Dante

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O pessoal do Instituto parecia estranho, estavam o encarando com malícia e espectativa, como se soubessem de algo que ele não soubesse. Dante achou estranho, tentou até conversar para ver se descobria alguma coisa, mas nada recebeu. Dante deixou para lá, pensando ser uma impressão, mas o que recebeu foi uma desconfiança ainda maior. Estava trabalhando na floresta, averiguando a área e anotando os pontos de melhor visibilidade, onde poderiam ser encontrados realizando exercícios, o que não era bom.

Fazendo isso, Dante encontrou o rio onde levou Max assim que descobriram quem havia armado contra ele. Ficou ali durante longos minutos, apreciando a paisagem e lembrando das brincadeiras inocentes que fizeram ali dentro. Sorriu com cada lembrança, sentindo vontade de se comunicar com Max como na noite anterior.

Entretanto, a consciência era um empecilho que não deixava Dante pegar o celular e mandar uma mensagem.

O que lhe restou foi voltar para o Instituto e ficar trabalhando até esquecer de tudo o que fez de errado. Dante cumprimentou todos formalmente enquanto passava pelo corredor, encontrou Jonny e perguntou sobre a relação dele com o David, já que estava ajudando o braço direito a retomar o relacionamento de oito anos.

Dante sabia a verdade, já até tentou contá-la ao David, mas ele não queria acreditar. Jonny, na verdade, havia sido atacado por uma mulher que fugia do ex-namorado, inclusive levou um soco do homem abusivo quando ele viu que Jonny estava com a ex-namorada dele. Jonny nem reagiu, estava chocado demais para tentar ir contra o que acontecia. E tudo piorou quando David surgiu fazendo um escândalo enorme e declarando término.

Dante nunca tinha visto alguém chorar e xingar tanto como naquele momento, pois o Jonny ficou assim. Dante resolveu ajudar o padrinho de sua sobrinha, dando conselhos do que agradava o David.

— Todas as coisas que o Max odeia, dê ao David, pois ele é totalmente o contrário.

Era assim que as coisas estavam seguindo.

Agora estava ele prestes a entrar na sala onde trabalhava, indo procurar no mapa as áreas que havia marcado para serem proibidas. Iria colocar o rio só por valor sentimental, mas daria a desculpa de que mais pessoas poderiam o conhecer.

Dante girou a maçaneta e entrou, suspirando pela vontade de se sentar e diminuir as dores nas pernas de tanto tempo em pé. Dante olhou para tudo respirando calmamente para relaxar, mas estagnou assim que viu uma cabeleira ruiva sentada na cadeira de visita do escritório.

— Adorei a nova decoração — a voz inconfundivelmente linda falou.

— Obrigado. Quer dizer, quem é você?— Dante pegou uma arma por precaução.

— Eu me sinto triste ao saber que você não se lembra mais de mim, Dante — ele se levantou e se virou para o Capitão — Eu voltei, e espero não ter feito muita falta.

— Max? — Dante fechou a porta com pressa, como se estivesse se escondendo — É você mesmo?

— E por que não seria?

Dante revirou os olhos.

— Demônios metamorfos, um monte já se camuflou de você para me enganar. As pessoas sabem que você está aqui?

— Todos sabem.

Mas é claro, por isso estavam estranhos; com esse pensamento, Dante pode garantir que aquele era mesmo o Max, abaixando a guarda e se aproximando. Largou todas as coisas, o chapéu, a prancheta, a caneta, tudo isso para poder tocar Max sem nada incomodando. O ex-guardião foi receptivo ao se aproximar completamente do Dante, levantando a cabeça para olhá-lo nos olhos com toda a sinceridade existente naquele momento.

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