Dante

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¤ O Comedor de Almas.

O peso sobre seus largos ombros tirava toda sua vontade de sair da cama, era de se imaginar que teria sequelas incomodas por dormir de mau jeito sobre o colchão. Dante estava terrivelmente embaralhado quando acordou, seu cabelo parecia sentir raiva e sua cabeça estava pesada e lenta para assimilar que já era um novo dia. Dante fazia tudo lentamente até seu corpo acordar por inteiro.

O banho frio foi suficiente para ele despertar e começar novamente longas suas horas como um guardião da paz. O café da manhã para ele foi rápido e pouco proveitoso, não queria ficar muito tempo sozinho naquele lugar cheio de gente. Dante resolveu fazer aquilo que parou por muito tempo desde que foi em missão para a ilha Madagáscar. Iria ver seu terque.

Dante caminhou até a arena e rapidamente se aliviou ao ver que estava vazia. Ele mentiria caso dissesse que não estava nervoso, Animo é um dos terques mais imprevisível que Dante já ouviu falar; seu terque. A essência de seu poder nascia dele e florescia até seu limite, rompendo barreiras sobrenaturais e enfim, partindo com seu corpo de dentro para fora.

Por isso prezam tanto pela ordem.

Dante descartou sua camiseta branca e tentou ao máximo se acalmar enquanto sentia o comum formigamento em sua pele em consequência de seu poder esvaindo por seus poros. Dante fechou os olhos e sentiu a forte presença do laço que ele tinha com seu terque se formar com mais potência por agora estarem separados.

Ele sentia sua presença.

Dante olhou para o enorme leão a sua frente e acabou ficando longos segundos sem saber o que fazer, apenas encarando o animal de juba avantajada. O terque abaixou a cabeça recebendo um carinho casto de Dante, era um toque que aos poucos o soldado se acostumava novamente. O leão de pelo brilhante tinha um porte corpulento, grande como Dante, um olhar forte como se vivesse em constante ameaça, seus músculos contraiam a cada movimento, reforçando sua prepotência volumosa. Um soldado como seu receptáculo.

— Quanto tempo, não? — disse Dante — Você continua o mesmo.

Dante riu vendo o leão se deitar ainda com o pescoço levantado, um perfeito rei em cada ato e decisão; Dante admirava aquele que fazia seu poder prosperar. O felino de olhos de águia estava saudável como Dante bem imaginou, ainda era o mesmo que ele cuidou e criou uma profunda amizade. O Animo olhava tudo com desconfiança, suspeitando até mesmo do vento que tocava seus pelos, um terque com muitas qualidades.

— Você já percebeu que não estamos em casa? — perguntou Dante mesmo tendo a consciência de sua falta de resposta — Estamos em Los Angeles, terra de Hollywood, acredita?

Dante se afastou indo até a mesa baixa que havia ao canto. Dante deixou sua camiseta sobre ela e se sentou ao seu lado, contemplando a beleza de seu terque. Seus quatro metros pareciam construído perfeitamente para deslumbrar qualquer pessoa, Dante ainda não estava imune aos encantos que Animo passava com sua imagem. Com seus um metro e oitenta e cinco de altura, Dante se sentia minúsculo perto da soberania de Animo, um leão criado para reinar.

— Seu terque? — uma voz já conhecida se fez presente.

David entrava na arena como um lustre, cabelos brilhando como um farol pela claridade potente do dia. Seu uniforme verde escuro ressaltando sempre o seu dom de floricultor e sua animação sempre representando sua pouca idade. Ele parecia, literalmente, um menino de ouro.

— É sim, Animo, te apresento a David - usou um tom animado para falar — David, este é Animo, meu brilhante terque.

— Ele é incrivelmente lindo — disse David — Você é um Encantador, então o que o seu terque faz?

ØRIGINAISOnde histórias criam vida. Descubra agora