Dante

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¤ Anjo da Balada Gay.

O dia começou normal como todos os outros. Dante acordou, tomou o banho, escovou os dentes e escolheu a sua vestimenta. Um coturno, uma calça preta rasgada nos joelhos, uma camisa vinho e sua fiel jaqueta de couro, nada muito diferente do usual.

Sua mente ainda tinha ecos de lembrança da noite passada, onde Max se encolheu em seu peito enquanto ria de uma morte consideravelmente boba. Foi algo que durou mais de dez segundos, o que foi o suficiente para Dante sentir melhor o perfume de Max e a maciez de seu cabelo úmido.

Depois disso Dante não conseguiu mais controlar os batimentos de seu coração, todas as vezes que pensava na cena, seu corpo pulsava mais forte e um sorriso sempre aparecia em seu rosto, era espontâneo e Dante não conseguia controlar suas próprias reações, era o mesmo que escutar sua música favorita e não mover ao menos um músculo. Impossível.

Dante colocou seu Dogtag militar e logo após ouviu batidas leves na porta. Dante caminhou até a entrada e abriu, olhando para a sua sobrinha que esperava no lado de fora. Ela estava uma graça com o vestido azul e sapatilhas brancas, assim como a tiara. A menina pediu permissão para entrar no quarto e Dante abriu espaço para ela, deixando-a entrar como um princesa, toda contente.

Dante sorriu levemente e foi até o seu guarda-roupa, abrindo a porta do meio. Ele pegou o seu perfume usual e viu que sua sobrinha estava sentada na cama, seus pés não tocavam o chão, mas balançavam ansiosos. Ela encarava Dante com os olhos grandes, parecia curiosa com alguma coisa. Dante apertou a cabeça do perfume para esborrifar a colônia em seu pescoço, depois perguntou para Tiana o que tanto estava a deixando curiosa.

— O que foi, Tiana? Você me parece ansiosa.

A menina sorriu tímida e brincou com a pulseira dourada que havia no seu pulso direito, ela estava com vergonha de perguntar, mas mesmo hesitante o fez.

— O senhor gosta do tio Max, não é?

Dante tinha que admitir que foi pego de surpresa, não esperava que ela fosse prestar atenção em algo como isso. Será que tinha alguma coisa em suas atitudes que entregava o que pensava? Se sim, precisava consertar isso.

— Por quê? Parece que eu gosto dele? — Dante indagou tentando soar natural, sem desespero ou algo do tipo.

— Um pouco... — ela sorriu levemente — O senhor olha para ele de um jeito diferente.

— Diferente? Diferente como?

A menina apontou para o próprio olho.

— Essa parte preta fica gigante.

— Minha pupila?

— Acho que deve ser isso.

Dante sorriu sem graça e se sentou ao lado de sua sobrinha, era um homem enorme ao lado dela, o que a fazia mais afável e adorável.

Dante devia admitir que era estranho conversar sobre sentimentos com uma criança de seis anos, mas sabia que ela iria entender se falasse de modo simplificado e sem muitas palavras complicadas.

— Não é que eu goste do Max — Dante começou achando estranho o fato de quase soar como uma mentira — Eu gosto da presença dele, de conversar com ele, ficar perto, cuidar, compartilhar experiência. Isso é normal, sim?

— Isso foi quase a mesma coisa do que falar que gosta dele, — Tiana falou com a voz enfastiada, estava ficando aborrecida com a teimosia do próprio tio, era só ele que ainda acreditava piamente que não sentia nada mais do que apenas amizade — só que com palavras diferentes.

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