Dante

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¤ Morte Artística.

Uma semana depois...

O problema de resolver o novo capitão era, com toda a certeza, ter que lembrar a todo momento que Nicolás não estava mais entre eles. Tinha que olhar cada candidato para escolher o melhor adaptado para lidar com o Instituto, cada nome, cada documento, cada foto, tudo lhe fazendo recordar que não existia mais um Nicolás em sua vida, que não havia mais um Nicolás que lhe ensina e o ajuda a entender tudo sobre suas atividades como futuro capitão.

Era cansativo e triste.

Agradecia aos comandantes o fato de poder estar escolhendo quem ocuparia o lugar de Nicolás, era uma prova de que Dante ainda seria um recomendado para capitão, além de mostrar que seus sentimentos importavam, que não seria qualquer pessoa a substituir o antigo capitão, o pai do Dante.

Quem mais estava lhe ajudando a superar todos os acontecimentos, com toda a certeza era Max e Tiana. Sua sobrinha estava triste, claro, mas sempre animada com tudo, sorrindo e fazendo Dante se divertir também, esquecendo por minutos que Nicolás não estaria mais na salinha dele, trabalhando e cumprindo a sua missão de capitão. Max estava sempre ao lado dele, sempre perguntando se estava bem, sorrindo para ele e lhe distribuindo beijos que lhe serviam como curativo para as magoas e sofrimentos.

Bem mais aberto a ele. Isso lhe deixava feliz e tranquilo.

Sem contar com os momentos brincalhões, quando Max deixava de ser o líder, para ser o namorado e amigo de Dante, sorrindo e lhe tocando sem qualquer problema ou receio, sendo até malicioso às vezes. Dante sentia-se completo quando estava com Max, ousava dizer que sua tristeza sumia ao lado dele, como se Max a absorvesse e a transformasse em um completo êxtase, tornando-o um enorme homem bobo e apaixonado.

Céus! Dante realmente estava apaixonado!

— Por que está olhando assim para mim? — Max perguntou baixo, penteando o cabelo em frente ao espelho.

— Eu estou apaixonado por você — Dante falou com calma, como se estivasse falado enquanto dormia.

Max virou-se para ele devagar, olhando-o com a expressão pasma. Dante apenas sorriu levemente, deixando Max ainda mais surpreso. Dante observou com carinho quando Max corou e começou a piscar rapidamente, como se estivesse absorvendo a situação em que estava.

Talvez fosse uma revelação muito chocante para Max, saber que alguém estava apaixonado por ele daquela forma, olhando para ele como uma criança olha encantada para bolhas de sabão, lhe apreciando como um poeta observa uma paisagem para transformá-la em uma linda estrofe.

Dava para perceber que era novo para ele.

— Você está apaixonado por mim? Por quê? — Max indagou um pouco eufórico.

— Não sei, talvez pela sua personalidade, beleza, postura, inteligência, também pode ser por...

— Não! Espera, isso é estranho, para de falar assim. Parece que eu sou perfeito pela forma que você fala, isso é esquisito.

— Mas você é perfeito — Dante comentou com um sorriso bobo — Perfeito de verdade.

— Para com isso! — Max escondeu o rosto corado com uma expressão embirrada, Dante o achou adorável por isso — Nem é tanta coisa.

Dante riu baixo, levantando-se e ficando atrás de Max, vendo-o extremamente vermelho em frente ao espelho. Esse era o Max normal, não o Max frio do Instituto, o mais adorável que Dante conhecia.

Com toda a delicadeza do mundo, Dante passou o cabelo de Max para o lado, deixando toda a extensão dos fios sobre o ombro dele, liberando a nuca pálida, assim como o pescoço com pequenos e quase invisíveis desenhos de veias, tão transparentes que Dante quase não conseguia enxergar se não estivesse tão perto. A pele macia e quentinha como a barriga de um filhote, com um perfume masculino que Max usava, um cheiro que deixava Dante viciado.

ØRIGINAISOnde histórias criam vida. Descubra agora