Maximiliano

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Max não reconhecia aquele lugar. Era muito branco, não lembrava de viver em um lugar branco. Será que tinha dormido na mansão do William de novo? O corpo estava cansado, pesado, mas nem um pouco dolorido, apenas lento e estufado por algum motivo.

Demorou para conseguir se levantar, já que estava com tontura, mas assim que o fez, seus olhos vagaram pelo quarto todo, não o reconhecendo. Os olhos de Max colidiram com o espelho do guarda-roupa, o que com certeza levantou uma onda de espanto pelo corpo dele.

O que era aquele cabelo? O que era aquele corpo maduro?

— Meu Deus... — Max sussurrou e se levantou, indo até o espelho e tocando o próprio corpo, o rosto e o cabelo, assustado com o que via.

Max olhou envolta de novo e correu por todos os lados atrás de um documento. Achou a identidade dentro do bolso da calça, vendo que já tinha trinta e dois anos. O pavor tomou conta de Max no mesmo momento. Ele achou um passaporte e olhou onde estava morando.

— Los Angeles? Eu estava na França ainda ontem!

Tremendo, Max sentou-se na cama e colocou a mão na cabeça, mais tonto ainda.

— Eu estou de ressaca, mas nem tenho idade para beber. Ou eu tenho.

Max olhou melhor onde estava e se levantou novamente, andando para fora do quarto. Chegou na sala, olhando a enorme janela que mostrava o movimento da cidade. Havia uma cozinha americana e uma geladeira cheia de comida, além de uma louça para lavar composta apenas por um copo de suco.

Quoi? — Max perguntou em francês.

Observou que em seu pulso havia uma chucha, percebendo que já estava familiarizado com o cabelo comprido. Passou a mão pelo rosto como se para acostumar com a visão conturbada e caminhou para a sala, ligando a televisão e assistindo o que passava no jornal.

— Jornal americano... Eu sei falar em inglês?

Max franziu o cenho por conta da dor e resolveu ir até alguma farmácia para comprar um comprimido contra o desconforto. Foi até o quarto e colocou uma calça preta, achando estranho seu guarda-roupa estar lotado de roupas escuras.

Usava mais cores neutras como nude, marrom e branco.

Não se importou muito com isso, apenas colocou a roupa e pegou a carteira, saindo de casa apressadamente. As ruas Max não conhecia, apenas sabia que era muito estilo americano, não conhecia as pessoas, mas sabia que entendia muito bem o que elas estavam falando.

— Com licença, a senhora pode me dizer onde tem uma farmácia próxima? — Max questionou a uma senhora que passeava com um cachorro.

— Vira ali na primeira esquina, há uma farmácia com um preço ótimo — a senhora indicou — Eu adorei o seu sotaque, você é francês?

— Sim... — Max se forçou a sorrir.

— Que chique. Eu moro naquele apertamento — ela apontou — Me chamo Sônia.

— Valentim. Prazer em conhecê-la.

Depois eles se despediram e Max seguiu para onde a senhora havia indicado. Havia realmente uma boa farmácia, coisa que deixou Max mais tranquilo por ser perto e ele lembrar como voltar para onde estava. Nem sabia se poderia chamar aquele lugar de casa.

Max entrou no lugar e foi diretamente procurar um remédio. Havia poucas pessoas, mas as que tinha olharam para ele com admiração, outras com estranheza e uma pouca parcela com indiferença. Max não ligou para isso.

Pegou um rémedio e um chá, depois foi para o caixa e esperou para ser atendido.

Bonjour... — Max falou baixo — O senhor sabe onde há uma conveniência aqui perto? — Max perguntou ao moço que não tirava os olhos de seu rosto, como se estivesse vendo alguma coisa fantástica.

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