátio.

Os passos eram tão certeiros e determinados que poderiam ser confundidos com um desfile — ou até mesmo um passo de dança. Os trajes dessemelhantes chamavam a atenção, era um flamejante andando lado a lado com um floricultor. Porém, há de dizer que ambos eram magníficos, Max contém o porte que não cansa de esbandalhar com a beleza de muitos homens naquela gigante fortaleza, David tem sua beleza natural, digna de uma flor de lótus, os fios encaracolados no tom loiro à de espantar muitos, assim como seus olhos escuros e doces como o aroma de uma Peônia. Ambos com uma beleza ilustre e dissociada.

— Acha que dessa vez podemos conhecer alguém com um dom único? — o floricultor perguntou com um sorriso fulgente.

— Talvez — respondeu simples — prefiro acreditar que haverá mais pessoas competentes do que com dons peculiares.

ØRIGINAISOnde histórias criam vida. Descubra agora