— Dante! — Capitão Nicolás chamou seu nome de forma animalesca.
— Capitão — já o Dante o cumprimentou de forma normal.
Nicolás é Capitão da tropa marítima, ele o havia recrutado para três expedições para ilhas aparentemente desertas. O Capitão mostrava evidente alegria ao ter Dante como seu soldado, gostava muito dele, quase como um filho. Quando o menino era pequeno, Nicolás começou a lhe ensinar a lutar e usar seus poderes, o menino era astuto e concentrado, um exemplo para os outros, consequentemente também era o favorito.
— Esperei muito por sua chegada, pensei que havia desistido — com a mão em seu ombro o Capitão começou a guiá-lo para dentro da grande mansão escura.
Após passarem pela barreira de proteção, o que era antigo e sujo, se tornou uma sede toda tecnológica e agitada pelos guardiões que trabalhavam por entre os corredores de máquinas e armas. Nicolás ao seu lado tinha uma áurea alegre e dificilmente quebrável, era a indicação de que ele se encontrava entusiasmado com algo. Dante respirou fundo ao ver que Nicolás iria mesmo o apresentar para todos como sempre fazia. Nunca iria se acostumar com isso.
— Onde estão os líderes? — bateu palma chamando a atenção de todos — Quero apresentar meu melhor soldado a eles.
Dante tentou sorrir, mas achou que se fizesse as pessoas poderiam pensar que ele era cheio de egocentrismo. Levou sua mão até o telum por costume e nervoso. Algumas pessoas começaram a se aproximar em posição firme e olhar centrado. Notavelmente os líderes.
— Onde está o Max? — perguntou olhando entre as pessoas.
— Max está com seus aprendizes — uma mulher de cabelo albino disse com a voz forte, talvez um pouco entediada.
— Alguém pode chamá-lo — todos ficaram em silêncio com a fala de Nicolás.
Passou alguns segundos e logo a porta grande de madeira abriu fortemente dando espaço para um rapaz de pele pálida e cabelo ruivo, sua expressão era firme em raiva, assim como seus passos pesados. Dante levantou sua sobrancelha analisando o desconhecido.
— Quantas vezes terei que repetir que odeio quando faz isso, Thomas? — ele chegou perto de um menino que sorria nervoso — Por que não me chamou pessoalmente? Isso dá dor de cabeça.
— Max, quanto tempo — disse Nicolás.
O ruivo desconhecido olhou para Dante depois para Nicolás.
— Capitão — completou com um aceno breve.
— Agora com vocês todos aqui eu posso finalmente apresentar Dante, meu soldado brasileiro — disse animado.
Dante sentia vontade de desmaiar por vergonha de ter que passar por aquilo novamente sem poder contestar. Todos os líderes estavam o encarando como se soubessem de todos os seus pecados, sentia-se um intruso. Estranhamente aquela situação lhe lembrava os primeiros momentos em que foi para expedições junto com Nicolás, o velho Capitão sempre o escalava para ir junto a ele para qualquer missão, admirava o fato dele sempre querer lhe encher de experiência, passando até a arriscar a integridade do grupo ao colocar alguém inexperiente como Dante na época.
— Capitão... — tentou erroneamente se livrar do constrangimento, mas Nicolás apenas levantou a mão pedindo silêncio.
— Dante é um soldado especializado em missões, trabalhará com vocês até ser transferido novamente — disse Nicolás — Trate ele bem, foi meu aprendiz favorito.
O peso do olhar das pessoas fazia Dante lutar para não se encolher intimidado, se estivesse em frente a um exército pronto para matar pessoas de um país seria bem mais tranquilo do que se apresentar em frente aqueles líderes. Dante colocou a mão dentro do bolso de sua jeans preta, balançou seu corpo de frente para trás em puro nervoso, o silêncio era mais que constrangedor. Dante poderia muito bem passar mal de vergonha.
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ØRIGINAIS
FantasySubmundanos criados para matar anjos, seres que não são o que todos pensam. Cada um tem seu poder, cada um tem sua missão, cada um por si. Onde não há espaço para paz, pode haver um espaço para o amor. Amor de um líder para um soldado. Aparência de...